Será que os profetas previram a vinda de
Jesus (Yeshuá)?
“Vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só
mentira, uma só teoria falsa. (...)”. Erasto
Introdução
Faremos uma análise de várias passagens bíblicas que são
citadas como profecias a respeito de Jesus (Yeshuá), o
Messias, que seria o enviado de Deus com a missão de
libertar os judeus do domínio estrangeiro, povo esse que teria
supremacia em relação aos demais povos.
Primeiramente, cumpre-nos ressaltar que, por mais paradoxal
que seja, cada uma das correntes religiosas tira da Bíblia, cuja
origem aceitam ser uma só, ou seja, de D-us, aquilo que
melhor lhe convém, principalmente, o que lhe parece justificar
seus dogmas.
Veja, caro leitor, a questão das profecias a respeito de
Jesus(Yeshuá), no Novo Testamento. Nós as encontramos em
número de trinta. Navegando pela Internet, visitamos um Site
católico[1] que nos apresenta uma lista de sessenta,
enquanto que um protestante[2] nos mostra apenas quinze.
Se num ponto tão importante como esse não se entendem,
imaginem quanto ao resto. E não custa lembrar que até nos
livros que compõem a Bíblia, as correntes religiosas cristãs
divergem, já que a dos católicos possui setenta e três livros,
enquanto que a dos protestantes contém sessenta e seis. Se
afirmam que sua origem é de total inspiração divina, como
pode esta mensagem, provinda de uma mesma fonte, causar
tantos desentendimentos e divergências entre as pessoas,
quando, na verdade, deveria ser justamente o contrário, ou
seja, deveria uni-las?
Uma coisa que nos chamou a atenção é o fato de que o povo,
a quem todas estas profecias foram dirigidas, não aceita Jesus
(Yeshuá) como sendo o Messias. Isso só é admitido pelas
correntes religiosas, as quais se convencionou chamar de
cristãs. Registramos que, num rápido lance de olhar,
percebemos que, ao que tudo indica, houve uma preocupação
de colocar, de todas as formas, Jesus(Yeshuá) como sendo o
Messias esperado.
Não sabemos como encontraram tantas profecias, inclusive,
diga-se de passagem, que muitas não são propriamente o que
se pode chamar de profecia, já que são passagens
relacionadas a fatos corriqueiros do dia-a-dia, não sendo,
portanto, uma previsão para um acontecimento futuro.
Acreditamos que, no desenrolar desse estudo, iremos
ressaltar algumas delas, a fim de que, você leitor, possa ter
elementos suficientes para tirar suas próprias conclusões.
Profecias constantes do Novo Testamento
Analisaremos, primeiramente, àquelas que, por coerência,
deveriam ser consideradas como profecias, já que constam
dos textos do Novo Testamento. E aqui poderíamos dizer, para
os que aceitam a Bíblia como a “palavra de D-us”, que
somente elas é que deveriam ser consideradas
verdadeiramente como profecias. Tomaremos essas como
base para nosso estudo que, conforme já falamos, são em
número de trinta, ou seja, o dobro das que os protestantes
consideram e apenas a metade das citadas pelos católicos.
Para a identificação das profecias usamos a Bíblia Sagrada –
Editora Ave Maria e para a transcrição dos textos a Bíblia
Sagrada, Edição Pastoral – Paulus Editora.
Mateus 1, 22-23: Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o
Senhor havia dito pelo profeta: “Vejam:
A virgem
conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado
Emanuel, que quer dizer: D-us está conosco”.
Profecia: Isaías 7, 14:
Pois saibam que Adonai lhes dará
um sinal: A jovem concebeu e dará à luz um filho, e o
chamará pelo nome de Emanuel.
Na análise dessa passagem, iremos perceber que ela não diz
respeito a Jesus(Yeshuá). Mas, antes, para uma melhor
compreensão e para que não paire dúvida alguma, temos que
realçar o início desse versículo, já que ele é quase sempre
subtraído: Pois saibam que Adonailhes dará um sinal. Ora,
devemos concluir disso que D-us daria um sinal a alguém,
mas quem e por quê? Para saber as respostas, vamos recorrer
às informações constantes da Bíblia[3], em nota de rodapé,
sobre esse episódio. Diz lá:
O reino do Norte (Efraim), cujo rei era Facéia, se aliou a
Rason, rei de Aram, numa tentativa de se libertar do perigo
Assírio. Como o reino do Sul (Judá) não participou da coalizão
entre o reino do Norte e Aram, estes dois temeram que Judá
se tornasse aliado da Assíria; resolveram então atacar o reino
do Sul, para destronar o rei Acaz e colocar no seu lugar o filho
de Tabeel, rei de Tiro. Acaz teme o cerco e verifica a reserva
de água da cidade. Isaías vai ao seu encontro e o tranqüiliza,
mostrando que não haverá perigo, pois continua válida a
promessa de que a dinastia de Davi será perene, desde que
se coloque total confiança em Javé. O sinal prometido a Acaz
é o seu próprio filho, do qual a rainha (a jovem) está grávida.
Esse menino que está para nascer é o sinal de que D-us
permanece no meio do seu povo (Emanuel = D-us conosco).
Assim, pelo contexto bíblico e confirmado por essa nota,
podemos observar que D-us promete um sinal ao rei Acaz e
esse sinal é justamente o filho do rei que está por nascer. Fora
disso é distorcer a interpretação do texto. Além de que o fato
é próximo e não uma previsão para um acontecimento num
futuro longínquo, já que querem atribuir essa profecia a Jesus
(Yeshuá). E mais, o nome Jesus(Yeshuá) significa “D-us é
salvação”, diferente de Emanuel que, conforme o Dicionário
Bíblico Universal, quer dizer “D-us está conosco”, que é o
nome previsto na profecia, fato que o fanatismo cego não
deixa muitos perceberem.
E continuando. Na explicação do verbete Emanuel[4],
lemos:
“É o nome dado por Isaías a uma futura criança cujo
nascimento será, para o rei Acaz, o “sinal” da assistência
divina (Is 7, 14-17). A interpretação deste oráculo deve estar
ligada ao significado do nome e ao alcance que terá na
conjuntura daquele momento. O reino de Judá é ameaçado
pelos sírios e efraimitas aliados, que querem acertar contas
com a dinastia reinante, a mesma dinastia que se beneficia
das promessas feitas a Davi. Em vez de recorrer a essas
promessas, Acaz apela para a Assíria. Isaías condena este
modo de agir e proclama: D-us está presente; ele está
“conosco””.
“Qual será a criança cujo nascimento será portador de uma
mensagem como esta? Como é ao rei, contemporâneo de
Isaías, que o sinal será dado, o nascimento anunciado deve
ocorrer proximamente. Será Ezequias – afirma-se muitas
vezes, e com boas razões. Mas esta criança é descrita numa
linguagem poético-mítica, concretamente irrealizável. O
oráculo abre portanto uma perspectiva que vai além do rei em
questão. Graças a este oráculo, os crentes, insatisfeitos com
os reis históricos, esperarão por uma personagem que
finalmente satisfará a esperança deles. Mateus e os cristãos
posteriores a ele reconhecem em Jesus(Yeshuá) aquele que
realiza plenamente o anúncio de Isaías (Mt 1, 23)”.
Vê-se, portanto, que realmente não se refere a Jesus(Yeshuá)
essa profecia, apesar disso ser bem claro na explicação. Como
não ficaram satisfeitos com Ezequias, a quem se referia esta
profecia, foram postergando para uma outra época até que,
finalmente, a encaixaram na figura de Jesus(Yeshuá).
Querem passar por cima do contexto histórico, atropelando os
acontecimentos da época, para trazer para os dias de hoje
aquilo que desejam que os outros acreditem piamente.
Mas, é muito interessante ver como os segmentos religiosos
tradicionais se divergem a respeito da interpretação das
passagens bíblicas. Veja, por exemplo, o que dizem os
protestantes a respeito dessa profecia de Isaías:
“O sinal divino para Acaz seria de que uma virgem (quando a
profecia foi dada, referia-se provavelmente à mulher, na
ocasião virgem, que Isaías tomaria como segunda esposa,
8:1-4) conceberia um filho, que não teria mais que 12 ou 14
anos antes de Israel e Síria serem capturadas pela Assíria”.[5]
Aqui o filho é de Isaías, não do rei Acaz. Por fim agem como
os outros que sempre procuram relacionar determinadas
passagens como uma profecia a respeito de Jesus(Yeshuá),
conforme podemos confirmar na seqüência dessa nota:
“A virgem da profecia de Isaías é um tipo de Virgem Maria,
que, pelo Espírito Santo, concebeu milagrosamente a Jesus
Cristo (veja Mt 1:23). A palavra hebraica aqui traduzida por
virgem é encontrada também em Gn 24, 43; Ex 2:8; Sl 68,
25; Pv 30:19; Ct 1:3; 6:8, e em todas estas passagens
significa uma jovem solteira e casta”[6].
Só que aqui, nos deparamos com um problema. É a questão
do significado da palavra hebraica almah, para qual
encontramos esta outra explicação: “O termo hebraico
“almah” designa, quer a donzela, quer uma jovem casada
recentemente, sem explicitar mais”. [7] Assim, se evidencia
que é muito difícil estudar a Bíblia usando somente um
exemplar, qualquer que seja a denominação religiosa que a
tenha editado. Devemos ler várias, para ver se conseguimos
entender os textos como eles são e não como querem.
Mateus 2, 5-6: Eles responderam: “Em Belém, na Judéia,
porque assim está escrito por meio do profeta: ‘E você,
Belém, terra de Judá, não é de modo algum a menor entre as
principais cidades de Judá, porque de você sairá um Chefe,
que vai apascentar Israel, meu povo’”.
Profecia: Miquéias 5, 1: Mas você, Belém de Éfrata, tão
pequena entre as principais cidades de Judá! É de você que
sairá para mim aquele que há de ser o chefe de Israel. A
origem dele é antiga, desde tempos remotos.
Nesta segunda profecia perceberemos que, simplesmente,
pegam parte de um texto, que, fora do seu contexto, se aplica
muito bem aos seus propósitos, mas a realidade é
completamente outra. Para elucidar essa questão, a seqüência
da passagem pegando dos versículos 2 ao 5: Pois Deus os
entrega só até que a mãe dê à luz, e o resto dos irmãos volte
aos israelitas. De pé, ele governará com a própria força de
Adonai, com a majestade e o nome de Adonai, seu D-us. E
habitarão tranqüilos, pois ele estenderá o seu poder até as
extremidades da terra. Ele próprio será a paz. Se a Assíria
invadir o nosso território e quiser pisar o interior de nossos
palácios, poremos em luta contra eles sete pastores e oito
comandantes. Eles vão governar a Assíria com espada, a terra
de Ninrod com punhal. Ele nos livrará da Assíria, se invadirem
o nosso território, se atravessarem nossas fronteiras.
A pessoa de quem se está falando é a que livrará o povo
hebreu da Assíria. Nas pesquisas que fizemos, não
conseguimos estabelecer com precisão quem era. O mais
provável é que seja Ezequias, filho do rei Acaz, Rei de Judá
(721-693 a.C.), já que a profecia anterior, conforme pudemos
constatar, se refere a ele.
A Revista Superinteressante traz um artigo esclarecedor
intitulado “A verdadeira história de Jesus(Yeshuá)”, do qual
ressaltamos: “(...) E o segundo problema, ainda mais grave, é
que provavelmente Jesus(Yeshuá) não nasceu em Belém. “Há
quase um consenso entre os historiadores de que Jesus
nasceu em Nazaré”, diz o padre Jaldemir Vitório, do Centro de
Estudos Superiores da Companhia de Jesus(Yeshuá), em Belo
Horizonte. Então por que o evangelho de Mateus diz que o
nascimento foi em Belém? Vitório explica que o texto segue o
gênero literário conhecido por midrash. Basicamente, o
midrash é uma forma de contar a história da vida de alguém
usando como pano de fundo a biografia de outras
personalidades históricas. No caso de Jesus(Yeshuá), ele
explica, a referência a Belém é feita para associá-lo ao rei
Davi do Antigo Testamento – que, segundo a tradição, teria
nascido lá”. [8]
Não há como contestar os dados da história, não é
mesmo?
Mateus 2, 14-15: José levantou-se de noite, pegou o menino
e a mãe dele, e partiu para o Egito. Aí ficou até a morte de
Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito por meio
do profeta: “Do Egito chamei o meu filho”.
Profecia: Oséias 11, 1: Quando Israel era menino, eu o amei.
Do Egito chamei o meu filho; e no entanto, quanto mais eu
chamava, mais eles se afastavam de mim: ofereciam
sacrifícios aos balaains, queimavam incenso aos ídolos.
A explicação é que “Oséias compara a relação entre D-us e
Israel como a relação que existe entre pai e filho” [9]. (grifo
nosso). Veja como a passagem deixa isso bem claro. Trata-se,
portanto da libertação do povo judeu (chamado de Israel),
quando D-us, através do profeta Moisés, tira esse povo da
subjugação dos egípcios. E para confirmar isso, vejamos, em
seqüência, os versículos 2 e 3: “e no entanto, quanto mais eu
chamava, mais eles se afastavam de mim: ofereciam
sacrifícios aos balaains, queimavam incenso aos ídolos. E não
há dúvida, fui eu que ensinei Efraim a andar, segurando-o
pela mão. Mas eles não perceberam que era eu quem cuidava
deles. Eu os atraí com laços de bondade, com cordas de amor.
Fazia com eles como quem levanta até seu rosto uma criança;
para dar-lhes de comer, eu me abaixava até eles. Voltarão
para a terra do Egito, a Assíria será o seu rei, porque não
quiseram converter-se. A espada devastará suas cidades,
exterminará seus filhos e demolirá suas fortalezas. O meu
povo é difícil de se converter: é chamado a olhar para o alto,
mas ninguém levanta os olhos. Como poderia eu abandoná-lo,
Efraim? Como haveria de entregar você a outros, Israel? Será
que eu poderia tratá-lo como a Adama? Eu poderia tratá-lo
como a Seboim? O meu coração salta no meu peito, as
minhas entranhas se comovem dentro de mim. Não me
deixarei levar pelo ardor da minha ira, não vou destruir
Efraim. Eu sou D-us, e não um homem. Eu sou o Santo no
meio de você, e não um inimigo devastador. Eles seguirão a
Javé. E Javé rugirá como um leão. E quando ele rugir; eles
virão voando como pássaros; como pombos, eles virão do
país da Assíria. Então eu os farei morar nas suas próprias
casas – oráculo de Javé”.
Na narrativa, que acabamos de colocar, a fala está sendo
dirigida ao povo de Israel, não resta a menor dúvida. O que
consta do versículo 1, fora deste contexto, modifica
completamente o sentido que se deve dar à expressão “meu
filho”, mas isso parece ter sido de propósito, para se dar a
idéia de que é a respeito de Jesus(Yeshuá) que se fala, já que
esse era o objetivo que queriam atingir.
Mateus 2, 16-17: Quando Herodes percebeu que os magos o
haviam enganado, ficou furioso. Mandou matar todos os
meninos de Belém e de todo o território ao redor, de dois anos
para baixo, calculando a idade pelo que tinha averiguado dos
magos. Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta
Jeremias: “Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande
lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser
consolada, porque eles não existiam mais”.
Profecia: Jeremias 31, 15: Assim diz Adonay: Escutem!
Ouvem-se gemidos e pranto amargo em Ramá: é Raquel que
chora inconsolável por seus filhos que já não existem mais.
Pelo contexto o fato é: “Raquel, mãe de Benjamim e, por
José, avó de Efraim e Manasses, chora os homens dessas
tribos levadas para o exílio. Este trecho é citado em Mt 2, 18
por acomodação à dor das mulheres, cujos filhos Herodes
massacrara”. [10] Observar bem que na expressão “por
acomodação” já se denuncia que não é o sentido original do
texto. Trata-se aqui do exílio, na Babilônia, que o povo hebreu
está vivendo. Este era o motivo do choro de Raquel, portanto,
nada tem a ver com uma profecia a respeito da morte das
crianças no tempo de Jesus(Yeshuá).
Mateus 2, 22-23: Por isso, depois de receber aviso em sonho,
José partiu para a região da Galiléia, e foi morar numa cidade
chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi
dito pelos profetas: “Ele será chamado Nazareno”.
Profecia: Esta profecia não existe.
A que ponto chegaram: citar uma profecia que não existe,
comprovando que o fanatismo religioso é de longa data. Notase,
como já falamos anteriormente, a nítida preocupação de
citar inúmeras profecias na tentativa de identificar
Jesus(Yeshuá) como o Messias.
Mateus 4, 13-16: Deixou Nazaré, e foi morar em Cafarnaum,
que fica às margens do mar da Galiléia, nos confins de
Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta
Isaías: “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar,
região do outro lado do rio Jordão, Galiléia dos que não são
judeus! O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; e
uma luz brilhou para os que viviam na região escura da
morte”.
Profecias: Isaías 9, 1: O povo que andava nas trevas viu uma
grande luz, e uma luz brilhou para os que habitavam um país
tenebroso.
Em nota explicativa referente às passagens de Isaías 8, 23b-
9.6, encontramos: “Em 732 a.C., o rei da Assíria toma os
territórios da Galiléia e adjacências, incluindo Zabulon e
Neftali. O povo do Reino do Sul teme o avanço assírio, mas o
profeta mostra que Javé libertará os oprimidos e trará a paz.
O que leva Isaías a essa luminosa esperança é o nascimento
do Emanuel (cf. 7, 14), que é Ezequias, o filho herdeiro de
Acaz. O profeta prevê um chefe sábio, fiel a D-us, duradouro e
pacífico; ele perpetuará a dinastia de Davi, estendendo o
reinado deste até às regiões agora dominadas pela Assíria e
organizando uma sociedade fundada no direito e na justiça”.
[11] Assim, refere-se, como já deduzimos um pouco atrás, a
uma outra pessoa que não Jesus, trata-se do filho de Acaz
chamado Ezequias.
Ao citar Isaías 9, 1, não houve nenhuma preocupação em se
analisar o contexto da frase, pois fazer isso é fundamental
para o entendimento dela. Assim, vamos complementar com
os versículos de 2 a 6. Só que agora, iremos recorrer à Bíblia
Barsa, cujos versículos correspondentes são os números 3 a
7, por termos nela uma narrativa mais clara dos fatos
ocorridos àquele momento. Vamos à narrativa:
“Multiplicaste a gente, não aumentaste a alegria. Eles se
alegrarão quando tu lhes apareceres, bem como os que se
alegram no tempo da messe, bem como exultam os
vencedores com a presa que tomaram, quando repartem os
despojos. Porque tu quebraste o jugo do peso que o oprimia,
e a vara que lhe rasgava as espáduas, e o cetro do exator,
como o fizeste na jornada de Madian. Porque todo o violento
saque feito com tumulto e a vestidura manchada de sangue,
será entregue à queima, e ficará sendo o pasto do fogo.
Porquanto já UM PEQUENO se acha NASCIDO para nós, e um
filho nos foi dado a nós, e foi posto o principado sobre o seu
ombro: e o nome com que se apelide será admirável,
conselheiro, D-us forte, pai do futuro século, príncipe da paz.
O seu império se estenderá cada vez mais, e a paz não terá
fim: assentar-se-á sobre o trono de Davi, e sobre o seu reino:
para firmar e fortalecer em juízo e justiça, desde então e para
sempre. Fará isso o zelo do Senhor dos exércitos”. [12] (grifo
do original). Chamamos a sua atenção, caro leitor, para a
expressão “porquanto já um pequeno se acha nascido”, que
evidencia tudo o que já temos dito anteriormente, no que se
refere ao fato de que essa passagem não diz respeito mesmo
a Jesus, mas a uma outra pessoa.
Com relação aos títulos: “admirável conselheiro, D-us forte,
Pai do futuro século, Príncipe da Paz”, encontramos a seguinte
explicação: “Os quatro títulos aqui empregados imitam o
protocolo egípcio lido durante a coroação do novo Faraó.
Trata-se, pois, de um rei ideal que é aqui anunciado. O texto
refere-se, provavelmente, ainda ao mesmo Emanuel
prometido em Is 7, 14”. [13] Explicação que vem também
reforçar que não se trata de Jesus.
Mateus 8, 16-17: À tarde, levaram a Jesus(Yeshuá) muitas
pessoas que estavam possuídas por satã. Jesus(Yeshuá), com
a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os doentes,
para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: “Ele
tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas
doenças”.
Profecia: Isaías 53, 4: Todavia, eram as nossas doenças que
ele carregava, eram as nossas dores que ele levava em suas
costas.
Os versículos compreendidos entre Isaías 52, 13 – 53, 12, ou
seja, do versículo 13 do capítulo 52 ao versículo 12 do
capítulo 53 é explicado da seguinte forma: “apresentam o
Servo sofrendo vicariamente pelos pecados dos homens. A
interpretação judaica tradicional entende a passagem como
uma referência ao Messias, como, é claro, fizeram os
primeiros cristãos, que criam ser Jesus o referido Messias (At.
8, 35). Não foi senão no século XII que surgiu a opinião de
que o Servo aqui se refere à nação de Israel, opinião que se
tornou dominante no Judaísmo. O Servo, todavia, é distinto
do “meu povo” (53, 8), e é uma vítima inocente, algo que não
se podia dizer da nação (53, 9)”.[14] Interessante que
querem, de todas as maneiras, desvirtuar o texto para aplicálo
a Jesus(Yeshuá), quando, em verdade, se refere
especificamente à nação de Israel.
Também encontramos: Os capítulos 40-55 foram escritos por
profeta anônimo, na época do exílio na Babilônia,
apresentando uma mensagem de esperança e consolação.
Esse profeta é comumente chamado Segundo Isaías. O fim do
exílio é visto como um novo êxodo e, como no primeiro,
Adonai será o condutor e a garantia dessa nova libertação. O
povo de D-us, convertido, mas oprimido, é denominado
“Servo de Adonai”. [15] (grifos nosso). Veja que até divergem
quanto à questão da palavra “Servo”. Essa divergência se
torna ainda mais inexplicável, pois ambas as Bíblias que foram
consultadas são a “palavra de D-us”.
Já que falamos em Servo, e como este termo será utilizado
outras vezes, vamos ver nas explicações dadas sobre o Livro
de Isaías o seguinte: Merecem destaque os “Cânticos do
Servo de D-us” (42, 1-4; 49, 1-6; 50, 4-9a; 52, 13-53, 12).
Neles se descreve a vocação do Servo, sua missão de
pregador, sua função mediadora da salvação para os homens
e, especialmente, o caráter expiatório de seus sofrimentos e
de sua morte. O Servo às vezes parece ser Israel como povo,
ou enquanto elite; outras vezes um indivíduo, talvez o profeta
dos poemas, o rei Ciro, o rei Joaquim ou outro personagem
qualquer. Bom, aqui assumem não saberem exatamente a que
se refere a palavra Servo, mas apesar disso, continuam: Seja
como for, o Novo Testamento viu no Servo sofredor o tipo por
excelência dos sofrimentos e da morte redentora de Cristo.
Ora, ver “ser um tipo” não quer dizer que a profecia seja
exatamente a respeito de Jesus(Yeshuá). E mais, o Novo
Testamento não vê nada, quem viu foram alguns dos autores
do Novo Testamento ou, quem sabe, se não colocaram na
boca destes autores aquilo que lhes interessava.
Quanto a Ciro, que sabemos ter sido o rei da Pérsia, podemos
ver que, em Isaías 44, 28, ele é colocado como pastor do
rebanho de D-us, e mais especificamente em Isaías 45, 1,
está como ungido de D-us que, para melhor destaque,
grifamos:
Eis aqui o que diz o Senhor a Ciro meu cristo, a
quem tomei pela destra para lhe sujeitar ante a sua
face as gentes, e fazer voltar as costas aos reis, e abrir
diante dele as portas, e estas mesmas portas não se
fecharão. (texto da Bíblia Barsa).
Especificamente quanto ao capítulo 53 do livro de Isaías,
deverá ser, mais à frente, objeto de várias citações, para as
quais servem as explicações que estamos colocando aqui.
Mateus 12, 15-17: Jesus soube disso, e foi embora desse
lugar. Numerosas multidões o seguiram, e ele curou a todos.
Jesus ordenou que não dissessem quem ele era. Isso
aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías:
“Eis aqui o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual
minha alma se compraz. Colocarei sobre ele o meu Espírito, e
ele anunciará o julgamento às nações. Não discutirá, nem
gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. Não
esmagará a cana quebrada, nem apagará o pavio que ainda
fumega, até que leve o julgamento à vitória. E em seu nome
as nações depositarão a sua esperança”.
Profecia: Isaías 42, 1-4: Vejam o meu servo, a quem eu
sustento: ele é o meu escolhido, nele tenho o meu agrado. Eu
coloquei sobre ele o meu espírito, para que promova o direito
entre as nações. Ele não gritará nem clamará, nem fará ouvir
a sua voz na praça. Não quebrará a cana que já está rachada,
nem apagará o pavio que está para se apagar. Promoverá
fielmente o direito: não desanimará, nem se abaterá, até
implantar o direito na terra e a lei que as ilhas esperam.
Muitos se prendem à expressão “meu servo”, como aplicação
exclusiva a Jesus, entretanto podemos ver que várias outras
personagens bíblicas também foram chamadas de meu servo,
como por exemplo: Abraão, Moisés, Caleb, Davi, Naamã, o
próprio Isaías, Eliacim, Nabucodonosor, rei da Babilônia,
Zorobabel, Germe e, finalmente, Jó. Notemos que a expressão
“meu servo”, conforme já falamos, também é atribuída ao
próprio povo de Israel.
Uma nota sobre esta passagem explica: “É o primeiro “cântico
do Servo de Adonai”. Quem é esse Servo? De início,
provavelmente, uma pessoa; depois essa pessoa foi tomada
como figura coletiva, sendo aplicado a todo o povo pobre e
fiel. O Servo é a grande novidade que Adonai prepara: o
missionário escolhido que, graças ao Espírito de Adonai,
recebe a missão de fazer que surja uma sociedade conforme a
justiça e o direito. Ele não submeterá os fracos ao seu
domínio, mas o seu agir acabará produzindo uma
transformação radical: os cegos enxergarão e os presos serão
libertos Os evangelhos aplicam a Jesus(Yeshuá) a figura do
Servo (cfe. Mt. 3, 17 e paralelos; 12, 17-21; 17, 5)”.[16].
Falando-se a respeito do livro de Isaías, colocam: “No livro
estão inseridas quatro peças líricas, os “cânticos do Servo”
(42, 1-4 [5-9]); 49, 1-6; 50, 4-9 [10-11]; 52, 13-53, 12).
Eles apresentam um perfeito servo de Iahweh, que reúne o
seu povo e é a luz das nações, que prega a verdadeira fé,
expia por sua morte os pecados do povo e é glorificado por Dus.
Essas passagens estão incluídas entre as mais estudadas
do Antigo Testamento, e não existe acordo nem quanto à sua
origem nem quanto ao seu significado. A atribuição dos três
primeiros cânticos ao Segundo Isaías é muito verossímil; é
possível que o quarto seja obra de um dos seus discípulos. A
identificação do Servo é muito discutida. Muitas vezes se tem
visto nele uma figura da comunidade de Israel, à qual outras
passagens do Segundo Isaías dão, de fato, o título de “servo”.
Mas os traços individuais são marcados demais e é por isso
que outros exegetas, que formam atualmente a maioria,
reconhecem no Servo uma personagem histórica do passado
ou do presente; nesta perspectiva, a opinião mais atraente é
a que identifica o Servo com o próprio Segundo Isaías; o
quarto cântico teria sido apresentado após sua morte.
Combinaram-se assim as duas interpretações, considerando o
Servo como um indivíduo que incorporava os destinos de seu
povo. Seja como for, uma interpretação que se limitasse ao
passado ou ao presente não explicaria suficiente os textos. O
Servo é o mediador da salvação messiânica, que uma parte da
tradição judaica, dava destas passagens, afora o aspecto
sofrimento”.[17] (grifo nosso).
Apesar de sempre reconhecerem que a expressão o “Servo”
se aplica ao povo de Israel, sempre apresentam um senão.
Realmente, algumas vezes, é usado para um indivíduo,
entretanto não se trata de Jesus, mas de alguém da época
que viria libertá-los.
Mateus 13, 13-15: Eis por que vos falo em parábolas: Para
que vendo, não vejam, e ouvindo, não ouçam nem
compreendam. Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo
profeta Isaías: “Ouvireis com vossos ouvidos e não
entendereis, olhareis com os vossos olhos e não vereis,
porque o coração deste povo se endureceu: taparam os seus
ouvidos, e fecharam os seus olhos para que seus olhos não
vejam, e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração
compreenda; para que não se convertam e eu os sare”.
Profecia: Isaías 6, 8-10: Em seguida ouvi a voz do Senhor que
dizia: “Quem hei de enviar? Quem irá por nós?”, ao que
respondi: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Ele me disse: “Vai e
dize a este povo: Podereis ouvir certamente, mas não
entendereis; podereis ver certamente, mas não
compreendereis. Embora o coração deste povo, torna-lhe
pesados os ouvidos, tapa-lhe os olhos, para que não veja com
os olhos, não ouça com os ouvidos, seu coração não
compreenda, não se converta e não seja curado”.
Essa passagem de Isaías se refere a ele mesmo, no início de
sua vocação profética, conforme podemos comprovar em: “A
prontidão de Isaías lembra a fé de Abraão (Gn 12, 1-4) e
contrasta com as hesitações de Moisés (Ex 4, 10-12) e
sobretudo de Jeremias (Jr 1, 6). A pregação do profeta
embaterá na incompreensão de seus ouvidos. Os imperativos
aqui usados não devem causar ilusão, equivalem a indicações
(cf. 29, 9) D-us não quer essa incompreensão, ele a prevê, ela
serve aos seus desígnios. Ela desvela o pecado do coração e
precipita o julgamento; comparar com o endurecimento do
faraó (Ex 4, 21; 7, 3 etc.)”.[18]
Mateus 13, 34-35: Tudo isso Jesus(Yeshuá) falava em
parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas,
para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Abrirei a boca
para usar parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a
criação do mundo”.
Profecia: Salmo 77, 2: Abrirei os lábios, pronunciarei
sentenças, desvendarei os mistérios das origens.
No Salmo 77, “Asafe recorda a história antiga da nação para
advertir as gerações futuras contra a repetição da infidelidade.
Ele convida (vv. 1-11) o povo a recordar sua provação de
Deus no deserto (vv. 12-39), sua ingratidão durante o Êxodo
(vv.40-5), e a sua infidelidade durante o período dos juízes
(vv.56-72)”. [19] Novamente encontramos uma aplicação fora
do contexto, já que dizem que essa frase se refere a uma
profecia. Ora, nem mesmo disso o texto trata.
Vejamos, agora, a explicação dada para os versículos 1 e 2:
“A história é instrução que ensina o povo a viver. Não é,
porém, instrução direta. De fato, os acontecimentos são
parábolas, que exigem participação para se captar o sentido
delas. Tal sentido faz a história um enigma: é preciso ter a
chave da fé para perceber que a história é o processo através
do qual D-us age, levando o povo para a liberdade e a vida”.
[20] Assim, fica claro que não se trata de uma profecia.
E a título de curiosidade, vejamos como o versículo 1 é
colocado nas Bíblias:
Ave Maria: Abrirei os lábios, pronunciarei sentenças,
desvendarei os mistérios das origens.
Pastoral: Vou abrir minha boca em parábolas, vou expor
enigmas do passado.
Vozes: Vou abrir a boca para um provérbio e enunciar
enigmas de tempos idos.
“Pronunciarei sentenças”, “parábolas” e “provérbio” não são
palavras de mesmo sentido, ou seja, sinônimas, uma vez que
cada uma tem um sentido próprio.
Mateus 17, 5: Pedro ainda estava falando, quando uma
nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu
uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, que muito me
agrada. Escutem o que ele diz”.
Profecia: Isaías 42, 1: Vejam o meu servo, a quem eu
sustento: ele é o meu escolhido, nele tenho o meu agrado.
Novamente o capítulo 42 está sendo usado fora do contexto.
Em qualquer passagem bíblica que pegarmos e tirarmos uma
frase isolada do contexto, ela se aplicará ao que for do nosso
interesse, não é mesmo?
Mateus 21, 1-5: (...) Então Jesus(Yeshuá)s enviou dois
discípulos, dizendo: “Vão até o povoado, que está na frente de
vocês. E logo vão encontrar uma jumenta amarrada, e um
jumentinho com ela. Desamarrem, e tragam os dois para
mim. Se alguém lhes falar alguma coisa, vocês dirão: ‘O
Senhor precisa deles, mas logo os mandará de volta’”. Isso
aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta; “Digam
à filha de Sião: eis que o seu rei está chegando até você. Ele
é manso e está montado num jumento, num jumentinho, cria
de um animal de carga”.
Profecia: Zacarias 9, 9: Dance de alegria, cidade de Sião;
grite de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o seu rei
está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado
num jumento, num jumentinho, filho de uma jumenta.
A seqüência no versículo 10 nos dirá a quem se refere esta
passagem, vejamos: “Ele destruirá os carros de guerra de
Efraim e os cavalos de Jerusalém; quebrará o arco de guerra”.
Mas, quem seria esse guerreiro que destruirá os carros de
guerra? A nossa resposta é Alexandre Magno, o Grande. Nesta
época, ele marcha pela Síria, depois pela Fenícia, e finalmente
pela Filistia. Assim, pelos acontecimentos, não se trata de
profecia a respeito de Jesus. Como já dissemos, e agora
reafirmamos, qualquer texto que pegarmos, poderemos
aplicar ao que quisermos.
Mateus 21, 42: Então Jesus(Yeshuá) disse a eles: “Vocês
nunca leram na Escritura: ‘A pedra que os construtores
deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante; isso foi
feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’?”.
Profecia: Salmo 118, 22-23: A pedra que os construtores
rejeitaram tornou-se pedra angular. Isso vem de Adonai, e é
maravilha aos nossos olhos.
A explicação que encontramos para este Salmo é que “A
pedra...: diretamente é o povo israelita que foi rejeitado pelos
construtores de impérios como indigna de seus planos
grandiosos, mas foi por Deus escolhida para pedra angular do
reino messiânico. Israel é aqui um tipo do Cristo, que, em
sentido mais perfeito, afirmou ser a pedra angular”. [21] A
pedra angular, portanto, é o povo de Israel. Alguma dúvida?
Então, podemos acrescentar, para esclarecer essa questão:
“Canto solene de ação de graças, recitado alternadamente por
um solista e pelo coro, durante a procissão ao templo para
comemorar festivamente o dia da vitória de D-us sobre os
inimigos de seu povo, libertado de um grande perigo nacional.
Chegando à porta do santuário, a comitiva pede entrada, só
franqueada aos justos, que conformam sua vida às exigências
da lei divina. O motivo da exultação dos fiéis no templo é o
amor de D-us, manifestado na eleição de Israel dentre todos
os povos, para ser pedra angular no edifício da salvação da
humanidade. Os construtores do edifício da história humana
excluíam dos conchavos da política internacional um povo tão
insignificante como Israel, o qual, porém, seguindo os
desígnios de D-us, ocupa o lugar central na vida espiritual dos
povos, por ser a chave do processo de estabelecer o reino de
D-us na terra e o veículo de transmissão dos desígnios
salvíficos de Deus na história”. [22] Esse texto não deixa
nenhuma dúvida sobre quem era a pedra angular.
Mateus 26, 31: Então Jesus(Yeshuá) disse aos discípulos:
“Esta noite vocês todos vão ficar desorientados por minha
causa, porque a Escritura diz: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas
do rebanho se dispersarão’”.
Profecia: Zacarias 13, 7: Espada, desperte contra o meu
pastor e contra o homem da minha parentela – oráculo de
Adonai dos exércitos. Fira o pastor, para que as ovelhas se
dispersem, pois vou virar a minha mão contra os pequenos.
Para um melhor entendimento desta passagem, iremos juntar
várias notas, tiradas da mesma fonte, que explicam muito
bem o que está ocorrendo. Vejamos: “O primeiro ato exigido
para reunificação é reconhecer Adonai como único absoluto
(olharão para mim). Em seguida, reconhecer os pecados da
idolatria cometidos. O ‘transpassado’, aqui, designa o próprio
povo que, por seus pecados, sofreu a punição do exílio. O
processo de purificação não é simplesmente um ato; é uma
atitude, um processo contínuo, que exige a refontização da
própria vida em D-us (fonte). O processo é doloroso (espada
– v. 7 – e fogo – v. 9). Espada: os judeus deixaram de ter um
rei (pastor) depois da destruição de Jerusalém, e o povo mais
pobre, sem um ponto de união, se dispersou pelo país. Fogo:
é o exílio na Babilônia, onde foi testada a fidelidade de
Israel”.[23] Mais uma vez, nós percebemos que se fala do
povo de Israel, não é de uma pessoa específica, portanto não
se poderia aplicá-la a Jesus(Yeshuá).
Mas, se fazem questão de descobrir o cumprimento de
profecias, vamos ver o versículo 8 de Zacarias, que é a
seqüência do versículo citado: E acontecerá em toda a terra –
oráculo de Adonai – que dois terços serão eliminados e
somente um terço restará. Farei essa terça parte passar pelo
fogo, para apurá-la como se apura a prata, para prová-la
como se prova o ouro. Será quando isso aconteceu? Ou, se
não aconteceu, quando será que isso acontecerá? Veja: D-us
eliminando dois terços da humanidade só salvando um terço,
seria uma atitude justa? Um pai de misericórdia agiria assim
para com seus filhos?
Mateus 26, 55-56: E nessa hora, Jesus(Yeshuá) disse às
multidões: “Vocês saíram com espadas e paus para me
prender, como se eu fosse um bandido”. Todos os dias, no
Templo, eu me sentava para ensinar, e vocês não me
prenderam. Porém, tudo isso aconteceu para se cumprir o que
os profetas escreveram.
Profecia: Não especificada.
Não foi informada a qual profecia se refere essa passagem.
Não encontraram nada que pudesse se enquadrar nela. Sabe
por que, caro leitor? É porque ela não existe.
Mateus 27, 6-9: Recolhendo as moedas, os chefes dos
sacerdotes disseram: “É contra a Lei colocá-las no tesouro do
Templo, porque é preço de sangue”. Então discutiram em
conselho, e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, para aí
fazer o cemitério dos estrangeiros. É por isso que esse campo
até hoje é chamado de Campo de Sangue”. Assim se cumpriu
o que tinha dito o profeta Jeremias: “Eles pegaram as trinta
moedas de prata – preço com que os israelitas o avaliaram –
e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, conforme o
Senhor me ordenou”.
Profecia: Não se encontra nada igual nem parecido em
Jeremias.
Encontramos a seguinte explicação para esse fato: “Estas
palavras são encontradas em Zc 11:12-13, com alusões a Jr
18:1-4 e 19:1-3. Foram atribuídas a Jeremias pois, no tempo
de Jesus, os livros dos profetas eram iniciados com Jeremias,
não com Isaías como hoje, e a citação é identificada pelo
primeiro livro do volume, e não pelo nome do livro específico
do seu autor”. [24]
Vejamos então o que se pode encontrar em Zacarias 11, 12-
13: Então eu disse: “Se estão de acordo, façam o meu
pagamento; se não, deixem”. Então eles pesaram o dinheiro
do meu pagamento: trinta siclos de prata. E Adonai me disse:
“Envie ao fundidor este preço fabuloso com que fui avaliado
por eles”.
Mas, como explicação para essa passagem de Zacarias lemos:
“Por ter o povo rejeitado o ministério do bom pastor, ele pediu
por seu salário o preço de um simples escravo. Zacarias
representava o papel do Messias futuro”. [25]
Vejamos a seguinte nota: “Um governador tem direito a
ordenado (cf. Ne 5, 15). Aqui o ordenado pago alegoricamente
pelas classes dirigentes ao profeta (representando Iahweh) é
irrisório, o preço de um escravo. Em resumo, zombam de
Iahweh! Mt. 27, 3-10, aplicou os vv. 12-13 a Cristo(Messias),
do qual o profeta, tomando o lugar de Iahweh desprezado,
aparece aqui como o “tipo”. [26]
Todavia, ainda temos que completar essa nota, para isso,
vamos à nota que consta de Mateus: “Om. (omissão):
‘Jeremias’. Trata-se, de fato, de uma citação livre de Zc 11,
12-13, combinada com a idéia da compra de um campo
sugerida por Jr 32, 6-15. Isso juntamente com o fato de que
Jeremias fala em oleiros (18, 2s), que se encontravam na
região de Hacéldama (19, 1s), explica que todo o texto podia
ser-lhe atribuído por aproximação”. [27]
Percebemos que a realidade é bem diferente, já que não se
trata de uma profecia, mas de um fato ocorrido, em que
“Zacarias falando em nome de D-us pergunta se ainda
querem que Ele continue a governá-los, se sim, que Lhe dêem
o salário devido ao governador. As trintas moedas eram um
preço irrisório, mais de zombaria do que de recompensa, pois
eram a indenização que a lei estabelecia que se pagasse ao
dono de um escravo que alguém tivesse morto”. [28]
Entretanto, chega-se a misturar duas passagens bíblicas para
tentar justificar uma suposta profecia.
Mateus 27, 35: E, havendo-o crucificado, repartiram as suas
vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito
pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a
minha túnica lançaram sortes.
Profecia: Salmo 22, 19: Entre si repartem minhas vestes, e
sorteiam a minha túnica.
A título de curiosidade, informamos que o trecho sublinhado,
na citação de Mateus, não existe em algumas Bíblias. Aí
perguntamos: Como podem ser todas verdadeiras, se
divergem entre si?
Encontramos como explicação para o Salmo 22, cujo autor é o
profeta Davi, o seguinte: “Este Salmo é uma das expressões
mais profundas do sofrimento, nas orações bíblicas. É
composto de duas partes: lamentação individual (2.22) e
cântico de ação de graças (23.32). O salmista, abandonado e
solitário em sua dor, privado da presença divina, apela ao Dus
da santidade, lembrando-lhe as promessas relativas aos
justos. Depois de relatar seus sofrimentos morais e
espirituais, alude, em sucessão trágica, às dores físicas, aos
tormentos corporais e ao terror da morte. Do extremo da dor
passa à certeza da esperança: a salvação está assegurada e
já está próxima, tanto assim que já pode convidar a
comunidade dos fiéis a unir-se a ele no louvor a D-us, cujo
desígnio de salvação se estende ao mundo inteiro e às
gerações futuras”. [29] Qual a conclusão que podemos tirar
disso? É que todo o Salmo 22 se refere a Davi, que lamenta a
sua própria sorte, não sendo, portanto uma profecia. Veja que
até aqui, muitas passagens que são tidas como profecias, na
verdade não o são, são apenas fatos ou acontecimentos
localizados ou daquela época, nada mais que isso.
Devemos ressaltar também que, segundo Mateus e Marcos,
Jesus(Yeshuá) citando esse Salmo disse: “Meu D-us, meu Dus,
por que me abandonaste?”. Não sabemos se são
realmente palavras pronunciadas por Jesus ou se colocaram
em sua boca, já que percebemos a nítida preocupação em
identificá-lo como um Messias, objeto de várias profecias.
Marcos 15, 27-28: Com ele crucificaram dois bandidos, um à
direita e outro à esquerda. Desse modo cumpriu-se a
Escritura que diz: “Ele foi incluído entre os fora-da-lei”.
Profecia: Isaías 53, 12: Pois isso eu lhe darei multidões como
propriedade, e com os poderosos repartirá o despojo: porque
entregou seu pescoço à morte e foi contado entre os
pecadores, ele carregou os pecados de muitos e intercedeu
pelos pecadores.
Quanto ao capítulo 53 de Isaías, já tivemos oportunidade de
falar anteriormente, não cabe aqui nenhuma nova observação
(ver pág. 6).
Lucas 4, 16-21: Jesus(Yeshuá) foi à cidade de Nazaré, onde
se havia criado. Conforme seu costume, no sábado entrou na
sinagoga, e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro
do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus(Yeshuá) encontrou a
passagem onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre
mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a
Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a
libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista;
para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de graça
do Senhor”. Em seguida Jesus(Yeshuá) fechou o livro, o
entregou na mão do ajudante, e sentou-se. Todos os que
estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então Jesus
(Yeshuá)começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu essa
passagem da Escritura, que vocês acabaram de ouvir”.
Profecia: Isaías 61, 1-2: O Espírito do Senhor Javé está sobre
mim, porque Javé me ungiu. Ele me enviou para dar a boa
notícia aos pobres, para curar os corações feridos, para
proclamar a libertação dos escravos e pôr em liberdade os
prisioneiros, para promulgar o ano da graça de Javé, o dia da
vingança do nosso D-us, e para consolar todos os aflitos, os
aflitos de Sião.
Em consulta, no Novo Testamento, vemos que dos dois
discípulos diretos de Jesus(Yeshuá), Mateus e João, somente o
primeiro fala desse acontecimento, mas nada fala sobre a
leitura do livro de Isaías. Marcos e Lucas, que não foram
discípulos, como sabemos, compuseram suas narrativas por
pesquisas ou informações obtidas de outras pessoas e, quem
sabe, de textos já existentes. Marcos age como Mateus, ou
seja, registra o episódio sem citar a leitura. Somente Lucas é
quem cita a leitura, o que já nos deixa intrigados e num
questionamento sobre se o fato foi real ou não.
As explicações sobre essa passagem de Isaías podem nos
ajudar a entender o texto, vejamos: “O profeta, muito
provavelmente o autor dos caps. 60 e 62, anuncia que
recebeu de D-us uma mensagem de consolação (vv.1-3):
reconstruir-se-á (v. 4); os estrangeiros assegurarão as
necessidades materiais de Israel, transformando em povo de
sacerdotes e cumulado de glória (vv. 5-7); D-us toma a
palavra para estabelecer aliança eterna (vv. 8-9). Os vv. 10-
11 são uma ação de graças do profeta que fala em nome de
Sião. Este poema repercute os cânticos do Servo (cf. 42, 1;
42, 7; 49,49, e também 50, 4-11, onde quem fala é o Servo,
como aqui)”.[30] Do que concluímos que são citações que se
aplicam a Isaías e não uma profecia.
Mas, supondo que Jesus(Yeshuá)s tenha realmente lido essa
passagem de Isaías, isso por si só não a torna uma profecia.
O que ocorre é que Jesus(Yeshuá) aplicou à sua missão uma
origem divina, afirmando que estaria agindo pelo Espírito de
D-us, que permanecia sobre ele. Dá-nos uma certeza de que
era um enviado de D-us. Independentemente de alguma
profecia, isso poderia acontecer, mas nem sempre, o homem
está em plenas condições vibracionais de receber as
instruções do plano espiritual, transmitidas à humanidade por
vontade de D-us, por isso muitas vezes as deturpa ou as
modifica conforme sua maneira de pensar. Com isso não
estamos negando a valor inestimável de seus ensinamentos,
muito ao contrário, já que achamos que Ele é inigualável em
tudo que fez, disse ou exemplificou.
Lucas 18, 31-33: Tomando consigo os doze, disse-lhes: “Eis
que subimos a Jerusalém e se cumprirá tudo o que foi escrito
pelos Profetas a respeito do Filho do Homem. De fato, ele será
entregue aos gentios, escarnecido, ultrajado, coberto de
escarros, depois de açoitar, eles o matarão. E no terceiro dia
ressuscitará”.
Profecia: Não especificada.
Realmente não existe nenhuma profecia a respeito de que,
especificamente, alguém deveria ressuscitar no terceiro dia.
Entretanto em Oséias 6, 1-3 encontramos o seguinte
pensamento: “Eles, vendo-se na tribulação, dar-se-ão pressa
a recorrer a mim: Vinde, e tornemo-nos para o Senhor:
porque Ele é o que nos cativou, e o que nos sarará: Ele o que
nos feriu, e o que nos curará. Ele nos dará a vida em dois
dias: ao terceiro dia nos ressuscitará, e nós viveremos na sua
presença. (...)”. Vejamos o que encontramos a respeito dessa
passagem: a) “Para caracterizar a superficial conversão de
Israel, o profeta recorre a uma possível fórmula penitencial da
época (cf. 1Rs 8, 31-53; Jr 3, 21-25; Sl 85)” [31]; b) “Depois
de dois dias... terceiro dia. I.e., num curto espaço de tempo
(veja Lc 13, 32-33: 2 Pe 3, 8)” [32]; c) “A expressão “depois
de dois dias”, “no terceiro dia” (cf. Am 1, 3: “por três crimes
de Damasco e por quatro”) designa breve lapso de tempo.
Desde Tertuliano a tradição cristã aplicou este texto à
ressurreição de Cristo no terceiro dia. Mas o NT não o cita
jamais; neste contexto é lembrada a estada de Jonas no
ventre do peixe (Jn 2, 1 = Mt 12, 40). Contudo é possível que
a menção da ressurreição no terceiro dia “conforme as
escrituras” (1Cor 15, 4, cf.Lc. 24, 16) do querigma primitivo e
dos símbolos de fé se refira ao nosso texto interpretado de
acordo com as regras exegéticas da época”. [33]
O que tomam como ressurreição é na verdade outra coisa
bem diferente. Observar que até mesmo o significado da
expressão “depois de dois dias... terceiro dia” diz respeito ao
que ocorreria num curto espaço de tempo, não como uma
ressurreição ao terceiro dia. Mais claro isso fica quando
pegamos uma outra versão dessa passagem de Oséias:
“Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos
despedaçou, e nos sarará; fez a ferida, e ligará. Depois de
dois dias nos revigorará; ao terceiro dia levantará, e
viveremos diante dele”.[34] Aqui percebemos, nitidamente,
não se tratar de ressurreição, mas de levantar alguém que,
após vários castigos, fica quase desfalecido, sendo revigorado
por Deus, num curto espaço de tempo.
Lucas 24, 25.27.44-46: Ele, então, lhes disse: “Insensatos e
lentos de coração para crer tudo o que os profetas
anunciaram! E, começando por Moisés e percorrendo todos os
Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele
dizia respeito”. Depois disse-lhes: “São estas as palavras que
eu vos falei, quando ainda estava convosco: era preciso que
se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Então abriu-lhes a mente
para que entendessem as Escrituras, e disse-lhes: “Assim está
escrito que o Cristo devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao
terceiro dia, e que, em seu Nome, fosse proclamado o
arrependimento para a remissão dos pecados a todas as
nações, a começar por Jerusalém.
Profecia: Não especificada.
Apesar de também se tratar de mais uma profecia que não se
identifica onde ela se encontra, podemos colocar os
argumentos da anterior, já que aqui também é dito sobre
ressuscitar ao terceiro dia.
Por tudo que estamos vendo, não temos mais nenhuma
certeza de que Jesus(Yeshuá) tenha realmente dito qualquer
palavra sobre alguma profecia a Seu respeito, o que nos leva
a aceitar que, simplesmente, colocaram palavras adequadas,
às suas próprias conveniências, na boca do Rabino.
João 5, 46: Se vocês acreditassem em mim, porque foi a
respeito de mim que Moisés escreveu.
Profecia: Deuteronômio 18, 15: HaShem seu D-us fará surgir,
dentre seus irmãos, um profeta como eu em seu meio, e
vocês o ouvirão.
Se tivermos a preocupação de ler todo o contexto, iniciando,
para uma completa elucidação, a partir do versículo nove,
indo até o final do capítulo 18, veremos que não se trata de
um profeta em particular. Informação que podemos confirmar
pela nota: “Um profeta: esse texto anuncia a vinda, não de
uma determinada pessoa, mas de uma série de profetas, que
falavam, como Moisés, sob o impulso da inspiração”. [35] E,
para dirimir quaisquer dúvidas, podemos colocar o final desse
texto bíblico: “Eles têm razão: Do meio dos irmãos deles, eu
farei surgir para eles um profeta como você. Vou colocar
minhas palavras em sua boca, e ele dirá para eles tudo o que
eu lhe mandar. Se alguém não ouvir as minhas palavras, que
esse profeta pronunciar em meu nome, eu mesmo pedirei
contas a essa pessoa. Contudo, se o profeta tiver a ousadia de
dizer em meu nome alguma coisa que eu não tenha mandado,
ou se ele falar em nome de outros deuses, tal profeta deverá
ser morto. Talvez você se pergunte: ‘Como vamos distinguir
se uma palavra não é palavra de Adonai?’ Se o profeta falar
em nome de Adonai, mas a palavra não se cumpre e não se
realiza, trata-se então de uma palavra que HaShem não disse.
Tal profeta falou com presunção. Não tenha medo dele”.
Assim, não há que se falar em um profeta específico já que
aqui se trata de como distinguir quem é um verdadeiro
profeta. Portanto, valendo para todos os profetas posteriores
a Moisés. Não se aplica a uma profecia sobre a vinda de
Jesus(Yeshuá). Se aplicasse a Jesus(Yeshuá), a ameaça
atingiria a Ele.
Por outro lado, se Moisés fala em “um profeta como eu”, isso
equivale a dizer que seria um profeta igual a ele, entretanto,
na Bíblia temos o reconhecimento de que Jesus(Yeshuá) é
superior a Moisés. Quem duvidar é só verificar em Hebreus 3,
1-6.
João 12, 37-41: Apesar de Jesus(Yeshuá) ter realizado na
presença deles tantos sinais, não acreditaram nele. Assim se
cumpriu a palavra dita por Isaías: “Senhor, quem acreditou
em nossa mensagem? Para quem foi revelada a força
Senhor?” O próprio Isaías mostrou a razão pela qual eles não
podiam acreditar: “D-us cegou os olhos deles e endureceulhes
o coração, para que não vejam com os olhos e não
compreendam com o coração, a fim de que não se convertam,
e eu tenha que curá-los”. Isaías falou assim, porque viu a
glória de Jesus(Yeshuá) e falou a respeito dele.
Profecia: Isaías 53, 1: Quem acreditou em nossa
mensagem?
Para quem foi mostrado o braço de Javé? e
Isaías 6, 10: Torne insensível o coração desse povo,
ensurdeça os seus ouvidos, cegue seus olhos, para que ele
não veja com os olhos nem ouça com os ouvidos,nem
compreenda com o seu coração, nem se converta, de modo
que eu não o perdoe.
Esta passagem é parecida com Mateus 13, 13-15, cuja citação
da profecia de Isaías é a mesma, que comentamos mais no
início desse estudo. Quanto ao capítulo 53, de Isaías já
falamos anteriormente (ver pág. 6).
João 13, 18: Eu não falo de todos vocês. Eu conheço aqueles
que escolhi, mas é preciso que se cumpra o que está na
Escritura: “Aquele que come pão comigo, é o primeiro a me
trair!”.
Profecia: Salmo 41, 10: Até o meu amigo, em que eu
confiava e que comia do meu pão, é o primeiro a me
trair.
Situação acontecida com Davi. De fato, um amigo, o seu
próprio conselheiro, o trai, conforme podemos deduzir das
narrativas de 2 Samuel 15, 12.31: Enquanto fazia os
sacrifícios, Absalão mandou buscar, na cidade de Silo, o
gibionita, Aquitofel, que era conselheiro de Davi. A
conspiração se fortalecia e o partido de Absalão aumentava. E
disseram a Davi: “Aquitofel se uniu à conspiração de Absalão”.
Davi, então, rezou: “Javé, faze com que o plano de Aquitofel
fracasse”. É impressionante como tomam coisas que nada têm
a ver com o que querem demonstrar.
João 15, 23-25: Aquele que me odeia, odeia também a meu
Pai. Se eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum
outro fez, não teriam pecado: mas agora as viram e odiaram
a mim e a meu Pai. Mas foi para que se cumpra a palavra que
está escrita na Lei: ‘Odiaram-me sem motivo’.
Profecia: Salmo 35, 19: Que não se alegrem à minha custa
meus inimigos traidores. Que não pisquem os olhos aqueles
que me odeiam sem motivo! e Salmo 69, 5: Mais que os
cabelos da minha cabeça, são os que me odeiam sem motivo.
Mais duros que meus ossos, são os que injustamente me
atacam. (Deveria eu devolver aquilo que não roubei?).
Existe aqui uma coisa que não condiz com a realidade. Tratase
da expressão “está escrita na Lei”, atribuída a Jesus, pois o
correto não seria “na Lei”, já que a palavra Lei significava,
naquele tempo, o Pentateuco de Moisés, e as profecias citadas
não se encontram no Pentateuco, mas nos Salmos.
Com referência ao Salmo 35, encontramos: “Neste salmo
imprecatório, Davi pede ao Senhor que o livre e traga
destruição sobre seus inimigos (vv. 1-10), lamenta o ódio não
justificado de seus inimigos contra ele (vv.11-16) e volta a
solicitar a Deus livramento e justiça (vv. 17-28). É provável
que tenha sido escrito numa época em que Davi estava sendo
perseguido por Saul, sendo, em certo sentido, um
desenvolvimento de 1 Sm 24:15. A impressão não é contra o
próprio Saul (pois Davi poupara sua vida), mas contra aqueles
que fomentavam o ciúme doentio que Saul sentia de Davi”
[36]. É um fato presente vivido por Davi, não uma previsão
para uma ocorrência futura.
No Salmo 69, isso não é diferente, senão vejamos: “Este
lamento pode ser esboçado da seguinte maneira: o desespero
de Davi durante a perseguição (vv. 1-12), seu desejo de
punição (para seus inimigos) (vv.13-28), e sua declaração de
louvor (vv.29-36)”. [37] Portanto, nenhuma das duas citações
é realmente profecia, já que ambas se referem a situações
momentâneas, não para o futuro.
João 17, 12: Quando eu estava com eles, eu os guardava em
teu nome, o nome que me deste. Eu os protegi e nenhum
deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para que se
cumprisse a Escritura.
Profecia: Não especificada.
Aqui temos, mais uma vez, uma suposta profecia para a qual
não se encontra nenhuma passagem que possamos relacionar
a ela.
João 18, 8-9: Jesus(Yeshuá)s falou: “Já lhes disse que sou eu.
Se vocês estão me procurando, deixem os outros ir embora”.
Era para se cumprir a Escritura que diz: “Não pedi nenhum
daqueles que me destes”.
Profecia: Não especificada.
Vale as mesmas observações da passagem anterior.
João 19, 33-36: Vendo que Jesus(Yeshuá) estava morto, não
lhe quebraram as pernas, mas um soldado lhe atravessou o
lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. E
aquele que viu, dá testemunho, e o seu testemunho é
verdadeiro. E ele sabe que diz a verdade, para que também
vocês acreditem. Aconteceu isso para se cumprir a Escritura
que diz: “Não quebraram nenhum osso dele”. E outra
passagem que diz: “Olharão para aquele que transpassaram”.
Profecia: Êxodo 12, 46: Cada cordeiro deverá ser comido
dentro de uma casa; e nenhum pedaço de carne deverá ser
levado para fora; e dele não se deverá quebrar nenhum osso;
Salmo 34, 21: Javé protege os ossos do justo: nenhum deles
será quebrado e Zacarias 12, 10: Quanto àquele que
transpassaram, chorarão por ele como se chora pelo filho
único; vão chorá-lo amargamente, como se chora por um
primogênito.
É incrível, repetimos, como buscam relacionar determinadas
passagens como sendo profecia, quando a realidade é bem
outra, ou seja, são fatos do dia-a-dia e não profecia
relacionada a algum evento futuro, quando relacionada ao
futuro, ele estava próximo, não longínquo. Vejamos, pela
enésima vez, mais um exemplo, o passo Êxodo 12, 46. Nós
não podemos pegá-lo isolado do seu contexto, pois agindo
assim estaremos desvirtuando sua interpretação ou até
mesmo querendo “forçar a barra”, para que esse fato se
amolde ao que queremos. Portanto, vamos iniciar a partir do
versículo 43: Javé disse a Moisés e Aarão: “Assim será o ritual
da Páscoa: nenhum estrangeiro comerá dela. Os escravos que
você tiver comprado por dinheiro, poderão comer dela se
forem circuncidados. Quem estiver de passagem e os
mercenários não comerão dela”. Agora sim, é que se segue o
versículo 46, já citado. Nesta passagem estão as
determinações de Javé a respeito de como os judeus
deveriam celebrar a Páscoa, com instruções bem específicas a
respeito dos cordeiros, que deveriam ser mortos para serem
comidos durante a celebração. É em relação a esses cordeiros,
que D-us determina que nenhum dos ossos deveria ser
quebrado. Fora disso, podemos concluir que são apenas
conjecturas pessoais; dos teólogos, dos autores bíblicos, ou
dos tradutores.
Quanto ao Salmo 34, 21, é uma oração de agradecimento que
Davi faz a D-us, por ter ficado livre de Abimelec, que o
perseguia, e para se livrar dele Davi fingiu de louco. A
respeito dos vv. 12-23, explicam: “Grande catequese,
centrada no temor de Javé. Trata-se de reconhecer que D-us é
D-us, e que o homem não é D-us. Em seguida, é preciso
empenhar a própria vida na luta pela verdade e justiça, para
que todos possam viver dignamente. Essa é a luta que
constrói a paz. Nessa luta Javé toma partido dos justos,
ouvindo o seu clamor, libertando-os e protegendo-os. Por
outro lado, Javé se posiciona contra os injustos, que são
destruídos pelo próprio mal que produzem”. [38] O que
demonstra tratar-se de algo relacionado ao próprio salmista
Davi.
E em relação a Zacarias 12, 10, encontramos a seguinte
explicação para os versículos de 12, 9 a 13, 1: “O primeiro ato
exigido para a reunificação é reconhecer Javé como único
Absoluto (olharão para mim). Em seguida, reconhecer os
pecados da idolatria cometidos. O “transpassado”, aqui,
designa o próprio povo que, por seus pecados, sofreu a
punição do exílio”. [39] Ficando, portanto, claro que
“transpassado” é o próprio povo e não uma profecia a respeito
de Jesus(Yeshuá), fato que já concluímos anteriormente em
análise de outra passagem.
Atos 8, 30-35: Filipe correu, ouviu o eunuco ler o profeta
Isaías, e perguntou: “Você entende o que está lendo?” O
eunuco respondeu: “Como posso entender, se ninguém me
explica?” Então convidou Filipe a subir e sentar-se junto a ele.
A passagem da Escritura que o eunuco estava lendo era esta:
“Ele foi levado como ovelha ao matadouro. E como um
cordeiro perante o seu tosquiador, ele ficava mudo e não abria
a boca. Eles o humilharam e lhe negaram a justiça. Quem
poderá contar seus seguidores? Porque eles o arrancaram da
terra dos vivos”. Então o eunuco disse a Filipe: “Por favor, me
explique: de quem o profeta está dizendo isso? Ele fala de si
mesmo, ou se refere a outra pessoa? Então Filipe foi
explicando. E, tomando essa passagem da Escritura como
ponto de partida anunciou Jesus(Yeshuá) ao eunuco.
Profecia: Isaías 53, 7-12: Foi oprimido e humilhado, mas não
abriu a boca; tal como cordeiro, ele foi levado para o
matadouro; como ovelha muda diante do tosquiador, ele não
abriu a boca. Foi preso, julgado injustamente; e quem se
preocupou com a vida dele? Pois foi cortado da terra dos vivos
e ferido de morte por causa da revolta do meu povo. A
sepultura dele foi colocada junto com a dos ímpios, e seu
túmulo junto com o dos ricos, embora nunca tivesse cometido
injustiça e nunca a mentira estivesse em sua boca. No
entanto, Javé queria esmagá-lo com o sofrimento: se ele
entrega a sua vida em reparação pelos pecados então
conhecerá os seus descendentes, prolongará a sua existência
e, por meio dele, o projeto de Javé triunfará. Pelas amarguras
suportadas, ele verá a luz e ficará saciado, Pelo seu
conhecimento, o meu servo justo devolverá a muitos a
verdadeira justiça, pois carregou o crime deles. Por isso eu lhe
darei multidões como propriedade, e com os poderosos
repartirá o despojo: porque entregou seu pescoço à morte e
foi contado entre os pecadores, ele carregou os pecados de
muitos e intercedeu pelos pecadores.
A respeito do capítulo 53 do livro de Isaías já fizemos
anteriormente nossos comentários (ver pág. 6). Não o
faremos novamente, para não nos tornarmos mais repetitivo
do que o necessário.
Romanos 11, 26: Então, todo o Israel será salvo, como diz a
Escritura: “De Sião sairá o libertador, ele vai tirar as
impiedades de Jacó; essa será a minha aliança com eles,
quando eu perdoar os seus pecados”.
Profecia: Isaías 59, 20-21: Mas de Sião virá um redentor, a
fim de agastar os crimes cometidos, contra Jacó – oráculo de
Javé. Da minha parte, esta é a minha aliança com eles, diz
Javé: O meu Espírito está sobre você, e as minhas palavras,
que eu coloquei em sua boca, jamais se afastarão dela, nem
da boca de seus filhos, nem da boca de seus netos, desde
agora e para sempre, diz Javé, e Isaías 27, 9: Pois é assim
que a culpa de Jacó será apagada; será esse o fruto por ele se
agastar do seu pecado, quando ele reduziu todas as pedras do
altar a pedras de cal que se transformaram em pó, quando
não mais erguer postes sagrados e altares de incenso.
As explicações para o capítulo 59, versículos 1-21, são dadas
da seguinte maneira: “Aqui temos uma espécie de liturgia
penitencial (cf. Jl 1-2; Jr 36) onde os temas do pecado e seu
castigo se sucedem e alternam. Na situação difícil dos
primeiros decênios do pós-exílio o povo tem a impressão que
a D-us falta poder e vontade para trazer tempos melhores (v.
1). Mas como em 50, 1-2 também aqui o profeta responde
que a salvação demora por causa dos pecados do povo contra
D-us e contra o próximo”. [40] A explicação é suficiente para
chegarmos à conclusão que não se trata de uma profecia, mas
de liturgia penitencial. E, novamente, a título de curiosidade,
temos a informação que o versículo 21, “prosaico e obscuro,
parece um acréscimo”. [41] Precisamos dizer mais alguma
coisa?
Duas explicações semelhantes encontramos para a passagem
Isaías 27, 6-9. A primeira diz: “D-us corrige os erros do seu
povo, e muito mais os erros de seus inimigos, pois seu povo
conhece seu projeto, enquanto os inimigos o desconhecem.
Todavia, se a comunidade abandona os ídolos, D-us lhe envia
o perdão e a renovação da vida”.[42] A segunda nos trás: “A
interpretação deste passo é embaraçada pela aparente
desordem e pelo estado corrompido do texto. Parece que os
vv. 7-8.10-11 dizem respeito ao castigo dos opressores de
Israel, identificados com a “cidade fortificada” deste
apocalipse (v.10) Os vv. 6 e 9, que são uma promessa a
Israel, cuja iniqüidade está sendo expiada, poderiam estar
preparando o oráculo de 12-13”. [43] Donde podemos concluir
que também aqui nada de se referir a uma profecia.
Como falamos a respeito de que algumas passagens que não
são propriamente uma profecia, e mais à frente iremos ver
várias outras, é necessário definirmos o que seja profecia.
Segundo o Dicionário Aurélio, profecia é: Predição do futuro
feita por um profeta; oráculo, vaticínio, presságio. Já no
Dicionário Prático, constante da Bíblia da Barsa, explicam:
“Propriamente é o ato ou efeito de falar em nome de outrem.
Assim Aarão é chamado, por D-us, o profeta de Moisés, por
falar em nome deste (Ex 4, 10-15; 7, 1), mas, em geral, o
nome de profeta é reservado ao que fala em nome de D-us.
Hoje, porém, entende-se por profecia apenas a predição de
algum acontecimento futuro, que depende da livre vontade de
D-us ou do homem, e que, por conseguinte, só pode ser
conhecida por divina revelação. Esta predição do futuro
entrava nas profecias antigas apenas como prova de que o
profeta era autêntico e que suas palavras, ordens ou
conselhos provinham, de fato, de D-us, uma vez que só D-us
pode conhecer o futuro. Com o decorrer do tempo, a palavra
profecia passou a designar apenas esta parte da profecia”.
“As profecias podem ser: condicionais, por ex.: a cidade de
Nínive teria sido destruída se seus habitantes não tivessem
feito penitência à pregação de Jonas (Jon 3): absolutas, por
ex.: Cristo predisse sua morte e ressurreição. As duas
espécies de profecias podem ser encontradas no Antigo como
em o Novo Testamento. As profecias que anunciam a vida de
Cristo são chamadas Messiânicas. O livro de Isaías abunda em
profecias messiânicas e, por esta razão, é algumas vezes
chamado o quinto evangelho. O próprio Jesus(Yeshuá),
freqüentemente, apelou para as profecias como prova de sua
divindade e de sua missão divina: “Investigai as Escrituras...
São elas que dão testemunho de mim. (Jo 5, 39)”.
Para que as coisas fiquem claras, esclarecemos que todas as
vezes que se diz de profecias a respeito de Jesus(Yeshuá),
estão dizendo das previsões que os profetas fizeram para o
futuro, portanto, podemos concluir que são profecias
absolutas.
Profecias acrescidas pelo fanatismo cego
Passaremos agora para a análise de outras profecias
atribuídas a Jesus(Yeshuá). Elas não constam do Novo
Testamento, as que constam já acabamos de levantar, são
essas que o fanatismo dos teólogos acrescenta às primeiras
para aumentar o número delas, de maneira a impressionar os
crentes, que em sua maioria não questionam absolutamente
nada, aceitam tudo o que dizem. Em outras palavras, é
produto de interpretações pessoais.
Faremos essa análise de forma diferente das que acabamos
de ver, há pouco, sem citar o correspondente cumprimento, já
que os textos são suficientes para a verificação que nos
propomos, de um lado, e de outro, para não cansar o leitor
mais do que o necessário.
Nascido de Mulher
Gênesis 3, 15: Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás
o calcanhar.
Essa passagem não é uma profecia. Pelo contexto, trata-se de
Deus falando a Eva sobre os castigos que ela deveria sofrer
por ter “pecado”. Veja que, se seguirmos esta mesma linha de
pensamento, podemos dizer que ela se aplica a qualquer
pessoa humana, já que, ao que nós sabemos, todos nós
nascemos de mulher.
Filho de Deus
Salmo 2, 7: Vou publicar o decreto do Senhor: Disse-me o
Senhor: “Tu és meu filho, eu hoje te gerei”.
2 Samuel 7, 12-16: Quando chegar o fim de teus dias e
repousares com os teus pais, então suscitarei depois de ti a
tua posteridade, aquele que sair de tuas entranhas, e firmarei
o seu reino. Ele me construirá um templo, e firmarei para
sempre o seu trono real. Eu serei para ele um pai e ele será
para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, castigá-lo-ei
com vara de homens, e com açoites de homens, mas não lhe
tirarei a minha graça, como a retirei de Saul, a quem afastarei
de ti. Tua casa e teu reino estão estabelecidos para sempre
diante de mim, e o teu trono está firme para sempre.
1 Crônicas 17, 11-14: Quando teus dias se acabarem e tiveres
ido juntar-te a teus pais, levantarei tua posteridade após ti,
um de teus filhos, e firmarei seu reino. É ele que me
construirá uma casa e firmarei seu trono para sempre. Serei
para ele um pai, e ele será para mim um filho; e nunca
retirarei dele o meu favor como retirei daquele que reinou
antes de ti. Eu o estabelecerei na minha casa e no meu reino
para sempre, e seu trono será firme por todos os séculos.
A respeito dos Salmos régios, explicam: “Há certo número de
cânticos “régios” espalhados no Saltério e que pertencem a
diversos gêneros literários. Há oráculos em favor do rei (Sl 2 e
110), orações pelo rei (Sl 20; 61; 72), uma ação de graças
pelo rei (Sl 21), orações do rei (Sl 18; 28; 63; 101), um canto
real de procissão (Sl 132), um hino régio (Sl 144). Seriam
poemas antigos, datando da época monárquica e refletindo a
linguagem e o cerimonial da corte. Teriam em vista um rei da
época e os Sl 2; 72; 110 podem ter sido salmos de
entronização. O rei é chamado filho adotivo de D-us, seu reino
será sem fim, seu poder se estenderá até os confins da terra;
fará triunfar a paz e a justiça, será o salvador do povo. Tais
expressões podem parecer extravagantes, mas não vão além
do que os povos vizinhos diziam de seu soberano e do que
Israel esperava do seu. Mas em Israel o rei recebe a unção,
que faz dele o vassalo de Iahweh e seu representante na
terra. Ele é o Ungido de Iahweh, em hebraico o “Messias”, e
esta relação religiosa estabelecida com D-us especifica a
concepção israelita e a diferença das do Egito ou da
Mesopotâmia, não obstante o uso da fraseologia comum. O
“messianismo régio”, que começa com a profecia de Natã (2
Sm 7), exprime-se nos comentários que dão sobre ela os Sl
89 e 132 e especialmente nos Sl 2; 72 e 110. Eles mantinham
o povo na esperança das promessas feitas à dinastia de Davi.
Se define o messianismo como a espera de rei futuro, de um
último rei que haveria de trazer a salvação definitiva e que
instauraria o reino de D-us sobre a terra, nenhum desses
salmos seria propriamente “messiânico”. Mas alguns destes
antigos cânticos régios, continuando a ser utilizados depois da
queda da monarquia e sendo incorporados no Saltério, talvez
com retoques e adições, alimentaram a idéia de Messias
individual, descendente de Davi.. Esta esperança estava viva
entre os judeus às vésperas do começo da nossa era e os
cristãos viram sua realização em Cristo (título que significa
Ungido em grego, como Messias em hebraico)”. [44]
Ora, isso também confirma o que dissemos anteriormente a
respeito de que sempre esperavam um outro novo Messias, já
que aquele que acreditavam ser naquele momento, não
correspondia às expectativas que tinham a respeito de um
messias libertador, e que colocasse o povo judeu em
supremacia sobre os demais povos, já que se julgavam como
sendo o “povo eleito” de D-us.
A expressão “eu hoje te gerei” é uma referência ao dia
da coroação. [45]
Em 2 Samuel 7, 12-16, encontramos a seguinte explicação
para: “Eu serei para ele um pai”: a saber, Salomão. [46]
Assim, a pessoa de quem aqui se fala é Salomão, filho de
Davi, portanto descendente de Davi, que se tornou rei dos
Judeus. E, para reforçar, colocamos esta outra explicação:
“Esta grande aliança que D-us, em graça, estabeleceu com
Davi incluía as seguintes provisões: (1) Davi terá um filho que
o sucederia e estabeleceria o seu reino, v.12; (2) esse filho
(Salomão), e não Davi, construiria o templo, v. 13a; (3) o
trono do reino de Salomão seria estabelecido para sempre, v.
13b; (4) embora os pecados de Davi justificassem a disciplina,
a misericórdia divina (heb., hesed) seria eterna, vv. 14-15 a
casa, o reino e o trono de Davi seriam estabelecidos para
sempre (v.16). [47]
Para a passagem 1 Crônicas 17, 11-14, encontramos: “Para
uma explicação acerca desta grande aliança feita por D-us
com Davi, veja a nota sobre 2 Samuel 7, 12-16”.[48] É a
explicação imediatamente anterior. Observar que os textos
das duas passagens são idênticos.
A respeito deste assunto, podemos ainda acrescentar: “O
Historiador Arnold Toynbee diz que foi no cristianismo Paulino
que Jesus(Yeshuá) se tornou D-us Encarnado: em vida, ele
explica, Jesus não poderia ter aceitado essa condição, uma
vez que era Judeu. O estudioso diz que nas próprias escrituras
cristãs, pelo menos, por duas vezes Jesus(Yeshuá) repudiou a
sugestão de que fosse divino. Jesus(Yeshuá) era um rabino
judeu e, como os demais rabinos de sua época, pode ter se
denominado Filho de Javé, o que não deveria ser interpretado
ao pé da letra, mas em sentido figurado”. [49] (grifo nosso).
Mais uma vez, provamos que interpretam a Bíblia às suas
conveniências, já que ser denominado de Filho de Javé (D-us)
não era algo aplicado somente a Jesus(Yeshuá).
Filho de Abraão
Gênesis 12, 2s: Farei de ti uma grande nação; eu te
abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de
bênçãos. Abençoarei aqueles que te abençoarem, e
amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem; todas as famílias
da terra serão benditas em ti. (ver. 2-3).
Gênesis 22, 18: e todas as nações da terra desejarão ser
benditas como ela, porque obedeceste à minha voz.
A promessa que aqui se faz é para o patriarca Abraão, D-us
promete que sua descendência se tornaria uma grande nação.
Não se trata, portanto, de uma profecia a respeito de
Jesus(Yeshuá), como querem atribuir. Por outro lado, ao que a
História registra, o povo judeu não se tornou uma grande
nação, fracassando, assim, pelo visto, a promessa de Deus.
Filho de Isaac
Gênesis, 21, 12: Mas D-us disse-lhe: “Não te preocupes com
o menino e com a tua escrava. Faze tudo o que Sara te pedir,
pois é de Isaac que nascerá a posteridade que terá o teu
nome”.
Prevalecem as explicações do item anterior, pois nesta
passagem D-us continua fazendo promessas a Abraão.
Filho de Jacó
Gênesis 35, 11: D-us disse-lhes “Eu sou o D-us todopoderoso.
Sê fecundo e multiplica-te. De ti nascerão um povo
e uma assembléia de povos; e de teus rins sairão reis”.
Números 24, 17: Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o,
mas não de perto: Um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se
de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça
guerreira.
Em Gênesis existe renovação da promessa feita por D-us a
Abraão, agora na pessoa de seu neto Jacó.
Algumas Bíblias trazem “uma estrela” ao invés de um astro,
para o versículo de Números, ao qual explicam: “A estrela no
Oriente é sinal dos deuses e dos reis (Gn 49, 1; Is 14, 7).
Aqui o oráculo se refere à vitória de Davi contra Moab (2 Sm
8, 2)”. [50] De fato, a passagem só pode se referir a algo
próximo, pois fala em fraturar a cabeça de Moab, o líder de
uma raça guerreira.
Da tribo de Judá
Gênesis 49, 10: O cedro não se afastará de Judá nem o
bastão de comando de entre seus pés até que venha o leão a
quem prestarão obediência os povos.
Antes, é bom esclarecermos que esse texto está conforme a
Bíblia Vozes, já que ele se encontra narrado de diversas
maneiras em outras Bíblias. Mas, vejamos as explicações: O
texto é muito difícil e se prestou a muitas conjeturas. A
tradução, até que venha o leão, resulta da leitura invertida do
misterioso termo siyloh; lendo-se halayis (= leão), obtém-se
um sentido que concorda com o contexto (v. 9). Teríamos aqui
um caso de metátese, fenômeno que permite a compreensão
de alguns textos difíceis da Bíblia. O v. 10 foi entendido em
relação ao descendente principal de Judá, Davi (Nm 23, 24;
24, 9.17), e este enquanto figura do Messias (cf. Jo 9, 7).
[51] Do que podemos concluir, que no texto é de Davi que se
fala, não de Jesus(Yeshuá).
Descendente de Jessé
Isaías 11, 1: Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um
rebento brotará de suas raízes.
A explicação para Isaías 11, 1-9 é a seguinte: Isaías projeta
para o reinado de Ezequias o ideal utópico de uma sociedade
que chegou à realização plena (cf. 6, 13; 7, 14 e em nota 8,
23b-9,6). Esse reinado se fundará no total espírito de Javé
(sete dons), que fará surgir uma sociedade alicerçada na
justiça, produzindo paz e harmonia. [52] Até este ponto da
explicação podemos ver claramente que não é a respeito de
Jesus(Yeshuá) que se fala, mas de Ezequias, filho do rei Acaz.
Mas, como já dissemos, sempre procuram levar essas
passagens para a figura de Jesus(Yeshuá), conforme podemos
ver na seqüência da explicação: O Novo Testamento vê o
cumprimento do oráculo na pessoa de Jesus (cf. Mt. 3, 16); é
a partir da ação dele que se constrói o mundo novo, onde
todas as coisas se reconciliam (Ef 1, 10; Cl 1, 20).
Filho de Davi
Jeremias 23, 5: Dias virão – oráculo do Senhor – em que farei
brotar de Davi um rebento justo que será rei e governará com
sabedoria e exercerá na terra o direito e a equidade.
2 Samuel 7, 16s: Tua casa e teu reino estão estabelecidos
para sempre diante de mim, e o teu trono está firme para
sempre. Natã comunicou a Davi todas as palavras desta
revelação
Salmo 132, 11 (131, 11): O Senhor fez a Davi um juramento,
de que não há de se retratar: “Colocarei em teu trono um
descendente de tua raça”.
Vejamos o que se encontra como explicação para o texto de
Jeremias: O oráculo é, provavelmente, pós-exílio. Apresenta
uma avaliação negativa dos reis de Judá, mostrando que a
política deles foi a principal responsável pela queda de
Jerusalém e pelo exílio. Os. Vv. 5-6 manifestam a esperança
de um futuro rei justo, que governará o povo conforme a
justiça e o direito. [53] Como a Bíblia Anotada faz, nesta
passagem, uma referência a Zacarias 3, 8, vejamos o que
podemos encontrar como explicação para os capítulos 3 e 4: A
comunidade pós-exílica centrou suas esperanças de libertação
em duas pessoas: Zorobabel e Josué. Zorobabel descendente
de Davi, retomaria o poder civil, e Josué daria ao Templo a
glória que ele teve na época de Salomão. Entretanto, o
império persa viu nessa proposta política uma tentativa de
rebelião e impediu que prosseguisse (talvez, por isso,
Zorobabel tenha sido morto). Sem outra perspectiva, a
comunidade judaica voltou as vistas unicamente para o lado
religioso (Josué), com o consentimento dos persas. [54]
Até aqui se tem a impressão que se fala a respeito de
Zorobabel. Entretanto, se seguirmos até o versículo 6 do
capítulo 23 de Jeremias, teremos: Sob seu reinado será salvo
Judá, e viverá Israel em segurança. E eis o nome com que
será chamado: JAVÉ-NOSSA-JUSTIÇA! Na explicação para a
palavra Javé- nossa- justiça, lemos: Nesta exclamação há,
provavelmente, alusão ao nome do rei Sedecias que significa:
Minha Justiça é Javé. [55] Aqui encontramos outra pessoa
como a possível referência nesta passagem. Veja, como é
muito difícil, hoje em dia, saber exatamente o que um
determinado texto está relatando, tornando as interpretações
imprecisas, e muitas vezes, por isso mesmo, poderem ser
aplicadas a quem quer que seja de nosso interesse.
Quanto à passagem do segundo livro de Samuel, é necessário
entender em que contexto ela se encontra. Davi diz ao profeta
Natã que deseja construir um Templo para Javé, ao que
recebe a seguinte resposta, que iniciaremos a partir do
versículo 11: Javé informa que vai fundar uma dinastia para
você. E quando esgotar os seus dias e você repousar junto a
seus antepassados, eu exaltarei a sua descendência depois de
você, aquele que vai sair de você. E firmarei a realeza dele.
Ele é que vai construir uma casa para o meu nome. E eu
estabelecerei o trono real dele para sempre. Serei para ele um
pai e ele será um filho para mim. Se ele falhar, eu o corrigirei
com o bastão e chicote, como se costuma fazer. Mas eu não
desistirei de ser fiel para com ele, como desisti de Saul, que
tirei da frente de você. A seqüência é a passagem citada como
profecia.
Para sabermos quem vai construir o Templo, teremos que
recorrer a 1 Crônicas 22, 7-10: Davi falou a Salomão: ‘Meu
filho, eu estava planejando construir um Templo para o nome
de Javé, meu D-us. Acontece, porém, que me chegou uma
mensagem de Javé, dizendo: ‘Você derramou muito sangue e
fez guerras violentas. Você não construirá um Templo para o
meu nome, porque derramou muito sangue sobre a terra em
minha presença. Veja! Você terá um filho, que será homem
pacífico. Vou fazê-lo viver em paz com todos os inimigos
vizinhos. O nome dele será Salomão. No tempo dele,
concederei paz e tranqüilidade para Israel. É ele quem
construirá um Templo para o meu nome. Para mim, ele será
um filho; e para ele, eu serei um pai, e firmarei para sempre o
trono do reinado dele sobre Israel. Assim na passagem 2
Samuel 7, 16s é de Salomão, filho de Davi, de quem se fala,
que se tornou Rei de Israel.
No Salmo 32, 11, não se trata de profecia específica sobre
alguém. Ela, inclusive, poderá ser aplicada a Salomão. Mas,
pelo contexto, o que se pode ver é a idéia de que D-us
deveria estabelecer uma dinastia real a Davi e seus
descendentes, e não a uma pessoa específica. Veja como a
seqüência (v. 12) deixa isso muito claro: Se teus filhos
guardarem minha aliança e os preceitos que eu lhes hei de
ensinar, também os descendentes deles, para sempre, sentarse-
ão em teu trono.
Ele receberá presentes ao nascer
Salmo 72, 10s (71, 10s): Os reis de Társis e das Ilhas lhe
trarão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecer-lhe-ão
seus dons. Todos os reis o hão de adorar, hão de servi-lo
todas as nações. (até v.11).
Isaías 60, 6: Serás invadida por uma multidão de camelos,
pelos dromedários de Madiã e de Efá; virão todos de Sabá,
trazendo ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor.
O Salmo 72 - salmo da realeza, augurando ao novo rei, no dia
de sua entronização, justiça perfeita e paz imperturbável,
êxito nas campanhas militares, especial solicitude pelos
indefesos e muita prosperidade, da qual se beneficiarão todos
os povos da terra. [56] Este salmo é uma oração feita por
Salomão, para que o reinado seja caracterizado por justiça
(vv. 1-4), paz (vv. 5-7), poder (vv.8-11), compaixão (vv. 12-
15) e prosperidade (vv. 16-17). [57] Não se trata de uma
profecia.
Quanto ao capítulo 60 de Isaías, as explicações dadas são:
Cântico que manifesta a esperança da total restauração de
Jerusalém. Javé habita a cidade santa e, de todos os lados,
vêm os judeus dispersos, os mercadores e os povos; o Templo
é reconstruído, reina a paz, e a glória de Adonai irradia-se por
todo o universo.[58] O capítulo, portanto, trata da cidade de
Jerusalém, e não de uma pessoa.
Presença eterna de Cristo
Miquéias 5, 2: Por isso, (D-us) os deixará, até o tempo em
que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de
seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel.
Provérbio 8, 22s: O Senhor me criou, como primícia de suas
obras, desde o princípio, antes do começo da terra. Deste a
eternidade fui formada, antes de suas obras dos tempos
antigos.
Isaías 9, 6s: O seu império será grande e a paz sem fim sobre
o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá
pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre.
Sobre a narrativa de Miquéias, já falamos anteriormente,
quando analisamos as profecias constantes do Novo
Testamento. Lá concluímos que a pessoa em referência é a
que iria libertar o povo judeu dos assírios, isso fica claro pelo
versículo 5.
Explicam os versículos 22-36 de Provérbios: É o ponto mais
alto da reflexão dos sábios. A Sabedoria é a primeira criatura
de D-us, uma espécie de arquiteto que o acompanhou e
inspirou em toda a sua atividade criadora. Pode-se dizer,
portanto, que ela é o sentido vital que D-us imprimiu a toda a
criação. Observando o mundo e a história, a humanidade
pode encontrá-la e tomar consciência dela, tomando-a como
guia para a realização da vida. [59] O que deixa bem claro
que o texto citado se refere à Sabedoria e não a uma pessoa
específica.
Serve aqui a explicação que colocamos quando analisamos
Isaías 9, 1 nas profecias no Novo Testamento. Lá chegamos à
conclusão que se fala de Ezequias, filho do rei Acaz. Para
confirmar vejamos o versículo 5: porque um menino nos
nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus
ombros, e ele se chama:: Conselheiro admirável, D-us forte,
Pai Eterno, Príncipe da Paz. Observar que se diz “um menino
nos nasceu”, acontecimento presente e não para um futuro.
Será chamado de Senhor
Salmo 110, 1 (109, 1): Eis o oráculo do Senhor que se dirige
a meu senhor: “Assenta-te à minha direita, até que eu faça de
teus inimigos o escabelo de teus pés”.
Jeremias 23, 6: Sob seu reinado será salvo Judá, e viverá
Israel em segurança. E eis o seu nome com que será
chamado: ADONAI-NOSSA-JUSTIÇA!
Explicação para os versículos 1-2 do Salmo 110: Israel
concebe a autoridade do rei como participação no governo de
D-us, que defende dos inimigos o seu povo. Chamado para
realizar a própria ação de D-us, deseja-se que o rei vença
todos os inimigos. [60] Nada, portanto de profecia de que
Jesus(Yeshuá) seja chamado de Senhor, apenas fruto de
imaginação fértil.
Quanto à passagem de Jeremias 23, 6 já falamos um pouco
atrás na análise do versículo 5.
Sacerdote eterno
Salmo 110, 4 (109, 4): O Senhor jurou e não se arrependerá:
“Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque”.
Zacarias 6, 12s: E lhes dirás: Assim fala o Senhor dos
exércitos: Eis o homem, cujo nome é Gérmen; alguma coisa
vai germinar de sua linhagem. Ele é que reconstruirá o templo
do Senhor: usará insígnias reais e sentar-se-á como rei sobre
o seu trono; terá um sacerdote à sua direita, e reinará
perfeita paz entre eles.
Um pouco atrás falamos do Salmo 110, 1-2, agora seguindo
as explicações dos versículos 3 e 4, temos: O rei é
considerado como filho adotivo de D-us (cf. Sl 2, 7) O rei era
também sacerdote-mediador. Jerusalém, de fato, tinha sido
cidade governada por sacerdotes. Mais uma vez situação da
época não para o futuro.
Na passagem de Zacarias, para uma melhor compreensão,
devemos colocar os versículos 9-11, sem isso o texto fica fora
do contexto: A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes
termos: “Vai e recebe a oferta da comunidade, os dons de
Heldai, Tobias e Jedaia; vai hoje mesmo à casa de Josias, filho
de Sofonias, pois dirigiram-se para lá de volta de Babilônia.
Tomarás prata e ouro e farás uma coroa, que porás sobre a
cabeça do sumo- sacerdote Josué, filho de Jasedec, a partir
daqui é que segue o versículo 12s citados como profecia. Ora,
pelo contexto é claro que se trata de Josué a pessoa a quem
se refere a passagem.
Ele julgará
Isaías 11, 1-5: Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um
rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito
do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito
de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor do
Senhor. (Sua alegria se encontrará no temor do Senhor.) Ele
não julgará pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir
dizer; mas julgará os fracos com equidade, fará justiça aos
pobres da terra, ferirá o homem impetuoso com uma
sentença de sua boca, e com o sopro dos seus lábios fará
morrer o ímpio. A justiça será como cinto de seus rins, e a
lealdade circundará seus flancos.
Isaías 32, 1: Eis que um rei reinará segundo a justiça, e os
príncipes governarão com equidade.
Isaías 33, 22: Porque o Senhor é nosso juiz, o Senhor é nosso
legislador; o Senhor é nosso rei que nos salvará.
Conforme já falamos anteriormente, citando Isaias 11, 1-9:
Isaías projeta para o reinado de Ezequias o ideal utópico de
uma sociedade que chegou à realização plena. [61], não se
trata de profecia a cerca de Jesus(Yeshuá).
A passagem Isaías 32, 1-5, tem a seguinte nota: O projeto de
um futuro rei que reina com justiça e traz prosperidade ao
povo se assemelha a Is 9, 1-6 e 11, 1-9. Passagens sobre as
quais já fizemos nossos comentários.
Referindo-se ao capítulo 33 de Isaías, dizem: Este oráculo
provavelmente foi pronunciado num momento imediatamente
anterior à invasão de Senaquerib, quando de uma suposta
embaixada de Ezequias, o qual teria oferecido ao rei assírio
tributos para que não tomasse Jerusalém. O texto é
complexo: após uma introdução (v. 1), há um salmo de
súplica e confiança (vv. 2-6), uma lamentação (vv. 7-9) e um
anúncio de restauração (vv. 17-24). Os vv. 14-16 mostram
que a prática da verdade e da justiça é exigência básica para
participação no culto (Sl 15). [62] Por esse contexto, não se
poderia aplicar essa profecia a Jesus. E especificamente
quanto ao versículo 22, o termo Senhor aqui está sendo
aplicado ao próprio D-us, como juiz de todos nós.
Ele será rei
Salmo 2, 6: “Sou eu, diz, quem me sagrei um rei em Sião,
minha montanha é santa”.
Jeremias 23, 5: Dias virão – oráculo do Senhor – em que farei
brotar de Davi um rebento justo que será rei e governará com
sabedoria e exercerá na terra o direito e a equidade. (ver v. 6
e nota, já falados anteriormente).
Zacarias 9, 9: Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de
júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e
vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no
potro de uma jumenta.
O Salmo 2 se refere a: “entronização de um rei da dinastia de
Davi. A cena mostra o ideal de autoridade política, cuja função
é tornar presente a ação do próprio D-us: defender o povo
conta os inimigos e construir uma sociedade fundada na
justiça e no direito”. Durante a cerimônia, os reis dependentes
já estão planejando um motim. Para aqueles que sustentam
um regime de injustiça e opressão, o governo justo é como
grilhão e jugo. Comprometido com a justiça, Javé defende a
autoridade política justa, colocando-se contra os adversários
dela. D-us adota o líder político justo como seu próprio filho. A
função desse líder é tornar visível a presença e ação do D-us
invisível. Implantando a justiça e direito, a autoridade política
justa é amada pelo povo, e os justos gostariam que ela
governasse o mundo inteiro. [63] Assim, podemos concluir,
pela enésima vez, que não se trata de uma pessoa específica.
Ficam tão perdidos em achar “profecias”, que muitas vezes
acabam citando uma mesma passagem para mais de uma
profecia, como por exemplo, Jeremias 23, 5, que também é
citada como sendo uma profecia de ser Jesus filho de Davi.
Na passagem de Zacarias 9, 9, conforme já afirmamos
anteriormente, nos comentários das profecias constantes do
Novo Testamento, a pessoa em referência é Alexandre Magno.
O Espírito do Senhor descansará Nele
Isaías 11, 2: Sobre ele repousará o Espírito do Senhor,
Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de
prudência e de coragem, Espírito de Ciência e de temor do
Senhor.
Isaías 42, 1: Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao
qual dou toda minha afeição, faço repousar sobre ele meu
espírito, para que leve às nações a verdadeira religião.
Isaías 61, 1s: O Espírito do Senhor repousa sobre mim,
porque o Senhor consagrou-me pela unção; enviou-me a
levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos,
anunciar aos cativos a liberdade.
Salmo 45, 7 (44, 7): Vosso trono, ó D-us, é eterno, de
equidade é vosso cetro real.
Quando se disse sobre a profecia “Ele julgará”, citam Isaías
11, 1-5, duplicando desta forma uma passagem para várias
profecias, já que aqui citam Isaías 11, 2. Em “Descendente de
Jessé” explicamos de quem se trata nessa passagem.
A passagem Isaías 42, 1 já foi explicada quando da
análise do Novo Testamento
.
Explicam o Salmo 45: Este poema nupcial é dedicado ao rei
para exaltar suas qualidades físicas, augurar-lhe a vitória no
campo da batalha e um reinado de justiça e verdade. Na
qualidade de Ungido, é ele o representante do Senhor na terra
e, por sua função de exercer e promover a justiça, é intitulado
“d-us”. [64].
Encontramos também: Neste salmo real, composto para uma
cerimônia de casamento, o salmista louva o rei (vv. 1-9),
exorta (vv. 10-12) e descreve a noiva (vv. 13-15),
pronunciando uma benção (vv. 16-17). Os lírios. Talvez se
tratasse de uma canção nupcial. [65] A quem se dirigia este
canto? Conforme alguns, este Sl poderia ter sido canto
profano para as núpcias de rei israelita, Salomão, Jeroboão II
ou Acab (que desposou uma princesa de Tiro, 1Rs 16, 3). [66]
O zelo da tua casa me devorará
Salmo 69, 9 (68,9): Tornei-me um estranho para meus
irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe.
Salmo 119, 139 (118, 139): O meu zelo me consome, pois
meus adversários esquecem as tuas palavras.
Lemos a seguinte explicação para o Salmo 69: Este lamento
pode ser esboçado da seguinte maneira: o desespero de Davi
durante a perseguição (vv. 1-12), seu desejo de punição (para
seus inimigos) (vv. 13-28), e sua declaração de louvor (vv.
29-36). [67] Situação vivida por Davi, não uma profecia para
o futuro.
E quanto ao Salmo 119: Este longo salmo sapiencial tece
intermináveis elogios à lei divina, revelada como norma de
vida, no relacionamento do homem com D-us e com o
próximo. Cada estrofe de oito versos – sete mais um significa
suma perfeição – começa com outra letra, em ordem
alfabética. Este artifício literário tem significado de plenitude:
perfilando todas as letras do alfabeto, o salmista quer
expressar, em todas as circunstâncias da vida, deste o início
até o fim, seu amor e acatamento à lei divina, porque nela
encontra o bem supremo, luz, alegria e conforto nas
perseguições e no sofrimento. Oito sinônimos expressam a lei
promulgada por D-us: leis, mandamentos, preceitos,
decretos, prescrições, sentenças, promessas e palavras. Esses
termos exprimem aquele aspecto da palavra de Deus que traz
exigências concretas para a vivência da fé e se constitui em
lei permanente para o povo eleito. De seu acatamento
depende a eficácia da aliança divina, que se manifesta pelo
cumprimento das promessas de D-us, feitas a Israel. No
tempo em que Israel perdeu sua soberania política,
especialmente quando não havia acesso à liturgia no templo,
a piedade dos israelitas, para entrar em contato com D-us,
concentrava-se no estudo da Lei e aplicava-se à meditação da
palavra de D-us, nos escritos sobre os feitos e as mensagens
do Senhor. Assim Israel descobria o sentido da vida e hauria
força para permanecer fiel à sua fé. [68]. Pelo conteúdo do
salmo, percebemos claramente que também não se trata de
uma profecia.
Um mensageiro irá preparar o caminho
Isaías 40, 3: Uma voz exclama: “Abri no deserto um caminho
para o Senhor, traçai reta na estepe uma pista para nosso Dus”.
Malaquias 3, 1: “Vou mandar o meu mensageiro para preparar
o meu caminho. E imediatamente virá ao seu templo o Senhor
que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem, diz
o Senhor dos exércitos”.
Vejamos, primeiramente, as explicações sobre Isaías 40: a)
versículo 3: “Textos babilônicos falam em termos análogos de
caminhos processionais ou triunfais preparados para o deus
ou para o rei vitorioso. Trata-se aqui do caminho pelo qual
Iahweh conduzirá seu povo através do deserto, em novo
Êxodo” [69]; b) versículos 3-4: “A volta do exílio terá a D-us
como guia e se processará por excelentes estradas. O tema
da volta do exílio como novo, maravilhoso êxodo, é freqüente
em Is 40-55, inspirando-se em Jr 31, 2-3 e Ez 20, 38-42. Os
evangelhos sinóticos aplicam a passagem a João Batista
precursor do Senhor (Mt 3, 3; Jo 1, 23)” [70]; c) versículos 1-
11: “Em pleno exílio, o profeta entrevê a alegria de Jerusalém
ao saber que os exilados estão voltando. Terminou o tempo da
escravidão e começa um novo êxodo. Javé caminha junto com
o seu povo na ternura de um pastor que cuida do rebanho. É
do fundo triste de uma escravidão sofrida que brota a
esperança alegre e libertadora (cf. Ex. 3, 7-9)”[71].
Ora, por todas essas três explicações, percebemos que se
trata de uma situação acontecida quando o povo judeu estava
no exílio na Babilônia, portanto, não se refere a
Jesus(Yeshuá). O contexto histórico nos diz que a pessoa a
quem se refere esta passagem é Ciro, rei da Pérsia,
principalmente porque podemos confirmar isso em: Isaías 44,
28: “Eu o que digo a Ciro: Você é o meu pastor, e realizará
tudo o que eu quero. Eu digo a Jerusalém: “Você será
reconstruída”; e ao Templo: “Você será reedificado desde os
alicerces” e Isaías 45, 1-7: “Assim diz Javé a Ciro, o seu
ungido, que ele tomou pela mão: Dobrarei as nações diante
dele e desarmarei os reis; abrirei diante dele as portas, e os
batentes não se fecharão. Eu mesmo vou na frente de você,
aplainando as subidas; arrombo as portas de bronze e
arrebento as trancas de ferro. Vou lhe entregar os tesouros
escondidos e as riquezas encobertas, para que você fique
sabendo que eu sou Javé, o D-us de Israel, que chama você
pelo nome. Por causa de meu servo Jacó, e de Israel, meu
escolhido, eu chamei você pelo nome e lhe dei um
sobrenome, embora você não me conheça, para que fiquem
sabendo, desde o nascer do sol até o poente, que fora de mim
não existe nenhum outro. Eu sou Javé, e não existe outro: eu
formo a luz e crio as trevas; sou o autor da paz e crio a
desgraça. Eu. Javé faço todas essas coisas”.
Sobre Malaquias podemos dizer que:
“O livro supõe a existência do templo e de um culto
organizado, o que nos situa em uma época posterior a Ageu e
Zacarias. Mas a menção a abusos por parte dos sacerdotes e
a desleixos no culto bem como á leviandade dos maridos que
sem motivo abandonam suas esposas parece indicar uma
época anterior à reforma de Neemias (445 aC). Nota-se,
também, influência do Deuteronômio; enquanto que o escrito
sacerdotal parece ainda não existir. Todos esses indícios nos
levam a datar o livro na primeira metade do séc. V aC, pelo
ano 465 aC aproximadamente”.
“A mensagem de Malaquias dirige-se a uma comunidade
profundamente decepcionada. As promessas de Zacarias e de
Ageu não se tinham realizado. A era escatológica, tão
esperada pela comunidade, não chegara. A desilusão levara o
povo à indiferença religiosa. A fé em D-us vacilava. Mas o
profeta apresenta a esta comunidade a certeza da realização
do julgamento divino. Esse julgamento é inevitável, ele pode
realizar-se a qualquer momento. A comunidade deve estar
preparada para a vinda do “dia do Senhor”. E a melhor
preparação é uma vida conforme as exigências cúlticas e
éticas de D-us” [72].
Quanto à passagem de Malaquias 2, 17-3, 5, explicam: “O
profeta responde aos membros da comunidade que, diante
das desordens sociais e morais e da aparente prosperidade
dos maus, punham em dúvida a própria justiça divina. No dia
do juízo, precedido pelo seu mensageiro, D-us vai ajustar as
contas com todos os pecadores (cf. 3, 13-21)” [73].
E especificamente quanto a Malaquias 3, 1, encontramos: “O
mensageiro, ou o Anjo da aliança, é alguém que exerce no
mundo uma missão em nome de D-us. No v. 23 o mensageiro
é identificado com o profeta Elias. Jesu(Yeshuá)s o identificará
com João Batista (Mt 11, 10)” [74].
Pelas desordens da época Malaquias prevê o “Dia do Senhor”,
ou seja, o dia do juízo onde todos seriam julgados pelas
coisas que andavam fazendo. Esse dia seria precedido por um
mensageiro, que foi “identificado com o profeta Elias”.
Vejamos então o que Malaquias (3, 23 ou 4, 5-6) diz sobre
Elias: “Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que tenha o
grande e temível dia do Senhor, e ele converterá o coração
dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais, de
sorte que não ferirei mais de interdito a terra”.
Diante desta profecia o povo judeu passou a esperar para o
fim dos tempos (Dia do Senhor) a volta de Elias. A questão
agora é saber se Elias voltou ou não. Em Mateus 17, 10-13,
lemos: “Os discípulos de Jesus(Yeshuá) lhe perguntaram: ‘O
que querem dizer os doutores da Lei, quando falam que Elias
deve vir antes?’ Jesus(Yeshuá) respondeu: ‘Elias vem para
colocar tudo em ordem. Mas eu digo a vocês: Elias já veio, e
eles não o reconheceram. Fizeram com ele tudo o que
quiseram. E o Filho do Homem será maltratado por eles do
mesmo modo’. Então os discípulos compreenderam que
Jesus(Yeshuá) falava de João Batista”.
Veja bem, caro leitor, existe uma profecia dizendo que Elias
deveria voltar, Jesus(Yeshuá) disse que Elias já veio e não o
reconheceram, ao que os discípulos compreenderam que João
Batista era o Elias que deveria vir. Aqui temos uma profecia
absoluta que foi cumprida integralmente, entretanto aceitar
isso significa ter que também aceitar a reencarnação. E como
já o dissemos, sempre procuram interpretações que visem
justificar seus dogmas, por isso essa passagem não é vista
como uma prova da reencarnação, apelam dizendo que João
Batista teve um “ministério” semelhante a Elias, apesar da
clareza da passagem. Mas, pode alguém objetar que
Jesus(Yeshuá) não disse que João Batista era o Elias, foram os
discípulos que compreenderam, o que é bem diferente. Tudo
bem. Poderíamos iniciar argumentando que por várias vezes
Jesus(Yeshuá) demonstrou conhecer o pensamento íntimo das
pessoas, e se não disse nada contra o que pensaram os
discípulos, é porque concordou com a conclusão a que
chegaram. Podemos demonstrar por outra passagem, já que
não necessitamos do argumento anterior, em que é o próprio
Jesus(Yeshuá) quem afirmará isso. Vejamos: “E se vocês o
quiserem aceitar, João é Elias que devia vir. Quem tem
ouvidos que ouça” (Mateus 11, 14).
Como são incoerentes, onde existe uma profecia clara, não a
aceitam, onde não existe fabricam uma para justificar seus
pensamentos. Normalmente agem como as pessoas que
querem provar que Nostradamus profetizou alguma coisa.
Depois de um fato consumado, procuram em suas centúrias
algo que possa se encaixar àquele fato.
Seus Milagres
Isaías 35, 5s: Então se abrirão os olhos do cego. E se
desimpedirão os ouvidos dos surdos; então o coxo saltará
como um cervo, e a língua do mudo dará gritos alegres.
Porque águas jorrarão no deserto e torrentes, na estepe.
Os capítulos 34 a 35 de Isaías estão explicados da seguinte
forma: Estes capítulos, escritos no período pós-exílio, formam
o assim chamado “Pequeno Apocalipse de Isaías”. O povo de
D-us encontra-se dominado pelas nações e em situação
bastante precária. Com imagens fortes, o texto anuncia o
julgamento das nações opressoras e a restauração de
Jerusalém, sinal de salvação numa terra nova e pacificada.
[75] O “pequeno apocalipse de Isaías” (cf. Is 24-27) descreve
os combates definitivos do Senhor contra as nações,
especialmente Edom, que culminam com a vitória de Israel
em Jerusalém. [76] Seria, portanto um juízo final onde se
restabeleceria a supremacia do povo judeu sobre todas as
nações. Se isso se cumpriu com Jesus(Yeshuá), por que o
povo judeu não adquiriu essa supremacia, ocorreu justamente
o contrário, já que ainda hoje é um povo sem pátria?
Mas, para um melhor entendimento, também é bom vermos
os versículos anteriores ao citado, iniciando a partir do
primeiro: O deserto e a terra árida regozijar-se-ão. A estepe
vai alegrar-se e florir. Como o lírio ela florirá, exultará de
júbilo e gritará de alegria. A gloria do Líbano lhe será dada, o
esplendor do Carmelo e de Saron; será vista a glória do
Senhor e a magnificência do nosso D-us. Fortificai as mãos
desfalecidas, robustecei os joelhos vacilantes. Dizei àqueles
que têm o coração perturbado; “Tomai ânimo, não temais! Eis
o vosso D-us! Ele vem executar a vingança. Eis que chega a
retribuição de D-us: ele mesmo vem salvar-vos”. Seguindo
agora os versículos 5 e 6, colocado como profecia e objeto
dessa análise. Será que isso estaria referindo-se a Jesus, ou
seria uma situação próxima a ser vivida após o exílio?
Entrará de repente no Templo
Malaquias 3, 1: “Vou mandar o meu mensageiro para preparar
o meu caminho. E imediatamente virá ao seu templo o Senhor
que buscais, o anjo da aliança que desejais”.
Quando diziam sobre a profecia “Um mensageiro irá preparar
seu caminho” citaram a passagem de Malaquias 3, 1, assim
desdobram essa mesma passagem, visando aumentar o
número das profecias sobre Jesus, para impressionar os que
lhes seguem na corrente religiosa que freqüentam.
A luz do mundo
Isaías 49, 6: Disse-me: “Não basta que sejas meu servo para
restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel;
vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha
salvação até os confins do mundo”.
Isaías 60, 3: As nações se encaminharão à tua luz, e os reis
ao brilho de tua aurora.
Na passagem Isaías 49, 6, a palavra “Servo” se aplica ao povo
de Israel, conforme se pode verificar no versículo 3: Disse-me
“Tu és meu servo, Israel, em que me glorificarei”. Os judeus
vivendo no exílio na Babilônia esperavam que D-us os
libertasse, como fizera antes quando estavam escravos no
Egito, já que se consideravam o “povo eleito”. Desta forma o
povo de Israel é que será a luz entre as nações. Isso também
se pode confirmar em Isaías 60, 3, a outra passagem citada.
Sobre Isaías 60:1, explicam: Este capítulo descreve a glória
de Jerusalém e Israel no reino milenar (inclui antevisões
dessa glória vistas no retorno do exílio da Babilônia), tua... ti.
Os pronomes referem-se a Jerusalém. [77] Ora, o versículo
três é continuação onde também o pronome tua deverá ser
entendido com se referindo à Jerusalém. Neste versículo, a
palavra nações obtém a seguinte interpretação: o próprio Dus
iluminará a nova Jerusalém que brilhará sobre o mundo.
[78] Iremos citar mais essa explicação para Isaías 60,1-
62,12: Estes capítulos formam um conjunto unitário, traçando
um quadro colorido e luminoso da futura glória de Jerusalém,
tema a ser retomado no fim do livro (66, 7-22) e já
desenvolvido em Is 54-55. [79] Todas as explicações fechamse
em que as passagens não se referem a coisas que
aconteceriam, ou mesmo sobre, Jesus.
Falsa testemunha testemunhará contra ele
Salmo 35, 11 (34, 11): Surgiram apaixonadas testemunhas,
interrogaram-me sobre faltas que ignoro.
Conforme já expusemos anteriormente, o Salmo 35 se refere
ao próprio salmista, ou seja, a Davi. Ver sobre isso na análise
das profecias no Novo Testamento.
Ele estava ferido pelas nossas ofensas
Isaías 53, 3: Era desprezado, era a escória da humanidade,
homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como
aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e
não fazíamos caso dele.
Zacarias 13, 6: Se alguém me disser: “Que ferimentos são
estes em tuas mãos?” – “São ferimentos que recebi na casa
de meus amigos”, responderá ele.
Quanto ao capítulo 53 de Isaías, já falamos
anteriormente (ver pág. 6).
Quando analisamos o versículo 7, foi necessário para melhor
compreensão, e para não fugir do contexto, colocar também o
versículo 8, agora, pelas mesmas razões devemos ler o trecho
a partir do versículo 2: Naquele dia – oráculo do Senhor, -
exterminarei da terra até os nomes dos ídolos: não se falará
mais deles; expulsarei os falsos profetas e todo o espírito
impuro. Se alguém intentar ainda dar um oráculo, seu pai e
sua mãe que o geraram repreendê-lo-ão: “Vais morrer, porque
dizes mentiras em nome do Senhor”. E quando ele proferir os
seus oráculos, eles mesmos, seu pai e sua mãe que o
geraram, o transpassarão. Naquele dia os profetas terão
vergonha de suas visões proféticas, e não mais se cobrirão
com o manto de peles para mentir. Cada um dirá: “Não sou
profeta, mas lavrador, e possuo terras desde a minha
juventude”. Segue agora o texto em exame. Percebemos
claramente que não se trata de Jesus, mas aos que ainda
duvidarem acrescentamos: Toda idolatria será desarraigada e
toda a profecia falsa cessará. Em seu zelo de obedecer à lei
de D-us, os pais entregarão à morte os próprios filhos que se
envolverem com profecia falsa (v. 3: cf. Dt 13:6-10). Falsos
profetas não vestirão manto de pêlos (v. 4), que era a
vestimenta comum dos verdadeiros profetas (cf. 2 Rs 1:8; Mt
3:4). Pelo contrário, fingirão ser fazendeiros (v. 5) e mentirão
sobre feridas recebidas em transes alucinados (cf. 1 Rs
18:28), dizendo que teriam sido recebidas como castigo
paterno ou resultado de brincadeiras de amigos. [80]
E mais uma vez a título de curiosidade, vejamos esta
passagem de Zacarias numa outra versão: Que são essas
feridas em teu peito? ele responderá: “São as que recebi na
casa dos meus amantes”. Veja as frases “feridas nas mãos”
em relação à “feridas em teu peito”, e “na casa de meus
amigos” com “na casa dos meus amantes”. Como os sentidos
dessas frases não são exatamente os mesmos, induzem a
interpretações equivocadas.
Eles cuspirão na face dele e o golpearão
Isaías 50, 6: Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as
faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o
rosto dos ultrajes e dos escarros.
Miquéias 5, 1 (ou 4, 14): Agora, reúne tuas tropas, filha de
guerreiros! Vieram e nos cercaram, ferem com uma vara a
face do juiz de Israel.
Nos versículos 4-9 do livro de Isaías está o terceiro “cântico
do Servo de Adonai”, ver que anteriormente já falamos sobre
esses cânticos e sobre a palavra Servo.
Muito interessante como apresentam passagens que não têm
nada a ver com o que querem provar, aqui é o caso de
Miquéias, já que “Juiz de Israel: O rei fantoche Zedequias, que
foi levado cativo para Babilônia (2 Rs 24:17-25:7)” [81],
portanto não diz respeito a Jesus(Yeshuá) como querem, mas
a Zedequias.
Ele será zombado
Salmo 22, 7s (21, 7s): Eu, porém, sou um verme, não sou
homem, opróbrio de todos e a abjeção da plebe. Todos os que
me vêem, zombam de mim.
Quando da análise das profecias retiradas do Novo
Testamento, já fizemos as considerações a respeito do Salmo
22. Mas poderemos ainda acrescentar as explicações que
encontramos sobre os versículos 7-12: Ao sofrimento e
abandono soma-se a marginalização. E HaShem, não vai
socorrer o marginalizado? Será que ele vai abandonar aqueles
que lhe pertencem? [82] Isso nada mais é que uma súplica de
um inocente perseguido, que, pelo contexto, se aplica ao
próprio salmista.
Eles perfurarão as mãos e os pés dele
Salmo 22, 16 (21, 16): Minha garganta está seca qual barro
cozido, pega-se no paladar a minha língua; vós me reduzistes
ao pó da morte.
Zacarias 13, 6: Se alguém me disser: “Que ferimentos são
estes em tuas mãos?” – “São ferimentos que recebi na casa
de meus amigos”, responderá ele.
O Salmo 22 está aqui novamente sendo utilizado para
justificar uma profecia. Nada mais seria necessário
acrescentar ao que já dizemos, mas poderemos ainda dizer
que, ao que parece e, é claro, se fosse o caso, não seria o
versículo 16 o que viria justificar o “Eles perfurarão as mãos e
os pés dele”, mas o versículo 17: Sim, rodeia-me uma malta
de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Transpassaram
minhas mãos e meus pés.
A passagem de Zacarias já foi objeto de estudo, um pouco
mais atrás, quando se falava a respeito da profecia “Ele
estava ferido pelas nossas ofensas”, portanto mais uma
passagem sendo utilizada em mais de uma profecia.
Pai perdoa-lhes eles não sabem o que fazem
Isaías 53, 12: Eis porque lhe darei parte com os grandes, e
ele dividirá a presa com os poderosos, porque ele próprio deu
sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando
sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos
culpados.
Salmo 109, 4 (108, 4): Em resposta ao meu afeto me
acusaram, eu, porém, orava.
O versículo 12 do capítulo 53 de Isaías já foi
anteriormente objeto de comentários (ver pág. 6).
E com relação ao Salmo 109, podemos dizer que: Neste salmo
imprecatório (veja introdução), Davi clama a D-us por juízo
divino contra seus falsos acusadores (vv. 1-5), especialmente
contra uma pessoa a quem amaldiçoa fortemente (vv. 6-20);
depois, pede a D-us libertação (vv. 21-25) e juízo (vv. 26-29),
encerrando o salmo com um voto de louvor (vv. 30-31). [83]
Portanto, fica muito claro, que este salmo é sobre Davi e não
a uma profecia sobre Jesus(Yeshuá).
Por outro lado o que se diz ser profecia “Pai perdoa-lhes eles
não sabem o que fazem”, nada tem a ver com profecia, é
apenas uma citação feita por Jesus(Yeshuá).
Rejeitado e desprezado pela sua nação
Isaías 53, 3: Era desprezado, era a escória da humanidade,
homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como
aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e
não fazíamos caso dele.
Salmo 69, 8 (68, 8): Pois foi por vós que eu sofri afrontas,
cobrindo-me o rosto de confusão.
Salmo 118, 22 (117, 22): A pedra rejeitada pelos arquitetos,
tornou-se pedra angular.
Isaías 53, já o comentamos (ver pág. 6).
O Salmo 69, apesar de já termos falado, iremos repetir: Este
lamento pode ser esboçado da seguinte maneira: o desespero
de Davi durante a perseguição (vv. 1-12), seu desejo de
punição (para seus inimigos) (vv.13-28) e sua declaração de
louvor (vv. 29-36). [84] Ora, essa explicação não deixa
dúvida alguma de que também neste salmo a figura central é
Davi.
O Salmo 118 deve ser entendido conforme a explicação:
Canto solene de ação de graças, recitado alternadamente por
um solista e pelo coro, durante a procissão ao templo para
comemorar festivamente o dia da vitória de D-us sobre os
inimigos de seu povo, libertado de um grande perigo nacional.
Chegando à porta do santuário, a comitiva pede entrada, só
franqueada aos justos, que conformam sua vida às exigências
da lei divina. O motivo da exultação dos fiéis no templo é o
amor de D-us, manifestado na eleição de Israel dentre todos
os povos, para ser a pedra angular no edifício da salvação da
humanidade. Os construtores do edifício da história humana
excluíam dos conchavos da política internacional um povo tão
insignificante como Israel, o qual, porém, seguindo os
desígnios de D-us, ocupa o lugar central na vida espiritual dos
povos, por ser a chave do processo de estabelecer o reino de
D-us na terra e o veículo de transmissão dos desígnios
salvíficos de D-us na história. [85] Assim, não resta dúvida de
que a pedra angular é o povo de Israel, ninguém mais.
Seus amigos ficaram vendo ao longe
Salmos 38, 11 (37, 11): Amigos e companheiros fogem de
minha chaga, e meus parentes permanecem de longe.
Pela Bíblia Anotada a palavra usada é praga e não chaga,
tendo a explicação: A palavra (praga) é usada para lepra,
indicando que os amigos de Davi o evitavam como se ele
fosse um leproso. [86] Donde podemos concluir, que a
passagem se refere ao próprio salmista Davi.
As pessoas abanam as suas cabeças
Salmo 109, 25 (108, 25): Fizeram-me objeto de escárnio,
abanam a cabeça ao me ver.
Salmo 22, 7 (21, 7): Todos os que me vêem, zombam de
mim; dizem, meneando a cabeça.
Conforme também já falamos anteriormente sobre o
Salmo 109, é relativo a Davi, que clama a Deus por um
juízo divino contra seus falsos acusadores.
O Salmo 22 já foi usado para a “profecia” “Ele será zombado”,
cujos comentários servem para o que poderíamos colocar
aqui.
As pessoas olham e fitam nele
Salmos 22, 17 (21, 17): Poderia contar todos os meus ossos.
Eles me olham e me observam com alegria.
Salmos 109, 24s (108, 24s): Vacilam-me os joelhos à força de
jejuar, e meu corpo se definha de magreza. Fizeram-me
objeto de escárnio, abanam a cabeça ao me ver.
Prevalecem os comentários do item imediatamente
anterior.
Na minha sede me deram a beber vinagre
Salmo 69, 21 (68, 21): Puseram fel no meu alimento, na
minha sede deram-me vinagre a beber.
Também já comentamos sobre o Salmo 69, nada mais a
acrescentar.
D-us meu, D-us meu, por que me desamparaste?
Salmo 22, 1 (21, 1): Meu D-us, meu D-us, por que me
abandonastes? E permaneceis longe de minhas súplicas e de
meus gemidos?
Explicam: Neste Salmo de lamento, Davi expressa sua
confiança em Deus (vv. 3-5, 9-10) a despeito de sua aparente
rejeição por Ele (vv. 1-2) e pelos homens (vv. 6-8), pede
ajuda e o livramento de D-us (vv. 11, 19-21) em face dos
ataques dos inimigos (vv. 11-18), resolve confiadamente
louvar a D-us (vv. 22, 25), convida outros a se unirem a ele
no louvor (vv. 23, 26) porque D-us ouviu sua oração (v. 24), e
prediz a futura adoração mundial ao Senhor (vv. 27-31). [87]
Ou seja, novamente se refere a Davi. Mas, completa a
explicação especificamente para o versículo 1: Jesus citou
esta primeira frase enquanto estava na Cruz. [88] Ora, citar
um salmo não quer dizer que isso seja uma profecia.
Nas tuas mãos encomendo o meu espírito
Salmo 31, 5 (30, 5): Em tuas mãos entrego meu espírito;
livrai-me, ó Senhor, D-us fiel.
Encontramos novamente Davi como sendo a personagem do
Salmo, senão vejamos: Neste salmo de lamento, Davi dirige
primeiramente sua oração a D-us (vv. 1-8), lamenta sua
angústia física e seu perigo (vv. 9-13), pede a D-us que o
livre e silencie seus inimigos (vv. 14-18), louva a D-us por
livrar os que Lhe pertencem (vv. 19-22), e exorta os piedosos
a amarem ao Senhor e serem fortes (vv. 23-24). [89]
Perfuraram um lado dele
Zacarias 12, 10: Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os
habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de
prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão
lamentações sobre aquele que traspassaram, como se fosse
um filho único; chorá-lo-ão amargamente como se chora um
primogênito!
Esta passagem de Zacarias nós já explicamos
anteriormente, quando comentávamos as profecias
contidas no Novo Testamento.
Trevas sobre a Terra
Amós 5, 20: Sim, o dia do Senhor será de trevas e não
claridade, escuridão, e não luz.
Amós 8, 9: Acontecerá naquele dia – oráculo de Javé, que
farei o sol se por ao meio-dia, e encherei a terra de trevas em
pleno dia.
Zacarias 14, 6: Naquele dia não haverá frio nem gelo.
Todas as passagens indicadas do livro de Amós estão
relacionadas ao “Dia do Senhor”, para o qual encontramos a
seguinte explicação: O dia do Senhor (Jr 30, 7; Jl 2, 11; Sf 1,
15) era visto como uma poderosa intervenção de D-us para
dar a vitória a Israel sobre os inimigos. Israel, por ser povo
eleito, achava-se no direito de receber tal socorro divino.
Amós, porém, anuncia que este dia virá como punição para
todos os pecadores, também israelitas. [90]
Visto de outra forma: O profeta vê no horizonte a potencial
invasão do inimigo (a Assíria). A classe dominante de Israel se
refugia na falsa segurança de ter Javé como aliado: para ela,
quanto o inimigo invadir o país, Javé intervirá (“Dia de Javé”)
em favor do seu povo, concedendo-lhe a vitória. Amós,
porém, destrói essa falsa segurança. O partido do inimigo,
comportando-se até como inimigo ainda maior daqueles que
exploram e oprimem o povo. [91]
E especificamente com relação a Amós 8, 9-14: O fim é
iminente: a festa se transformará em luto e a alegria em
gemido. Pior que isso, porém, é que Javé recusará falar a essa
gente que não quis ouvi-lo. Desse modo, ficarão privados de
conhecer o projeto de D-us e, por isso, nem sequer terão
possibilidade de conversão.[92] Do que entendemos que o
“dia do Senhor” estaria próximo não para o futuro, e muito
menos com relação a Jesus(Yeshuá).
Quanto a Zacarias 14, é interessante colocarmos também o
versículo 7: Será um dia contínuo (conhecido somente do
Senhor), e não haverá sucessão de dia e noite, e a noite será
clara. Veja bem, se será um dia contínuo e a noite será clara
ocorrerá justamente o contrário do que querem demonstrar,
ou seja, haverá luz e não trevas. Observar que o versículo 6
citado, por esta tradução, não fala em trevas. Em outras
versões encontramos os versículos 6-7 da seguinte maneira:
Nesse dia, não haverá luz, nem frio nem gelo. Será um único
dia (Javé o conhece). Não haverá mais dia e noite, mas ao
entardecer a luz brilhará. Onde se percebe que a mensagem
não é exatamente igual.
Mas, vamos ver o que encontramos como explicação para o
versículo 6: “Distúrbios cósmicos afetarão o dia e a noite
quando o Cristo voltar (cf. At 2, 19-20)”. Veja, que o que para
um é uma profecia acontecida com Jesus, outro diz que ela
acontecerá quando Ele, Jesus(Yeshuá), voltar. Isso tirado da
mesma fonte. Pode?
Com o homem rico na sua morte
Isaías 53, 9: Foi-lhe dada sepultura ao lado de facínoras e ao
morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja
cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca houvesse
mentira.
O capítulo 53 de Isaías já foi objeto de comentários (ver pág.
6). Mas aqui merece ressaltarmos uma outra versão para este
versículo em outras Bíblias (Pastoral, Anotada, a de
Jerusalém, e Barsa): A sepultura dele foi colocada junto com a
dos ímpios, e seu túmulo junto com o dos ricos, embora
nunca tivesse cometido injustiça e nunca a mentira estivesse
em sua boca. Prestem bem atenção, pois aqui verificamos que
o trecho “e ao morrer achava-se entre malfeitores” não é
comum a todas as Bíblias, provando que até mesmo mudam a
tradução para justificar seus dogmas. Essa adulteração vem a
calhar com o que ocorreu com Jesus(Yeshuá), já que, segundo
consta, foi crucificado entre dois ladrões.
Sua ascensão ao céu
Salmo 68, 18 (67, 18): Subindo nas alturas levastes os
cativos; recebestes homens como tributos, aqueles que
recusaram habitar com o Senhor D-us.
Encontramos a seguinte explicação para os versículos 16-19:
A procissão chega ao Templo no monte Sião. É o momento de
uma grande transformação histórica: com a monarquia de
Davi e Salomão, Israel torna-se império, correndo o risco de
se tornar um novo opressor. [93] Moral da história: subindo
nas alturas, equivale dizer que subiram o monte Sião, só isso,
nada de ascensão de Jesus(Yeshuá) ao céu.
Sentou-se à direita de Deus
Salmo 110, 1 (109, 1): Eis o oráculo do Senhor que se dirige
a meu senhor: “Assenta-te à minha direita, até que eu faça de
seus inimigos o escabelo de teus pés”.
Segundo informam o Salmo 110 é uma “oração pelo rei,
talvez no dia da entronização ou em algum aniversário”. [94]
Mas, vejamos como explicam os versículos 1-2: “Israel
concebe a autoridade do rei como participação no governo de
D-us, que defende dos inimigos o seu povo. Chamado a
realizar a própria ação de D-us, deseja-se que o rei vença
todos os inimigos. (3). O rei é considerado como filho adotivo
de D-us (cf. Sl 2, 7). (4): O rei era também sacerdotemediador.
Jerusalém, de fato, tinha sido cidade governada por
sacerdotes.(5-7): Chamado a executar a própria ação de Dus,
o rei goza do seu auxílio e proteção. O v. 7 alude talvez a
um rito: o rei bebe da água sagrada e, por isso, pode levantar
a cabeça com toda a confiança”. [95] Donde podemos concluir
que não se trata de uma profecia, mas sim de algo que estava
ocorrendo no momento, portanto não se refere a
Jesus(Yeshuá).
Destruição do Templo de Jerusalém
Daniel 9, 25ss: Sabe, pois, e compreende isto: desde a
declaração do decreto sobre a restauração de Jerusalém até
um chefe ungido, haverá sete semanas; depois, durante
sessenta e duas semanas, ressurgirá, será reconstruída com
praças e muralhas. Nos tempos de aflição, depois dessas
setenta e duas semanas, um Ungido será suprimido, e
ninguém (será) a favor dele. A cidade e o santuário serão
destruídos pelo povo de um chefe que virá. Seu fim (chegará)
com a invasão, e até o fim haverá guerra e devastação
decretada. Concluirá com muitos uma sólida aliança por uma
semana e no meio da semana fará cessar o sacrifício e a
oblação; sobre a asa das abominações virá o devastador, até
que a ruína decretada caia sobre o devastado.
Explicam: Aqui se enumeram três períodos de duração
desigual: o primeiro período de sete anos abrange o tempo
desde a ruína de Jerusalém em 586 aC até a vinda dum
ungido-chefe (Is 45, 1?) e com ele o fim do exílio em 538 aC,
provavelmente o Sumo Sacerdote Josué que em 515 aC
inaugurou o templo pós-exílico (Esd 6, 15). O segundo
período é muito longo, compreende 62 setênios ou 434 anos,
quando Jerusalém, tanto dentro como fora, goza de relativa
tranqüilidade, mas sem excluir tempos difíceis. O terceiro
período abrange os últimos sete anos, repartidos em dois
espaços iguais: fala-se da eliminação dum ungido e duma
grave profanação, referindo-se ao tempo da perseguição
religiosa de Antíoco IV. É pois o tempo crucial da prova
derradeira e da libertação definitiva. [96]
E quanto ao termo ungido eliminado (v. 26), dizem: O ungido
eliminado parece ser o Sumo Sacerdote Onias III que foi
deposto e mais tarde (171 AC) massacrado (11, 22: 2Mc 4, 1-
6.30-38). [97]
No versículo 27, explicam a expressão: na metade da
semana: a partir do ano 167 aC o culto foi sustado no tempo
durante três anos e alguns meses, sendo o tempo consagrado
a Júpiter Olímpico (7, 25; 8, 14; 12, 11s; 1Mc 1, 37; 2Mc 6,
1s). [98]
Assim, podemos concluir que se trata de situação que não diz
respeito a Jesus(Yeshuá), veja que até mesmo o próprio título
que deram a essa “profecia” já induzia a essa conclusão. O
que tem a ver a destruição do Templo de Jerusalém com a
pessoa de Jesus(Yeshuá)?
Antes de terminar a análise das profecias que conseguimos
levantar, recebemos de um amigo uma lista com seis
profecias. Quatro delas já falamos no decorrer deste estudo,
faltam, portanto duas. São elas:
1ª - Profecia: Provérbios 8: 24-25: Antes de haver abismo, eu
nasci e antes ainda de haver fontes carregadas de águas.
Antes que os montes fossem firmados, antes de haver
outeiros, eu nasci.
Cumprimento: Colossenses 1:15 e João 1:14-15; 3:16: Ele é
a imagem do D-us invisível, o primogênito de toda a criação.
2ª - Profecia: Provérbios 8: 29-30; Gênesis 1:26 – quando
fixava ao mar o seu limite, para que as águas não
traspassassem os seus limites; quando compunha os
fundamentos da terra; então eu estava com ele e era seu
arquiteto, dia após dia, eu era as suas delícias, folgando
perante ele em todo tempo.
Colocamos as duas juntas de propósitos, pois a justificativa
deverá ser a mesma. Vejamos as explicações para os
versículos 22-36: “É o ponto mais alto da reflexão dos sábios.
A Sabedoria é a primeira criatura de D-us, uma espécie de
arquiteto que o acompanhou e inspirou em toda a sua
atividade criadora. Pode-se dizer, portanto, que ela é o sentido
vital que D-us imprimiu a toda a criação. Observando o
mundo e a história, a humanidade pode encontrá-la e tomar
consciência dela, tomando-a como guia para a realização da
vida”. [99] Aliás, todo o capítulo oito trata especificamente da
Sabedoria, nada mais que isso. Não sendo, portanto uma
profecia o seu conteúdo.
Conclusão
O que se percebe nessa análise das profecias é que o povo
hebreu, após a experiência de ser libertado da escravidão no
Egito, e como se considerava o povo eleito, vivia numa eterna
“lua de mel” com D-us, supondo que todas as vezes que ele
estivesse subjugado por outros povos, D-us o libertaria
novamente como já tinha feito através de Moisés. Dentro
desse pensamento, toda vez que se via subjugado, esperava
um novo Messias libertador para fazer o que Moisés fez, até
mesmo porque, segundo acreditavam, D-us teria prometido
que faria surgir do meio do povo um profeta como ele. Só que
essa promessa não se referia a um profeta específico, mas a
todos os profetas que falavam em nome de D-us. Apesar
disso, os teólogos preferiram atribuir tal passagem a
Jesus(Yeshuá).
Na Bíblia de Jerusalém, encontramos algo interessante na
“Introdução aos Profetas”, sobre o pensamento do povo
hebreu, vejamos:
“Para estabelecer e governar seu reino na terra, o Rei Iahweh
terá um representante, cuja unção o fará um vassalo seu: ele
será o “ungido” de Iahweh, em hebraico seu “messias”. Foi
um profeta, Natã, que, ao prometer a Davi a permanência da
sua dinastia (2Sm 7), apresentou a primeira expressão deste
messianismo régio, cujo eco reencontramos em certos
Salmos. Entretanto, os fracassos e a má conduta da maioria
dos sucessores de Davi pareciam desmentir esse messianismo
“dinástico”, e a esperança concentrou-se num rei particular,
cuja vinda era esperada para futuro próximo ou longínquo. É
este salvador que vislumbram os profetas, sobretudo Isaías,
mas também Miquéias e Jeremias. O Messias (podemos agora
escrever com maiúsculas) será da estirpe davídica (Is 11, 1;
Jr 23, 5 = 33, 15) e sairá como ela de Belém de Éfrata (Mq 5,
1). Receberá os mais magníficos títulos (Is 9, 5), e o Espírito
de Iahweh repousará sobre ele com todo o cortejo de seus
dons (Is 11, 1-5). Para Isaías, ele é Emmanuel, “Deus
conosco” (Is 7, 14); para Jeremias, Iahweh çideqenu (apesar
de estranho a palavra é essa mesmo), “Iahweh é nossa
justiça” (Jr 23, 6), dois nomes que resumem o puro ideal
messiânico”.
“Esta esperança sobreviveu ao desmoronamento dos sonhos
de dominação terrestre e à dura lição do Exílio, mas as
perspectivas mudaram. Apesar das esperanças que por um
momento Ageu e Zacarias colocaram no davidita Zorobabel, o
messianismo régio sofreu um eclipse: nenhum descente de
Davi estava mais no trono e Israel estava submetido à
dominação estrangeira. Ezequiel, sem dúvida, espera a vinda
dum novo Davi, mas chama-o de “príncipe” e não de “rei”, e
descreve-o antes como mediador e pastor do que como
soberano poderoso (Ez 34, 23-24; 37, 24-25); Zacarias
anunciará a vinda dum rei, mas ele será humilde e pacífico
(Zc 9, 9-10). Para o Segundo Isaías , o Ungido de Iahweh não
é um rei davídico mas Ciro, rei da Pérsia, (Is 45, 1),
instrumento de D-us para a libertação do seu povo; mas o
mesmo profeta coloca em cena outra figura da salvação, o
Servo de Iahweh, que é o mestre do povo e a luz das nações,
pregando com mansidão o direito de D-us; não terá projeção
humana, será rejeitado pelos seus, mas alcançará a salvação
deles ao preço de sua própria vida (Is 42, 1-7; 49, 1-9; 50, 4-
9 e principalmente 52, 13-53-12). Enfim, Daniel vê chegar
sobre as nuvens do céu um como que Filho de homem, que
recebe de D-us o domínio sobre todos os povos, um reino que
não passará (Dn 7). Houve, entretanto, uma reaparição da
antiga corrente: nas vésperas da nossa era, a espera dum
Messias régio estava largamente difundida, mas certos meios
esperavam também um Messias sacerdotal, e outros um
Messias transcendente”. [100].
Bom, isso reafirma o que já dissemos a respeito do que
pensavam e que sempre ficavam esperando um novo messias
para libertá-los.
Verificamos que a grande maioria das supostas profecias é
tirada do livro de Isaías, entretanto cabe-nos, por respeito a
você, caro leitor, fazer algumas considerações sobre este livro.
Novamente, iremos recorrer à Bíblia de Jerusalém [101] que
coloca:
(...).
“Gênio religioso tão grande, marcou profundamente sua época
e fez escola. Suas palavras foram conservadas e sofreram
acréscimos. O livro que traz o seu nome é o resultado de um
longo processo de composição, impossível de reconstituir em
todas as suas etapas”. (...).
“O livro recebeu acréscimos mais consideráveis ainda. Os
caps. 40-55 não podem ser obra do profeta do século VIII.
Não só nunca é mencionado aí o seu nome, mas também o
contexto histórico é posterior cerca de dois séculos: Jerusalém
foi tomada, o povo se acha cativo em Babilônia, Ciro já está
em cena e será o instrumento da libertação. Sem dúvida, a
onipotência divina poderia transportar um profeta a um futuro
longínquo, retirá-lo do presente e alterar as imagens e seus
pensamentos. Mas isso supõe o desdobramento dos
contemporâneos – para os quais ele foi enviado – os quais
não têm paralelo na Bíblia e são contrários à própria noção de
profecia, a qual não faz intervir o futuro senão como
ensinamento para o presente. Esses capítulos contêm a
pregação dum anônimo, continuador de Isaías e grande
profeta, como ele, o qual, na falta de um nome melhor,
chamamos de Dêutero-Isaías ou de Segundo Isaías. Pregou
em Babilônia entre as primeiras vitórias de Ciro, em 550 a.C.
– que levam a adivinhar a ruína do império babilônico – e o
edito libertador de 538, que permitiu os primeiros retornos”.
(...).
“(...) Os oráculos dos caps. 1-39 eram geralmente
ameaçadores e cheios de alusões aos acontecimentos dos
reinados de Acaz e de Ezequias; os dos caps. 40-55 estão
desligados deste contexto histórico e são consoladores. O
julgamento cumpriu-se na ruína de Jerusalém, o tempo da
restauração está próximo. Será uma renovação completa e
este aspecto é sublimado pela importância dada ao tema de
D-us criador, unido ao de D-us salvador. Um novo êxodo, mais
maravilhoso do que o primeiro, reconduzirá o povo a uma
nova Jerusalém, mais bela que a primeira. (...)”.
“A última parte do livro (caps. 56-66) tem sido considerada
como obra de outro profeta, denominado “Trito-Isaías”,
Terceiro Isaías. Hoje, geralmente se reconhece que é uma
coletânea diversificada. (...)”. (todos os grifos são nossos).
Veja bem, um livro é composto de várias coletâneas que não
se sabe quem são realmente os autores, e ainda têm coragem
de afirmar que é “inspirado por D-us”. Tudo que já dissemos
antes vem se confirmar nesses textos que acabamos de
colocar.
E para finalizar, queremos dizer que há muito tempo
estávamos pensando em fazer esse estudo, chegamos a fazer
o levantamento das profecias, pesquisamos na Internet para
saber o que as outras correntes religiosas falavam sobre isso.
Nesta busca encontramos um texto, que merece ser
meditado, pois como “não existe nada de oculto que não
venha a ser conhecido” (Mateus 10, 26) a verdade acabará
aparecendo. Quando isso acontecer os que advogam teses
contrárias ficarão “num mato sem cachorro”, conforme o dito
popular. Não terão nada em que se apoiar e ruirão por falta de
base sólida. Assim, aos que ainda querem manter o povo na
ignorância, que aguardem, pois seu dia chegará é o que
profetizamos.
Alguém pode objetar dizendo que Jesus(Yeshuá) em várias
oportunidades disse que estava cumprindo as profecias. Longe
de nós contestar o que Jesus(Yeshuá) disse, entretanto, agora
ao final desse estudo, por não ter encontrado nenhuma
profecia sobre Ele, ficamos com plena convicção de que é bem
provável que colocaram palavras em Sua boca. Nada mais que
isso. E, estamos com o Mahatama Gandhi, quando disse: “Se
todos os livros religiosos da humanidade perecerem e só se
salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”. E,
coincidência ou não, no Sermão da Montanha (Mateus caps. 5,
6 e 7) não existe nenhuma profecia a respeito de
Jesus(Yeshuá).
Cremos que o valor dos ensinamentos de Jesus(Yeshuá) está
no sentido profundo e altamente moral, não por ter Ele vindo
cumprir profecias. Nunca podemos negar o fato, de que Ele foi
um enviado de D-us, como muitos outros também o foram,
quer tenham sido profetas ou não. O que faz Ele diferente dos
outros é que ele foi o maior de todos. Mas, apesar disso, Ele
diz: “Quem crê em mim fará as obras que faço e fará até
maiores do que elas” (João 14, 12). O que deixa claro, que
para Ele, todos nós somos iguais e podemos fazer as mesmas
coisas, já que temos a mesma origem: D-us.
Vemos como de necessidade urgente uma completa revisão
nos conceitos teológicos tradicionais, para buscar a “verdade
que liberta”, sob pena de causar, cada vez mais, incrédulos.
Conforme podemos comprovar no texto logo abaixo:
Cristianismo: Uma História de Plágio e Profecias
A base de toda a crença cristã está na Bíblia, livro adotado
pelos cristãos como sendo a Palavra do D-us Vivo. E a
existência do próprio deus cristão é comprovada (?) mediante
argumentos bíblicos, em especial profecias, analisados em
termos de verossimilhança ou probabilidades. Entretanto, a
inconsistência das profecias está na arbitrariedade dos
argumentos usados para sustentá-las, selecionados de modo
a favorecer a posição teísta ou bíblica. E a história do
cristianismo e do seu mito Jesus (Yeshuá)encontra vários
paralelos em crenças e mitologias ainda mais antigas.
Os cristãos consideram espantoso e maravilhoso o fato que
tantas profecias do Velho Testamento se tivessem cumprido
de forma precisa e exata na vida de Jesus(Yeshuá), porém
não enxergam, não querem enxergar ou simplesmente
desconsideram o caráter arbitrário dado a elas. Eles assumem
que as profecias foram feitas e cumpridas, mas ao mesmo
tempo não tem evidência real para apoiar essas suposições.
Quando estes alegados cumprimentos de profecias são
estudados nos seus contextos originais, vemos facilmente que
a maior parte deles nada tinha que ver com as aplicações que
os escritores do Novo Testamento lhes deram de forma
arbitrária. Um exemplo excelente é o cumprimento da profecia
sobre a matança das crianças inocentes promovidas por
Herodes. Mateus 2:16-18 diz o seguinte:
"Então Herodes, vendo-se iludido pelos magos, irritou-se
muito e mandou matar todos os meninos de Belém, e de
todos os seus arredores, de dois anos para baixo, segundo o
tempo que diligentemente inquirira os magos. ENTÃO
CUMPRIU-SE O QUE FOI DITO PELO PROFETA JEREMIAS:
Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação,
Raquel chorando por seus filhos, e recusando ser consolada,
porque já não existem”.
Para o cristão comum, esta é apenas mais uma das profecias
cumpridas a respeito de Jesus(Yeshuá). No tempo em que eu
era evangélico, não poucas foram as vezes que ouvi a frase
"todo o texto usado sem um contexto é um pretexto". E
mesmo depois de ter me tornado judeu, muitas vezes esta
frase foi a mim dirigida com o intuito de desmentirem meus
argumentos anti-bíblicos. Agora é a minha vez de dar o troco.
A profecia que Mateus afirma ter se cumprido está em
Jeremias 31:15. No entanto, Jeremias 31:15 é uma
declaração que no contexto original se referia aos judeus que
tinham sido espalhados pelo estrangeiro durante a Diáspora.
Jeremias referiu-se figurativamente a isto como Raquel
chorando pelos seus filhos, mas no contexto da declaração, há
uma promessa no versículo seguinte segundo a qual estes
filhos "regressariam da terra do inimigo" (versículo 16).
Portanto, é óbvio que Jeremias não estava de maneira
nenhuma a falar de um massacre brutal de crianças judias,
pelo que torcer a passagem e dar-lhe a aplicação que Mateus
lhe deu só pode ser visto como um ato de desespero da parte
de alguém que, não tendo qualquer evidência real do seu
lado, tenta provar que este homem Jesus(Yeshuá) cumpriu as
profecias judaicas sobre o vindouro Messias. Quando
juntamos a isso a ausência total de referências em histórias
seculares contemporâneas à matança dos inocentes por
Herodes, temos uma boa razão para acreditar que nunca
ocorreu este evento que Mateus alegou ser um cumprimento
de profecia.
O cristianismo, além de apoiado em profecias fundamentadas
em arbitrariedades, é baseado também em histórias de
religiões ANTERIORES ao próprio cristianismo. Entre elas, vale
a pena reparar na versão Hindu, pois é espantosamente
paralela à história de Mateus. Segundo a literatura Hindu,
quando Krishna, a oitava encarnação do deus Vishnu, nasceu
da virgem Devaki, ele foi visitado por homens sábios que
haviam sido guiados até ele por uma estrela. Anjos também
anunciaram o nascimento a pastores nos campos próximos.
Quando o Rei Kansa soube do nascimento miraculoso desta
criança, enviou homens para "matar todas as crianças nas
localidades vizinhas", mas uma "voz celestial" segredou ao pai
adotivo de Krishna e avisou-o para que tomasse a criança e
fugisse através do rio Jumna.
Um estudo de mitologia pagã estabeleceria paralelos similares
nas histórias de Zoroastro (Persa), Tammuz (Babilônica),
Perseus e Adonis (Grega), Horus (Egípcia), Rômulo e Remo
(Romana), Gautama (o fundador do Budismo), e muitas
outras, pois vários elementos do mito da 'criança perigosa'
podem ser observados nas histórias de todos estes d-uses e
profetas pagãos. Todos estes mitos são anteriores, geralmente
muitos séculos, ao relato de Mateus sobre o massacre das
crianças em Belém. Krishna, por exemplo, era um salvador
Hindu que alegadamente viveu no sexto século A.C., portanto
quando um estudo da literatura do mundo antigo mostra que
um evento incomum como a matança dos inocentes parece
ter ocorrido por todo o lado, pessoas razoáveis percebem que
esse evento provavelmente não ocorreu em lugar nenhum, ou
na melhor das hipóteses ocorreu apenas uma vez e depois foi
plagiarizado. Como a história ocorre muitas vezes antes da
versão de Mateus, só podemos concluir que tal evento não
ocorreu em Belém como Mateus, E SOMENTE MATEUS,
alegou.
Muitos outros alegados cumprimentos de profecias na vida de
Jesus(Yeshuá) têm paralelos na mitologia antiga. Os milagres
de Jesus(Yeshuá) haviam sido profetizados em Isaías 53:4-5,
a sua crucificação no Salmo 22:16, a sua ressurreição no
Salmo 16:10, e a sua ascensão no Salmo 68:18. Contudo, o
exame destas passagens no seu contexto revela o mesmo
problema citado acima no caso de Jeremias 31:15. As
afirmações são notoriamente obscuras e só se tornam
profecias através das alegações arbitrárias dos escritores do
Novo Testamento, que as retiraram do contexto e as
aplicaram a situações que os escritores originais não
referiram. Portanto não há maneira de alguém estabelecer
que estas "profecias" tenham sido originalmente feitas com a
intenção de serem profecias. Tudo o que temos é a palavra
não confirmada de escritores do Novo Testamento, dizendo
que essas declarações foram feitas com a intenção de serem
profecias, e isso não é uma base suficientemente boa sobre a
qual se deva construir um argumento.
O Cristianismo não é a única religião que alega que o seu
salvador realizou milagres, foi crucificado, foi ressuscitado dos
mortos e ascendeu ao céu. Escritos Hindus atribuíram todas
estas coisas a Krishna. De fato, as vidas de Jesus(Yeshuá) e
Krishna, conforme relatadas nas respectivas literaturas dos
seus seguidores, são tão espantosamente paralelas que
pessoas razoáveis só podem concluir que os escritores do
Novo Testamento tomaram de empréstimo muitas das suas
idéias de uma mitologia do salvador que tinha evoluído muito
antes do primeiro século. De fato, salvadores nascidos de
virgens, crucificados e ressuscitados eram a coisa mais
comum na mitologia pagã, e se isso não destrói os
argumentos bíblicos (na medida em que se referem a
cumprimento de profecias) nas mentes dos cristãos, então
eles estão obviamente determinados a acreditar na
extravagância do mito Cristão, independentemente de quão
convincente possa ser a evidência em contrário.
Ainda assim, vamos supor que seja possível provar o
cumprimento da profecia da matança das crianças inocentes,
por exemplo. Deixo bem claro que esta não é a minha tarefa,
mas de todos os cristãos que afirmam que o seu mito e as
profecias que o sustentam são verdadeiras. Desta maneira,
quem quisesse provar que a matança dos inocentes aconteceu
e foi realmente profetizada por Jeremias teria de demonstrar
ABSOLUTAMENTE, além de qualquer dúvida, que Jeremias
pretendia que a declaração fosse uma profecia da matança
dos inocentes por Herodes. Particularmente eu duvido que
alguém consiga passar desta etapa, mas supondo que alguém
consiga, mas vamos supor que alguém conseguira provar que
Jeremias pretendia que a declaração fosse uma predição da
matança das crianças em algum momento no futuro do
profeta, tal pessoa ainda teria que provar DE FORMA
ABSOLUTA que o massacre das crianças de Belém por
Herodes pode ser estabelecido como fato histórico. A ausência
total de qualquer referência a tal evento por qualquer outro
escritor do Novo Testamento ou qualquer historiador secular
contemporâneo a essa época torna isso uma tarefa impossível
para qualquer um. Contudo, se um evento que alegadamente
é um cumprimento de profecia não pode ser estabelecido
fatualmente, como é que uma pessoa que possua um mínimo
de inteligência pode afirmar que foi um cumprimento de
profecia?
Se provar que uma profecia a respeito de Jesus(Yeshuá)
realmente aconteceu é algo impossível, o que dizer de uma
série delas? Será que alguém é capaz de pegar as supostas
profecias sobre o messias cristão e passar pelo mesmo
processo? Isto significaria pegar as alegações proféticas sobre
o nascimento virginal de Jesus(Yeshuá), os milagres, a
entrada triunfal, a traição, a crucificação, o tratamento
durante a crucificação, a ressurreição, a ascensão e centenas
de outros alegados cumprimentos proféticos e provar para
cada uma delas que: (1) a intenção da declaração original era
mesmo fazer uma profecia de algo que ocorreria na vida do
Messias e que (2) o acontecimento profetizado ocorreu
mesmo a Jesus(Yeshuá). Alguém se habilita?
É possível de alguma forma que alguém estudasse as
escrituras do Velho Testamento, interpretasse algumas
passagens obscuras como profecias e depois escrevesse uma
biografia de um personagem fictício de modo a fazer parecer
que todas estas "profecias" tinham sido cumpridas na sua
vida? De acordo com forma como a vida e as profecias a
respeito de Jesus(Yeshuá) Cristo nos são apresentadas, é
perfeitamente possível sim.
Portanto, o meu objetivo com este artigo é mostrar que estes
alegados cumprimentos de profecias nunca aconteceram, que
os escritores dos evangelhos limitaram-se a procurar no Velho
Testamento declarações que podiam interpretar como
profecias e depois escreveram as biografias do seu Messias de
modo a fazer parecer que todas as profecias tinham sido
maravilhosamente cumpridas. Mesmo que as ações de
"cumprimento de profecias" tenham mesmo ocorrido, podiam
ter sido feitas deliberadamente com o objetivo de dar ao
pretenso Messias a oportunidade de alegar que ele tinha de
fato cumprido as profecias judaicas.
Com o desabafo desse ex-evangélico, queremos deixar bem
claro que, a manter as coisas como estão, causaremos um
prejuízo muito grande, pois estaremos, cada vez mais, dando
origem a indivíduos que se dizem anti- cristianismo. Observar
que ele era um evangélico, é, pois uma pessoa que estudou
muito a Bíblia, o que nos leva a crer que todos os que a
estudarem em profundidade poderão acabar como ele, ou
seja, mais um indivíduo no rol dos judeus.
Ora, um livro de inspiração divina nunca poderia levar pessoas
ao descrédito, se isso está ocorrendo é porque existe alguma
coisa errada. O que está errado? Pensamos que os teólogos
do passado, por mais sábios que pudessem ser, não possuíam
uma visão holística dos fatos, sempre colocavam os textos
bíblicos sob o seu estreito ponto de vista. E não há como
negar que o homem avançou de maneira considerável,
principalmente no campo das ciências. Isso vem provocando
uma revisão completa nos conhecimentos do passado, só que
ainda essa revisão não teve como alvo a teologia tradicional.
A humanidade, hoje, mais questionadora, e indubitavelmente
mais exigente, não quer aceitar mais nada sem o crivo da
razão e da lógica. E, quando resolverem passar a Bíblia por
esse crivo, as coisas irão complicar-se, já que a maioria das
correntes religiosas tradicionais terá que modificar seus
conceitos sob pena de continuarem formando mais descrentes
que crentes. Desejamos, com tudo isso, fazer um urgente
pedido de socorro: Vamos separar da Bíblia o joio do trigo
para o próprio bem dela.
Agora, como reflexão final, colocaremos o complemento do
pensamento de um Espírito que se identificou como Erasto:
“Vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só
mentira, uma só falsa teoria. Com efeito, sobre essa teoria
poderíeis edificar todo um sistema que desabaria ao primeiro
sopro da verdade, como um monumento construído sobre
areia movediça, ao passo que, se rejeitais hoje certas
verdades, porque não vos são demonstradas lógica e
claramente, logo um fato brutal ou uma demonstração
irrefutável virá delas vos afirmar a autenticidade” [103].
Alexander Souza Iglesias Setembro/2006
Bibliografia:
A Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão
Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço,
referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie;
Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, São Paulo: Mundo
Cristão -, 1994.
Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, São Paulo, 1989, 68a.
Edição;
Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Sociedade Bíblia Católica
Internacional e Paulus, 14a. impressão, 1995;
Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo, 37a. Edição,
1980;
Bíblia Sagrada, Editora Vozes, Petrópolis, 1989, 8a. Edição;
Bíblia de Jerusalém, Paulus Editora, 2002, nova edição, revista
e ampliada;
Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, São Paulo, SP, 1984.
Revista Superinteressante, Edição 183, dezembro 2002.
Revista Vida e Obra de Jesus Cristo, nº. 3, Mythos Editora
Livro dos Médiuns, Allan Kardec, IDE, SP, 27ª edição, 1993.
[1] www.catolicoromano2.hpg.ig.com.br/index.html
[2] www.ichtus.com.br/publix/ichtus/estudos/profjesus.html
[3] Bíblia Pastoral, pág. 955.
[4] Dicionário Bíblico Universal, pág. 226.
[5] Bíblia Anotada, pág. 859.
[6] Bíblia Anotada, pág. 859.
[7] Bíblia de Jerusalém, pág. 1265.
[8] Revista Superinteressante, pág. 43.
[9] Bíblia Pastoral, pág. 1173.
[10] Bíblia Ave Maria, pág. 1078.
[11] Bíblia Pastoral, pág. 957.
[12] Bíblia Barsa, pág. 581.
[13] Bíblia Vozes, pág. 898.
[14] A Bíblia Anotada, pág. 905.
[15] Bíblia Pastoral, pág. 947.
[16] Bíblia Pastoral, págs. 985/86.
[17] Bíblia de Jerusalém, pág. 1239.
[18] Bíblia de Jerusalém, págs. 1263/64.
[19] A Bíblia Anotada, pág. 746.
[20] Bíblia Pastoral, pág. 754.
[21] Bíblia Barsa, pág. 476.
[22] Bíblia Vozes, pág. 737/738.
[23] Bíblia Pastoral, pág. 1225.
[24] A Bíblia Anotada, pág. 1229.
[25] A Bíblia Anotada, pág. 1165.
[26] Bíblia de Jerusalém, pág. 1678.
[27] Bíblia Jerusalém, pág. 1754.
[28] Bíblia Barsa, pág. 769.
[29] Bíblia Vozes, pág. 679.
[30] Bíblia de Jerusalém, pág. 1352.
[31] Bíblia Vozes, pág. 1117.
[32] A Bíblia Anotada, pág. 1101.
[33] Bíblia de Jerusalém, pág. 1591.
[34] A Bíblia Anotada, pág. 1101.
[35] Bíblia Ave Maria, pág. 234.
[36] A Bíblia Anotada, pág. 717.
[37] A Bíblia Anotada, pág. 739.
[38] Bíblia Pastoral, págs. 704/05.
[39] Bíblia Pastoral, pág 1225.
[40] Bíblia Vozes, pág. 946.
[41] Bíblia Ave Maria, pág. 1021.
[42] Bíblia Pastoral, pág. 971.
[43] Bíblia de Jerusalém, pág. 1293.
[44] Bíblia de Jerusalém, pág. 860.
[45] A Bíblia Anotada, pág. 697.
[46] Bíblia Ave Maria, pág. 343.
[47] A Bíblia Anotada, pág. 415.
[48] A Bíblia Anotada, pág. 548.
[49] Vida e Obra de Jesus Cristo, pág. 34.
[50] Bíblia Vozes, pág. 185.
[51] Bíblia Vozes, pág. 79.
[52] Bíblia Pastoral, pág. 959.
[53] Bíblia Pastoral, pág. 1035.
[54] Bíblia Pastoral, pág. 1218.
[55] Bíblia Ave Maria, pág. 1067.
[56] Bíblia Vozes, pág. 709.
[57] A Bíblia Anotada, pág. 741.
[58] Bíblia Pastoral, pág. 1001/02.
[59] Bíblia Pastoral, pág. 841.
[60] Bíblia Pastoral, pág. 795.
[61] Bíblia Pastoral, pág. 959.
[62] Bíblia Pastoral, pág. 975/76.
[63] Bíblia Pastoral, pág. 672/3.
[64] Bíblia Vozes, pág. 693.
[65] A Bíblia Anotada, pág. 725.
[66] Bíblia de Jerusalém, pág. 909.
[67] A Bíblia Anotada, pág. 739.
[68] Bíblia Vozes, pág. 738.
[69] Bíblia de Jerusalém, pág. 1313.
[70] Bíblia Vozes, pág. 924.
[71] Bíblia Pastoral, pág. 983.
[72] Bíblia Vozes, pág. 1169.
[73] Bíblia Vozes, pág. 1171.
[74] Bíblia Vozes, pág. 1171.
[75] Bíblia Pastoral, pág. 978.
[76] Bíblia Vozes, pág. 920.
[77] A Bíblia Anotada, pág. 911.
[78] Bíblia Ave Maria, pág. 1021.
[79] Bíblia Vozes, pág. 947.
[80] A Bíblia Anotada, pág. 1166.
[81] A Bíblia Anotada, pág. 1134.
[82] Bíblia Pastoral, pág. 691.
[83] A Bíblia Anotada, pág. 768.
[84] A Bíblia Anotada, pág. 739.
[85] Bíblia Vozes, págs. 737/38.
[86] A Bíblia Anotada, pág. 720.
[87] A Bíblia Anotada, pág. 708.
[88] A Bíblia Anotada, pág. 708.
[89] A Bíblia Anotada, pág. 714.
[90] Bíblia Vozes, pág. 1132.
[91] Bíblia Pastoral, pág. 1185.
[92] Bíblia Pastoral, pág. 1187.
[93] Bíblia Pastoral, pág. 741.
[94] Bíblia Pastoral, pág. 795.
[95] Bíblia Pastoral, pág. 795.
[96] Bíblia Vozes, págs. 1103/04.
[97] Bíblia Vozes, pág. 1104.
[98] Bíblia Vozes, pág. 1104.
[99]Bíblia Pastoral, págs. 840/41.
[100] Bíblia de Jerusalém, págs. 1235/36.
[101] Bíblia de Jerusalém, pág.1238/39.
[102] Fonte: https://www.ubiratan.hpg.ig.com.br/artigohistoriacristianismo.
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[103] Livro dos Médiuns, págs. 265/66.