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Será que os profetas previram a vinda de Jesus?
Será que os profetas previram a vinda de Jesus?


Será que os profetas previram a vinda de

Jesus (Yeshuá)?

“Vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só

mentira, uma só teoria falsa. (...)”. Erasto

Introdução

Faremos uma análise de várias passagens bíblicas que são

citadas como profecias a respeito de Jesus (Yeshuá), o

Messias, que seria o enviado de Deus com a missão de

libertar os judeus do domínio estrangeiro, povo esse que teria

supremacia em relação aos demais povos.

Primeiramente, cumpre-nos ressaltar que, por mais paradoxal

que seja, cada uma das correntes religiosas tira da Bíblia, cuja

origem aceitam ser uma só, ou seja, de D-us, aquilo que

melhor lhe convém, principalmente, o que lhe parece justificar

seus dogmas.

Veja, caro leitor, a questão das profecias a respeito de

Jesus(Yeshuá), no Novo Testamento. Nós as encontramos em

número de trinta. Navegando pela Internet, visitamos um Site

católico[1] que nos apresenta uma lista de sessenta,

enquanto que um protestante[2] nos mostra apenas quinze.

Se num ponto tão importante como esse não se entendem,

imaginem quanto ao resto. E não custa lembrar que até nos

livros que compõem a Bíblia, as correntes religiosas cristãs

divergem, já que a dos católicos possui setenta e três livros,

enquanto que a dos protestantes contém sessenta e seis. Se

afirmam que sua origem é de total inspiração divina, como

pode esta mensagem, provinda de uma mesma fonte, causar

tantos desentendimentos e divergências entre as pessoas,

quando, na verdade, deveria ser justamente o contrário, ou

seja, deveria uni-las?

Uma coisa que nos chamou a atenção é o fato de que o povo,

a quem todas estas profecias foram dirigidas, não aceita Jesus

(Yeshuá) como sendo o Messias. Isso só é admitido pelas

correntes religiosas, as quais se convencionou chamar de

cristãs. Registramos que, num rápido lance de olhar,

percebemos que, ao que tudo indica, houve uma preocupação

de colocar, de todas as formas, Jesus(Yeshuá) como sendo o

Messias esperado.

Não sabemos como encontraram tantas profecias, inclusive,

diga-se de passagem, que muitas não são propriamente o que

se pode chamar de profecia, já que são passagens

relacionadas a fatos corriqueiros do dia-a-dia, não sendo,

portanto, uma previsão para um acontecimento futuro.

Acreditamos que, no desenrolar desse estudo, iremos

ressaltar algumas delas, a fim de que, você leitor, possa ter

elementos suficientes para tirar suas próprias conclusões.

Profecias constantes do Novo Testamento

Analisaremos, primeiramente, àquelas que, por coerência,

deveriam ser consideradas como profecias, já que constam

dos textos do Novo Testamento. E aqui poderíamos dizer, para

os que aceitam a Bíblia como a “palavra de D-us”, que

somente elas é que deveriam ser consideradas

verdadeiramente como profecias. Tomaremos essas como

base para nosso estudo que, conforme já falamos, são em

número de trinta, ou seja, o dobro das que os protestantes

consideram e apenas a metade das citadas pelos católicos.

Para a identificação das profecias usamos a Bíblia Sagrada –

Editora Ave Maria e para a transcrição dos textos a Bíblia

Sagrada, Edição Pastoral – Paulus Editora.

Mateus 1, 22-23: Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o

Senhor havia dito pelo profeta: “Vejam:

 

A virgem

conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado

Emanuel, que quer dizer: D-us está conosco”.

Profecia: Isaías 7, 14:

 

Pois saibam que Adonai lhes dará

um sinal:  A jovem concebeu e dará à luz um filho, e o

chamará pelo nome de Emanuel.

Na análise dessa passagem, iremos perceber que ela não diz

respeito a Jesus(Yeshuá). Mas, antes, para uma melhor

compreensão e para que não paire dúvida alguma, temos que

realçar o início desse versículo, já que ele é quase sempre

subtraído: Pois saibam que Adonailhes dará um sinal. Ora,

devemos concluir disso que D-us daria um sinal a alguém,

mas quem e por quê? Para saber as respostas, vamos recorrer

às informações constantes da Bíblia[3], em nota de rodapé,

sobre esse episódio. Diz lá:

O reino do Norte (Efraim), cujo rei era Facéia, se aliou a

Rason, rei de Aram, numa tentativa de se libertar do perigo

Assírio. Como o reino do Sul (Judá) não participou da coalizão

entre o reino do Norte e Aram, estes dois temeram que Judá

se tornasse aliado da Assíria; resolveram então atacar o reino

do Sul, para destronar o rei Acaz e colocar no seu lugar o filho

de Tabeel, rei de Tiro. Acaz teme o cerco e verifica a reserva

de água da cidade. Isaías vai ao seu encontro e o tranqüiliza,

mostrando que não haverá perigo, pois continua válida a

promessa de que a dinastia de Davi será perene, desde que

se coloque total confiança em Javé. O sinal prometido a Acaz

é o seu próprio filho, do qual a rainha (a jovem) está grávida.

Esse menino que está para nascer é o sinal de que D-us

permanece no meio do seu povo (Emanuel = D-us conosco).

Assim, pelo contexto bíblico e confirmado por essa nota,

podemos observar que D-us promete um sinal ao rei Acaz e

esse sinal é justamente o filho do rei que está por nascer. Fora

disso é distorcer a interpretação do texto. Além de que o fato

é próximo e não uma previsão para um acontecimento num

futuro longínquo, já que querem atribuir essa profecia a Jesus

(Yeshuá). E mais, o nome Jesus(Yeshuá) significa “D-us é

salvação”, diferente de Emanuel que, conforme o Dicionário

Bíblico Universal, quer dizer “D-us está conosco”, que é o

nome previsto na profecia, fato que o fanatismo cego não

deixa muitos perceberem.

E continuando. Na explicação do verbete Emanuel[4],

lemos:

“É o nome dado por Isaías a uma futura criança cujo

nascimento será, para o rei Acaz, o “sinal” da assistência

divina (Is 7, 14-17). A interpretação deste oráculo deve estar

ligada ao significado do nome e ao alcance que terá na

conjuntura daquele momento. O reino de Judá é ameaçado

pelos sírios e efraimitas aliados, que querem acertar contas

com a dinastia reinante, a mesma dinastia que se beneficia

das promessas feitas a Davi. Em vez de recorrer a essas

promessas, Acaz apela para a Assíria. Isaías condena este

modo de agir e proclama: D-us está presente; ele está

“conosco””.

“Qual será a criança cujo nascimento será portador de uma

mensagem como esta? Como é ao rei, contemporâneo de

Isaías, que o sinal será dado, o nascimento anunciado deve

ocorrer proximamente. Será Ezequias – afirma-se muitas

vezes, e com boas razões. Mas esta criança é descrita numa

linguagem poético-mítica, concretamente irrealizável. O

oráculo abre portanto uma perspectiva que vai além do rei em

questão. Graças a este oráculo, os crentes, insatisfeitos com

os reis históricos, esperarão por uma personagem que

finalmente satisfará a esperança deles. Mateus e os cristãos

posteriores a ele reconhecem em Jesus(Yeshuá) aquele que

realiza plenamente o anúncio de Isaías (Mt 1, 23)”.

Vê-se, portanto, que realmente não se refere a Jesus(Yeshuá)

essa profecia, apesar disso ser bem claro na explicação. Como

não ficaram satisfeitos com Ezequias, a quem se referia esta

profecia, foram postergando para uma outra época até que,

finalmente, a encaixaram na figura de Jesus(Yeshuá).

Querem passar por cima do contexto histórico, atropelando os

acontecimentos da época, para trazer para os dias de hoje

aquilo que desejam que os outros acreditem piamente.

Mas, é muito interessante ver como os segmentos religiosos

tradicionais se divergem a respeito da interpretação das

passagens bíblicas. Veja, por exemplo, o que dizem os

protestantes a respeito dessa profecia de Isaías:

“O sinal divino para Acaz seria de que uma virgem (quando a

profecia foi dada, referia-se provavelmente à mulher, na

ocasião virgem, que Isaías tomaria como segunda esposa,

8:1-4) conceberia um filho, que não teria mais que 12 ou 14

anos antes de Israel e Síria serem capturadas pela Assíria”.[5]

Aqui o filho é de Isaías, não do rei Acaz. Por fim agem como

os outros que sempre procuram relacionar determinadas

passagens como uma profecia a respeito de Jesus(Yeshuá),

conforme podemos confirmar na seqüência dessa nota:

“A virgem da profecia de Isaías é um tipo de Virgem Maria,

que, pelo Espírito Santo, concebeu milagrosamente a Jesus

Cristo (veja Mt 1:23). A palavra hebraica aqui traduzida por

virgem é encontrada também em Gn 24, 43; Ex 2:8; Sl 68,

25; Pv 30:19; Ct 1:3; 6:8, e em todas estas passagens

significa uma jovem solteira e casta”[6].

Só que aqui, nos deparamos com um problema. É a questão

do significado da palavra hebraica almah, para qual

encontramos esta outra explicação: “O termo hebraico

“almah” designa, quer a donzela, quer uma jovem casada

recentemente, sem explicitar mais”. [7] Assim, se evidencia

que é muito difícil estudar a Bíblia usando somente um

exemplar, qualquer que seja a denominação religiosa que a

tenha editado. Devemos ler várias, para ver se conseguimos

entender os textos como eles são e não como querem.

Mateus 2, 5-6: Eles responderam: “Em Belém, na Judéia,

porque assim está escrito por meio do profeta: ‘E você,

Belém, terra de Judá, não é de modo algum a menor entre as

principais cidades de Judá, porque de você sairá um Chefe,

que vai apascentar Israel, meu povo’”.

Profecia: Miquéias 5, 1: Mas você, Belém de Éfrata, tão

pequena entre as principais cidades de Judá! É de você que

sairá para mim aquele que há de ser o chefe de Israel. A

origem dele é antiga, desde tempos remotos.

Nesta segunda profecia perceberemos que, simplesmente,

pegam parte de um texto, que, fora do seu contexto, se aplica

muito bem aos seus propósitos, mas a realidade é

completamente outra. Para elucidar essa questão, a seqüência

da passagem pegando dos versículos 2 ao 5: Pois Deus os

entrega só até que a mãe dê à luz, e o resto dos irmãos volte

aos israelitas. De pé, ele governará com a própria força de

Adonai, com a majestade e o nome de Adonai, seu D-us. E

habitarão tranqüilos, pois ele estenderá o seu poder até as

extremidades da terra. Ele próprio será a paz. Se a Assíria

invadir o nosso território e quiser pisar o interior de nossos

palácios, poremos em luta contra eles sete pastores e oito

comandantes. Eles vão governar a Assíria com espada, a terra

de Ninrod com punhal. Ele nos livrará da Assíria, se invadirem

o nosso território, se atravessarem nossas fronteiras.

A pessoa de quem se está falando é a que livrará o povo

hebreu da Assíria. Nas pesquisas que fizemos, não

conseguimos estabelecer com precisão quem era. O mais

provável é que seja Ezequias, filho do rei Acaz, Rei de Judá

(721-693 a.C.), já que a profecia anterior, conforme pudemos

constatar, se refere a ele.

A Revista Superinteressante traz um artigo esclarecedor

intitulado “A verdadeira história de Jesus(Yeshuá)”, do qual

ressaltamos: “(...) E o segundo problema, ainda mais grave, é

que provavelmente Jesus(Yeshuá) não nasceu em Belém. “Há

quase um consenso entre os historiadores de que Jesus

nasceu em Nazaré”, diz o padre Jaldemir Vitório, do Centro de

Estudos Superiores da Companhia de Jesus(Yeshuá), em Belo

Horizonte. Então por que o evangelho de Mateus diz que o

nascimento foi em Belém? Vitório explica que o texto segue o

gênero literário conhecido por midrash. Basicamente, o

midrash é uma forma de contar a história da vida de alguém

usando como pano de fundo a biografia de outras

personalidades históricas. No caso de Jesus(Yeshuá), ele

explica, a referência a Belém é feita para associá-lo ao rei

Davi do Antigo Testamento – que, segundo a tradição, teria

nascido lá”. [8]

Não há como contestar os dados da história, não é

mesmo?

Mateus 2, 14-15: José levantou-se de noite, pegou o menino

e a mãe dele, e partiu para o Egito. Aí ficou até a morte de

Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito por meio

do profeta: “Do Egito chamei o meu filho”.

Profecia: Oséias 11, 1: Quando Israel era menino, eu o amei.

Do Egito chamei o meu filho; e no entanto, quanto mais eu

chamava, mais eles se afastavam de mim: ofereciam

sacrifícios aos balaains, queimavam incenso aos ídolos.

A explicação é que “Oséias compara a relação entre D-us e

Israel como a relação que existe entre pai e filho” [9]. (grifo

nosso). Veja como a passagem deixa isso bem claro. Trata-se,

portanto da libertação do povo judeu (chamado de Israel),

quando D-us, através do profeta Moisés, tira esse povo da

subjugação dos egípcios. E para confirmar isso, vejamos, em

seqüência, os versículos 2 e 3: “e no entanto, quanto mais eu

chamava, mais eles se afastavam de mim: ofereciam

sacrifícios aos balaains, queimavam incenso aos ídolos. E não

há dúvida, fui eu que ensinei Efraim a andar, segurando-o

pela mão. Mas eles não perceberam que era eu quem cuidava

deles. Eu os atraí com laços de bondade, com cordas de amor.

Fazia com eles como quem levanta até seu rosto uma criança;

para dar-lhes de comer, eu me abaixava até eles. Voltarão

para a terra do Egito, a Assíria será o seu rei, porque não

quiseram converter-se. A espada devastará suas cidades,

exterminará seus filhos e demolirá suas fortalezas. O meu

povo é difícil de se converter: é chamado a olhar para o alto,

mas ninguém levanta os olhos. Como poderia eu abandoná-lo,

Efraim? Como haveria de entregar você a outros, Israel? Será

que eu poderia tratá-lo como a Adama? Eu poderia tratá-lo

como a Seboim? O meu coração salta no meu peito, as

minhas entranhas se comovem dentro de mim. Não me

deixarei levar pelo ardor da minha ira, não vou destruir

Efraim. Eu sou D-us, e não um homem. Eu sou o Santo no

meio de você, e não um inimigo devastador. Eles seguirão a

Javé. E Javé rugirá como um leão. E quando ele rugir; eles

virão voando como pássaros; como pombos, eles virão do

país da Assíria. Então eu os farei morar nas suas próprias

casas – oráculo de Javé”.

Na narrativa, que acabamos de colocar, a fala está sendo

dirigida ao povo de Israel, não resta a menor dúvida. O que

consta do versículo 1, fora deste contexto, modifica

completamente o sentido que se deve dar à expressão “meu

filho”, mas isso parece ter sido de propósito, para se dar a

idéia de que é a respeito de Jesus(Yeshuá) que se fala, já que

esse era o objetivo que queriam atingir.

Mateus 2, 16-17: Quando Herodes percebeu que os magos o

haviam enganado, ficou furioso. Mandou matar todos os

meninos de Belém e de todo o território ao redor, de dois anos

para baixo, calculando a idade pelo que tinha averiguado dos

magos. Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta

Jeremias: “Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande

lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser

consolada, porque eles não existiam mais”.

Profecia: Jeremias 31, 15: Assim diz Adonay: Escutem!

Ouvem-se gemidos e pranto amargo em Ramá: é Raquel que

chora inconsolável por seus filhos que já não existem mais.

Pelo contexto o fato é: “Raquel, mãe de Benjamim e, por

José, avó de Efraim e Manasses, chora os homens dessas

tribos levadas para o exílio. Este trecho é citado em Mt 2, 18

por acomodação à dor das mulheres, cujos filhos Herodes

massacrara”. [10] Observar bem que na expressão “por

acomodação” já se denuncia que não é o sentido original do

texto. Trata-se aqui do exílio, na Babilônia, que o povo hebreu

está vivendo. Este era o motivo do choro de Raquel, portanto,

nada tem a ver com uma profecia a respeito da morte das

crianças no tempo de Jesus(Yeshuá).

Mateus 2, 22-23: Por isso, depois de receber aviso em sonho,

José partiu para a região da Galiléia, e foi morar numa cidade

chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi

dito pelos profetas: “Ele será chamado Nazareno”.

Profecia: Esta profecia não existe.

A que ponto chegaram: citar uma profecia que não existe,

comprovando que o fanatismo religioso é de longa data. Notase,

como já falamos anteriormente, a nítida preocupação de

citar inúmeras profecias na tentativa de identificar

Jesus(Yeshuá) como o Messias.

Mateus 4, 13-16: Deixou Nazaré, e foi morar em Cafarnaum,

que fica às margens do mar da Galiléia, nos confins de

Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta

Isaías: “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar,

região do outro lado do rio Jordão, Galiléia dos que não são

judeus! O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; e

uma luz brilhou para os que viviam na região escura da

morte”.

Profecias: Isaías 9, 1: O povo que andava nas trevas viu uma

grande luz, e uma luz brilhou para os que habitavam um país

tenebroso.

Em nota explicativa referente às passagens de Isaías 8, 23b-

9.6, encontramos: “Em 732 a.C., o rei da Assíria toma os

territórios da Galiléia e adjacências, incluindo Zabulon e

Neftali. O povo do Reino do Sul teme o avanço assírio, mas o

profeta mostra que Javé libertará os oprimidos e trará a paz.

O que leva Isaías a essa luminosa esperança é o nascimento

do Emanuel (cf. 7, 14), que é Ezequias, o filho herdeiro de

Acaz. O profeta prevê um chefe sábio, fiel a D-us, duradouro e

pacífico; ele perpetuará a dinastia de Davi, estendendo o

reinado deste até às regiões agora dominadas pela Assíria e

organizando uma sociedade fundada no direito e na justiça”.

[11] Assim, refere-se, como já deduzimos um pouco atrás, a

uma outra pessoa que não Jesus, trata-se do filho de Acaz

chamado Ezequias.

Ao citar Isaías 9, 1, não houve nenhuma preocupação em se

analisar o contexto da frase, pois fazer isso é fundamental

para o entendimento dela. Assim, vamos complementar com

os versículos de 2 a 6. Só que agora, iremos recorrer à Bíblia

Barsa, cujos versículos correspondentes são os números 3 a

7, por termos nela uma narrativa mais clara dos fatos

ocorridos àquele momento. Vamos à narrativa:

“Multiplicaste a gente, não aumentaste a alegria. Eles se

alegrarão quando tu lhes apareceres, bem como os que se

alegram no tempo da messe, bem como exultam os

vencedores com a presa que tomaram, quando repartem os

despojos. Porque tu quebraste o jugo do peso que o oprimia,

e a vara que lhe rasgava as espáduas, e o cetro do exator,

como o fizeste na jornada de Madian. Porque todo o violento

saque feito com tumulto e a vestidura manchada de sangue,

será entregue à queima, e ficará sendo o pasto do fogo.

Porquanto já UM PEQUENO se acha NASCIDO para nós, e um

filho nos foi dado a nós, e foi posto o principado sobre o seu

ombro: e o nome com que se apelide será admirável,

conselheiro, D-us forte, pai do futuro século, príncipe da paz.

O seu império se estenderá cada vez mais, e a paz não terá

fim: assentar-se-á sobre o trono de Davi, e sobre o seu reino:

para firmar e fortalecer em juízo e justiça, desde então e para

sempre. Fará isso o zelo do Senhor dos exércitos”. [12] (grifo

do original). Chamamos a sua atenção, caro leitor, para a

expressão “porquanto já um pequeno se acha nascido”, que

evidencia tudo o que já temos dito anteriormente, no que se

refere ao fato de que essa passagem não diz respeito mesmo

a Jesus, mas a uma outra pessoa.

Com relação aos títulos: “admirável conselheiro, D-us forte,

Pai do futuro século, Príncipe da Paz”, encontramos a seguinte

explicação: “Os quatro títulos aqui empregados imitam o

protocolo egípcio lido durante a coroação do novo Faraó.

Trata-se, pois, de um rei ideal que é aqui anunciado. O texto

refere-se, provavelmente, ainda ao mesmo Emanuel

prometido em Is 7, 14”. [13] Explicação que vem também

reforçar que não se trata de Jesus.

Mateus 8, 16-17: À tarde, levaram a Jesus(Yeshuá) muitas

pessoas que estavam possuídas por satã. Jesus(Yeshuá), com

a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os doentes,

para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: “Ele

tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas

doenças”.

Profecia: Isaías 53, 4: Todavia, eram as nossas doenças que

ele carregava, eram as nossas dores que ele levava em suas

costas.

Os versículos compreendidos entre Isaías 52, 13 – 53, 12, ou

seja, do versículo 13 do capítulo 52 ao versículo 12 do

capítulo 53 é explicado da seguinte forma: “apresentam o

Servo sofrendo vicariamente pelos pecados dos homens. A

interpretação judaica tradicional entende a passagem como

uma referência ao Messias, como, é claro, fizeram os

primeiros cristãos, que criam ser Jesus o referido Messias (At.

8, 35). Não foi senão no século XII que surgiu a opinião de

que o Servo aqui se refere à nação de Israel, opinião que se

tornou dominante no Judaísmo. O Servo, todavia, é distinto

do “meu povo” (53, 8), e é uma vítima inocente, algo que não

se podia dizer da nação (53, 9)”.[14] Interessante que

querem, de todas as maneiras, desvirtuar o texto para aplicálo

a Jesus(Yeshuá), quando, em verdade, se refere

especificamente à nação de Israel.

Também encontramos: Os capítulos 40-55 foram escritos por

profeta anônimo, na época do exílio na Babilônia,

apresentando uma mensagem de esperança e consolação.

Esse profeta é comumente chamado Segundo Isaías. O fim do

exílio é visto como um novo êxodo e, como no primeiro,

Adonai será o condutor e a garantia dessa nova libertação. O

povo de D-us, convertido, mas oprimido, é denominado

“Servo de Adonai”. [15] (grifos nosso). Veja que até divergem

quanto à questão da palavra “Servo”. Essa divergência se

torna ainda mais inexplicável, pois ambas as Bíblias que foram

consultadas são a “palavra de D-us”.

Já que falamos em Servo, e como este termo será utilizado

outras vezes, vamos ver nas explicações dadas sobre o Livro

de Isaías o seguinte: Merecem destaque os “Cânticos do

Servo de D-us” (42, 1-4; 49, 1-6; 50, 4-9a; 52, 13-53, 12).

Neles se descreve a vocação do Servo, sua missão de

pregador, sua função mediadora da salvação para os homens

e, especialmente, o caráter expiatório de seus sofrimentos e

de sua morte. O Servo às vezes parece ser Israel como povo,

ou enquanto elite; outras vezes um indivíduo, talvez o profeta

dos poemas, o rei Ciro, o rei Joaquim ou outro personagem

qualquer. Bom, aqui assumem não saberem exatamente a que

se refere a palavra Servo, mas apesar disso, continuam: Seja

como for, o Novo Testamento viu no Servo sofredor o tipo por

excelência dos sofrimentos e da morte redentora de Cristo.

Ora, ver “ser um tipo” não quer dizer que a profecia seja

exatamente a respeito de Jesus(Yeshuá). E mais, o Novo

Testamento não vê nada, quem viu foram alguns dos autores

do Novo Testamento ou, quem sabe, se não colocaram na

boca destes autores aquilo que lhes interessava.

Quanto a Ciro, que sabemos ter sido o rei da Pérsia, podemos

ver que, em Isaías 44, 28, ele é colocado como pastor do

rebanho de D-us, e mais especificamente em Isaías 45, 1,

está como ungido de D-us que, para melhor destaque,

grifamos:

 

Eis aqui o que diz o Senhor a Ciro meu cristo, a

quem tomei pela destra para lhe sujeitar ante a sua

face as gentes, e fazer voltar as costas aos reis, e abrir

diante dele as portas, e estas mesmas portas não se

fecharão. (texto da Bíblia Barsa).

Especificamente quanto ao capítulo 53 do livro de Isaías,

deverá ser, mais à frente, objeto de várias citações, para as

quais servem as explicações que estamos colocando aqui.

Mateus 12, 15-17: Jesus soube disso, e foi embora desse

lugar. Numerosas multidões o seguiram, e ele curou a todos.

Jesus ordenou que não dissessem quem ele era. Isso

aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías:

“Eis aqui o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual

minha alma se compraz. Colocarei sobre ele o meu Espírito, e

ele anunciará o julgamento às nações. Não discutirá, nem

gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. Não

esmagará a cana quebrada, nem apagará o pavio que ainda

fumega, até que leve o julgamento à vitória. E em seu nome

as nações depositarão a sua esperança”.

Profecia: Isaías 42, 1-4: Vejam o meu servo, a quem eu

sustento: ele é o meu escolhido, nele tenho o meu agrado. Eu

coloquei sobre ele o meu espírito, para que promova o direito

entre as nações. Ele não gritará nem clamará, nem fará ouvir

a sua voz na praça. Não quebrará a cana que já está rachada,

nem apagará o pavio que está para se apagar. Promoverá

fielmente o direito: não desanimará, nem se abaterá, até

implantar o direito na terra e a lei que as ilhas esperam.

Muitos se prendem à expressão “meu servo”, como aplicação

exclusiva a Jesus, entretanto podemos ver que várias outras

personagens bíblicas também foram chamadas de meu servo,

como por exemplo: Abraão, Moisés, Caleb, Davi, Naamã, o

próprio Isaías, Eliacim, Nabucodonosor, rei da Babilônia,

Zorobabel, Germe e, finalmente, Jó. Notemos que a expressão

“meu servo”, conforme já falamos, também é atribuída ao

próprio povo de Israel.

Uma nota sobre esta passagem explica: “É o primeiro “cântico

do Servo de Adonai”. Quem é esse Servo? De início,

provavelmente, uma pessoa; depois essa pessoa foi tomada

como figura coletiva, sendo aplicado a todo o povo pobre e

fiel. O Servo é a grande novidade que Adonai prepara: o

missionário escolhido que, graças ao Espírito de Adonai,

recebe a missão de fazer que surja uma sociedade conforme a

justiça e o direito. Ele não submeterá os fracos ao seu

domínio, mas o seu agir acabará produzindo uma

transformação radical: os cegos enxergarão e os presos serão

libertos Os evangelhos aplicam a Jesus(Yeshuá) a figura do

Servo (cfe. Mt. 3, 17 e paralelos; 12, 17-21; 17, 5)”.[16].

Falando-se a respeito do livro de Isaías, colocam: “No livro

estão inseridas quatro peças líricas, os “cânticos do Servo”

(42, 1-4 [5-9]); 49, 1-6; 50, 4-9 [10-11]; 52, 13-53, 12).

Eles apresentam um perfeito servo de Iahweh, que reúne o

seu povo e é a luz das nações, que prega a verdadeira fé,

expia por sua morte os pecados do povo e é glorificado por Dus.

Essas passagens estão incluídas entre as mais estudadas

do Antigo Testamento, e não existe acordo nem quanto à sua

origem nem quanto ao seu significado. A atribuição dos três

primeiros cânticos ao Segundo Isaías é muito verossímil; é

possível que o quarto seja obra de um dos seus discípulos. A

identificação do Servo é muito discutida. Muitas vezes se tem

visto nele uma figura da comunidade de Israel, à qual outras

passagens do Segundo Isaías dão, de fato, o título de “servo”.

Mas os traços individuais são marcados demais e é por isso

que outros exegetas, que formam atualmente a maioria,

reconhecem no Servo uma personagem histórica do passado

ou do presente; nesta perspectiva, a opinião mais atraente é

a que identifica o Servo com o próprio Segundo Isaías; o

quarto cântico teria sido apresentado após sua morte.

Combinaram-se assim as duas interpretações, considerando o

Servo como um indivíduo que incorporava os destinos de seu

povo. Seja como for, uma interpretação que se limitasse ao

passado ou ao presente não explicaria suficiente os textos. O

Servo é o mediador da salvação messiânica, que uma parte da

tradição judaica, dava destas passagens, afora o aspecto

sofrimento”.[17] (grifo nosso).

Apesar de sempre reconhecerem que a expressão o “Servo”

se aplica ao povo de Israel, sempre apresentam um senão.

Realmente, algumas vezes, é usado para um indivíduo,

entretanto não se trata de Jesus, mas de alguém da época

que viria libertá-los.

Mateus 13, 13-15: Eis por que vos falo em parábolas: Para

que vendo, não vejam, e ouvindo, não ouçam nem

compreendam. Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo

profeta Isaías: “Ouvireis com vossos ouvidos e não

entendereis, olhareis com os vossos olhos e não vereis,

porque o coração deste povo se endureceu: taparam os seus

ouvidos, e fecharam os seus olhos para que seus olhos não

vejam, e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração

compreenda; para que não se convertam e eu os sare”.

Profecia: Isaías 6, 8-10: Em seguida ouvi a voz do Senhor que

dizia: “Quem hei de enviar? Quem irá por nós?”, ao que

respondi: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Ele me disse: “Vai e

dize a este povo: Podereis ouvir certamente, mas não

entendereis; podereis ver certamente, mas não

compreendereis. Embora o coração deste povo, torna-lhe

pesados os ouvidos, tapa-lhe os olhos, para que não veja com

os olhos, não ouça com os ouvidos, seu coração não

compreenda, não se converta e não seja curado”.

Essa passagem de Isaías se refere a ele mesmo, no início de

sua vocação profética, conforme podemos comprovar em: “A

prontidão de Isaías lembra a fé de Abraão (Gn 12, 1-4) e

contrasta com as hesitações de Moisés (Ex 4, 10-12) e

sobretudo de Jeremias (Jr 1, 6). A pregação do profeta

embaterá na incompreensão de seus ouvidos. Os imperativos

aqui usados não devem causar ilusão, equivalem a indicações

(cf. 29, 9) D-us não quer essa incompreensão, ele a prevê, ela

serve aos seus desígnios. Ela desvela o pecado do coração e

precipita o julgamento; comparar com o endurecimento do

faraó (Ex 4, 21; 7, 3 etc.)”.[18]

Mateus 13, 34-35: Tudo isso Jesus(Yeshuá) falava em

parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas,

para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Abrirei a boca

para usar parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a

criação do mundo”.

Profecia: Salmo 77, 2: Abrirei os lábios, pronunciarei

sentenças, desvendarei os mistérios das origens.

No Salmo 77, “Asafe recorda a história antiga da nação para

advertir as gerações futuras contra a repetição da infidelidade.

Ele convida (vv. 1-11) o povo a recordar sua provação de

Deus no deserto (vv. 12-39), sua ingratidão durante o Êxodo

(vv.40-5), e a sua infidelidade durante o período dos juízes

(vv.56-72)”. [19] Novamente encontramos uma aplicação fora

do contexto, já que dizem que essa frase se refere a uma

profecia. Ora, nem mesmo disso o texto trata.

Vejamos, agora, a explicação dada para os versículos 1 e 2:

“A história é instrução que ensina o povo a viver. Não é,

porém, instrução direta. De fato, os acontecimentos são

parábolas, que exigem participação para se captar o sentido

delas. Tal sentido faz a história um enigma: é preciso ter a

chave da fé para perceber que a história é o processo através

do qual D-us age, levando o povo para a liberdade e a vida”.

[20] Assim, fica claro que não se trata de uma profecia.

E a título de curiosidade, vejamos como o versículo 1 é

colocado nas Bíblias:

Ave Maria: Abrirei os lábios, pronunciarei sentenças,

desvendarei os mistérios das origens.

Pastoral: Vou abrir minha boca em parábolas, vou expor

enigmas do passado.

Vozes: Vou abrir a boca para um provérbio e enunciar

enigmas de tempos idos.

“Pronunciarei sentenças”, “parábolas” e “provérbio” não são

palavras de mesmo sentido, ou seja, sinônimas, uma vez que

cada uma tem um sentido próprio.

Mateus 17, 5: Pedro ainda estava falando, quando uma

nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu

uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, que muito me

agrada. Escutem o que ele diz”.

Profecia: Isaías 42, 1: Vejam o meu servo, a quem eu

sustento: ele é o meu escolhido, nele tenho o meu agrado.

Novamente o capítulo 42 está sendo usado fora do contexto.

Em qualquer passagem bíblica que pegarmos e tirarmos uma

frase isolada do contexto, ela se aplicará ao que for do nosso

interesse, não é mesmo?

Mateus 21, 1-5: (...) Então Jesus(Yeshuá)s enviou dois

discípulos, dizendo: “Vão até o povoado, que está na frente de

vocês. E logo vão encontrar uma jumenta amarrada, e um

jumentinho com ela. Desamarrem, e tragam os dois para

mim. Se alguém lhes falar alguma coisa, vocês dirão: ‘O

Senhor precisa deles, mas logo os mandará de volta’”. Isso

aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta; “Digam

à filha de Sião: eis que o seu rei está chegando até você. Ele

é manso e está montado num jumento, num jumentinho, cria

de um animal de carga”.

Profecia: Zacarias 9, 9: Dance de alegria, cidade de Sião;

grite de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o seu rei

está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado

num jumento, num jumentinho, filho de uma jumenta.

A seqüência no versículo 10 nos dirá a quem se refere esta

passagem, vejamos: “Ele destruirá os carros de guerra de

Efraim e os cavalos de Jerusalém; quebrará o arco de guerra”.

Mas, quem seria esse guerreiro que destruirá os carros de

guerra? A nossa resposta é Alexandre Magno, o Grande. Nesta

época, ele marcha pela Síria, depois pela Fenícia, e finalmente

pela Filistia. Assim, pelos acontecimentos, não se trata de

profecia a respeito de Jesus. Como já dissemos, e agora

reafirmamos, qualquer texto que pegarmos, poderemos

aplicar ao que quisermos.

Mateus 21, 42: Então Jesus(Yeshuá) disse a eles: “Vocês

nunca leram na Escritura: ‘A pedra que os construtores

deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante; isso foi

feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’?”.

Profecia: Salmo 118, 22-23: A pedra que os construtores

rejeitaram tornou-se pedra angular. Isso vem de Adonai, e é

maravilha aos nossos olhos.

A explicação que encontramos para este Salmo é que “A

pedra...: diretamente é o povo israelita que foi rejeitado pelos

construtores de impérios como indigna de seus planos

grandiosos, mas foi por Deus escolhida para pedra angular do

reino messiânico. Israel é aqui um tipo do Cristo, que, em

sentido mais perfeito, afirmou ser a pedra angular”. [21] A

pedra angular, portanto, é o povo de Israel. Alguma dúvida?

Então, podemos acrescentar, para esclarecer essa questão:

“Canto solene de ação de graças, recitado alternadamente por

um solista e pelo coro, durante a procissão ao templo para

comemorar festivamente o dia da vitória de D-us sobre os

inimigos de seu povo, libertado de um grande perigo nacional.

Chegando à porta do santuário, a comitiva pede entrada, só

franqueada aos justos, que conformam sua vida às exigências

da lei divina. O motivo da exultação dos fiéis no templo é o

amor de D-us, manifestado na eleição de Israel dentre todos

os povos, para ser pedra angular no edifício da salvação da

humanidade. Os construtores do edifício da história humana

excluíam dos conchavos da política internacional um povo tão

insignificante como Israel, o qual, porém, seguindo os

desígnios de D-us, ocupa o lugar central na vida espiritual dos

povos, por ser a chave do processo de estabelecer o reino de

D-us na terra e o veículo de transmissão dos desígnios

salvíficos de Deus na história”. [22] Esse texto não deixa

nenhuma dúvida sobre quem era a pedra angular.

Mateus 26, 31: Então Jesus(Yeshuá) disse aos discípulos:

“Esta noite vocês todos vão ficar desorientados por minha

causa, porque a Escritura diz: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas

do rebanho se dispersarão’”.

Profecia: Zacarias 13, 7: Espada, desperte contra o meu

pastor e contra o homem da minha parentela – oráculo de

Adonai dos exércitos. Fira o pastor, para que as ovelhas se

dispersem, pois vou virar a minha mão contra os pequenos.

Para um melhor entendimento desta passagem, iremos juntar

várias notas, tiradas da mesma fonte, que explicam muito

bem o que está ocorrendo. Vejamos: “O primeiro ato exigido

para reunificação é reconhecer Adonai como único absoluto

(olharão para mim). Em seguida, reconhecer os pecados da

idolatria cometidos. O ‘transpassado’, aqui, designa o próprio

povo que, por seus pecados, sofreu a punição do exílio. O

processo de purificação não é simplesmente um ato; é uma

atitude, um processo contínuo, que exige a refontização da

própria vida em D-us (fonte). O processo é doloroso (espada

– v. 7 – e fogo – v. 9). Espada: os judeus deixaram de ter um

rei (pastor) depois da destruição de Jerusalém, e o povo mais

pobre, sem um ponto de união, se dispersou pelo país. Fogo:

é o exílio na Babilônia, onde foi testada a fidelidade de

Israel”.[23] Mais uma vez, nós percebemos que se fala do

povo de Israel, não é de uma pessoa específica, portanto não

se poderia aplicá-la a Jesus(Yeshuá).

Mas, se fazem questão de descobrir o cumprimento de

profecias, vamos ver o versículo 8 de Zacarias, que é a

seqüência do versículo citado: E acontecerá em toda a terra –

oráculo de Adonai – que dois terços serão eliminados e

somente um terço restará. Farei essa terça parte passar pelo

fogo, para apurá-la como se apura a prata, para prová-la

como se prova o ouro. Será quando isso aconteceu? Ou, se

não aconteceu, quando será que isso acontecerá? Veja: D-us

eliminando dois terços da humanidade só salvando um terço,

seria uma atitude justa? Um pai de misericórdia agiria assim

para com seus filhos?

Mateus 26, 55-56: E nessa hora, Jesus(Yeshuá) disse às

multidões: “Vocês saíram com espadas e paus para me

prender, como se eu fosse um bandido”. Todos os dias, no

Templo, eu me sentava para ensinar, e vocês não me

prenderam. Porém, tudo isso aconteceu para se cumprir o que

os profetas escreveram.

Profecia: Não especificada.

Não foi informada a qual profecia se refere essa passagem.

Não encontraram nada que pudesse se enquadrar nela. Sabe

por que, caro leitor? É porque ela não existe.

Mateus 27, 6-9: Recolhendo as moedas, os chefes dos

sacerdotes disseram: “É contra a Lei colocá-las no tesouro do

Templo, porque é preço de sangue”. Então discutiram em

conselho, e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, para aí

fazer o cemitério dos estrangeiros. É por isso que esse campo

até hoje é chamado de Campo de Sangue”. Assim se cumpriu

o que tinha dito o profeta Jeremias: “Eles pegaram as trinta

moedas de prata – preço com que os israelitas o avaliaram –

e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, conforme o

Senhor me ordenou”.

Profecia: Não se encontra nada igual nem parecido em

Jeremias.

Encontramos a seguinte explicação para esse fato: “Estas

palavras são encontradas em Zc 11:12-13, com alusões a Jr

18:1-4 e 19:1-3. Foram atribuídas a Jeremias pois, no tempo

de Jesus, os livros dos profetas eram iniciados com Jeremias,

não com Isaías como hoje, e a citação é identificada pelo

primeiro livro do volume, e não pelo nome do livro específico

do seu autor”. [24]

Vejamos então o que se pode encontrar em Zacarias 11, 12-

13: Então eu disse: “Se estão de acordo, façam o meu

pagamento; se não, deixem”. Então eles pesaram o dinheiro

do meu pagamento: trinta siclos de prata. E Adonai me disse:

“Envie ao fundidor este preço fabuloso com que fui avaliado

por eles”.

Mas, como explicação para essa passagem de Zacarias lemos:

“Por ter o povo rejeitado o ministério do bom pastor, ele pediu

por seu salário o preço de um simples escravo. Zacarias

representava o papel do Messias futuro”. [25]

Vejamos a seguinte nota: “Um governador tem direito a

ordenado (cf. Ne 5, 15). Aqui o ordenado pago alegoricamente

pelas classes dirigentes ao profeta (representando Iahweh) é

irrisório, o preço de um escravo. Em resumo, zombam de

Iahweh! Mt. 27, 3-10, aplicou os vv. 12-13 a Cristo(Messias),

do qual o profeta, tomando o lugar de Iahweh desprezado,

aparece aqui como o “tipo”. [26]

Todavia, ainda temos que completar essa nota, para isso,

vamos à nota que consta de Mateus: “Om. (omissão):

‘Jeremias’. Trata-se, de fato, de uma citação livre de Zc 11,

12-13, combinada com a idéia da compra de um campo

sugerida por Jr 32, 6-15. Isso juntamente com o fato de que

Jeremias fala em oleiros (18, 2s), que se encontravam na

região de Hacéldama (19, 1s), explica que todo o texto podia

ser-lhe atribuído por aproximação”. [27]

Percebemos que a realidade é bem diferente, já que não se

trata de uma profecia, mas de um fato ocorrido, em que

“Zacarias falando em nome de D-us pergunta se ainda

querem que Ele continue a governá-los, se sim, que Lhe dêem

o salário devido ao governador. As trintas moedas eram um

preço irrisório, mais de zombaria do que de recompensa, pois

eram a indenização que a lei estabelecia que se pagasse ao

dono de um escravo que alguém tivesse morto”. [28]

Entretanto, chega-se a misturar duas passagens bíblicas para

tentar justificar uma suposta profecia.

Mateus 27, 35: E, havendo-o crucificado, repartiram as suas

vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito

pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a

minha túnica lançaram sortes.

Profecia: Salmo 22, 19: Entre si repartem minhas vestes, e

sorteiam a minha túnica.

A título de curiosidade, informamos que o trecho sublinhado,

na citação de Mateus, não existe em algumas Bíblias. Aí

perguntamos: Como podem ser todas verdadeiras, se

divergem entre si?

Encontramos como explicação para o Salmo 22, cujo autor é o

profeta Davi, o seguinte: “Este Salmo é uma das expressões

mais profundas do sofrimento, nas orações bíblicas. É

composto de duas partes: lamentação individual (2.22) e

cântico de ação de graças (23.32). O salmista, abandonado e

solitário em sua dor, privado da presença divina, apela ao Dus

da santidade, lembrando-lhe as promessas relativas aos

justos. Depois de relatar seus sofrimentos morais e

espirituais, alude, em sucessão trágica, às dores físicas, aos

tormentos corporais e ao terror da morte. Do extremo da dor

passa à certeza da esperança: a salvação está assegurada e

já está próxima, tanto assim que já pode convidar a

comunidade dos fiéis a unir-se a ele no louvor a D-us, cujo

desígnio de salvação se estende ao mundo inteiro e às

gerações futuras”. [29] Qual a conclusão que podemos tirar

disso? É que todo o Salmo 22 se refere a Davi, que lamenta a

sua própria sorte, não sendo, portanto uma profecia. Veja que

até aqui, muitas passagens que são tidas como profecias, na

verdade não o são, são apenas fatos ou acontecimentos

localizados ou daquela época, nada mais que isso.

Devemos ressaltar também que, segundo Mateus e Marcos,

Jesus(Yeshuá) citando esse Salmo disse: “Meu D-us, meu Dus,

por que me abandonaste?”. Não sabemos se são

realmente palavras pronunciadas por Jesus ou se colocaram

em sua boca, já que percebemos a nítida preocupação em

identificá-lo como um Messias, objeto de várias profecias.

Marcos 15, 27-28: Com ele crucificaram dois bandidos, um à

direita e outro à esquerda. Desse modo cumpriu-se a

Escritura que diz: “Ele foi incluído entre os fora-da-lei”.

Profecia: Isaías 53, 12: Pois isso eu lhe darei multidões como

propriedade, e com os poderosos repartirá o despojo: porque

entregou seu pescoço à morte e foi contado entre os

pecadores, ele carregou os pecados de muitos e intercedeu

pelos pecadores.

Quanto ao capítulo 53 de Isaías, já tivemos oportunidade de

falar anteriormente, não cabe aqui nenhuma nova observação

(ver pág. 6).

Lucas 4, 16-21: Jesus(Yeshuá) foi à cidade de Nazaré, onde

se havia criado. Conforme seu costume, no sábado entrou na

sinagoga, e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro

do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus(Yeshuá) encontrou a

passagem onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre

mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a

Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a

libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista;

para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de graça

do Senhor”. Em seguida Jesus(Yeshuá) fechou o livro, o

entregou na mão do ajudante, e sentou-se. Todos os que

estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então Jesus

(Yeshuá)começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu essa

passagem da Escritura, que vocês acabaram de ouvir”.

Profecia: Isaías 61, 1-2: O Espírito do Senhor Javé está sobre

mim, porque Javé me ungiu. Ele me enviou para dar a boa

notícia aos pobres, para curar os corações feridos, para

proclamar a libertação dos escravos e pôr em liberdade os

prisioneiros, para promulgar o ano da graça de Javé, o dia da

vingança do nosso D-us, e para consolar todos os aflitos, os

aflitos de Sião.

Em consulta, no Novo Testamento, vemos que dos dois

discípulos diretos de Jesus(Yeshuá), Mateus e João, somente o

primeiro fala desse acontecimento, mas nada fala sobre a

leitura do livro de Isaías. Marcos e Lucas, que não foram

discípulos, como sabemos, compuseram suas narrativas por

pesquisas ou informações obtidas de outras pessoas e, quem

sabe, de textos já existentes. Marcos age como Mateus, ou

seja, registra o episódio sem citar a leitura. Somente Lucas é

quem cita a leitura, o que já nos deixa intrigados e num

questionamento sobre se o fato foi real ou não.

As explicações sobre essa passagem de Isaías podem nos

ajudar a entender o texto, vejamos: “O profeta, muito

provavelmente o autor dos caps. 60 e 62, anuncia que

recebeu de D-us uma mensagem de consolação (vv.1-3):

reconstruir-se-á (v. 4); os estrangeiros assegurarão as

necessidades materiais de Israel, transformando em povo de

sacerdotes e cumulado de glória (vv. 5-7); D-us toma a

palavra para estabelecer aliança eterna (vv. 8-9). Os vv. 10-

11 são uma ação de graças do profeta que fala em nome de

Sião. Este poema repercute os cânticos do Servo (cf. 42, 1;

42, 7; 49,49, e também 50, 4-11, onde quem fala é o Servo,

como aqui)”.[30] Do que concluímos que são citações que se

aplicam a Isaías e não uma profecia.

Mas, supondo que Jesus(Yeshuá)s tenha realmente lido essa

passagem de Isaías, isso por si só não a torna uma profecia.

O que ocorre é que Jesus(Yeshuá) aplicou à sua missão uma

origem divina, afirmando que estaria agindo pelo Espírito de

D-us, que permanecia sobre ele. Dá-nos uma certeza de que

era um enviado de D-us. Independentemente de alguma

profecia, isso poderia acontecer, mas nem sempre, o homem

está em plenas condições vibracionais de receber as

instruções do plano espiritual, transmitidas à humanidade por

vontade de D-us, por isso muitas vezes as deturpa ou as

modifica conforme sua maneira de pensar. Com isso não

estamos negando a valor inestimável de seus ensinamentos,

muito ao contrário, já que achamos que Ele é inigualável em

tudo que fez, disse ou exemplificou.

Lucas 18, 31-33: Tomando consigo os doze, disse-lhes: “Eis

que subimos a Jerusalém e se cumprirá tudo o que foi escrito

pelos Profetas a respeito do Filho do Homem. De fato, ele será

entregue aos gentios, escarnecido, ultrajado, coberto de

escarros, depois de açoitar, eles o matarão. E no terceiro dia

ressuscitará”.

Profecia: Não especificada.

Realmente não existe nenhuma profecia a respeito de que,

especificamente, alguém deveria ressuscitar no terceiro dia.

Entretanto em Oséias 6, 1-3 encontramos o seguinte

pensamento: “Eles, vendo-se na tribulação, dar-se-ão pressa

a recorrer a mim: Vinde, e tornemo-nos para o Senhor:

porque Ele é o que nos cativou, e o que nos sarará: Ele o que

nos feriu, e o que nos curará. Ele nos dará a vida em dois

dias: ao terceiro dia nos ressuscitará, e nós viveremos na sua

presença. (...)”. Vejamos o que encontramos a respeito dessa

passagem: a) “Para caracterizar a superficial conversão de

Israel, o profeta recorre a uma possível fórmula penitencial da

época (cf. 1Rs 8, 31-53; Jr 3, 21-25; Sl 85)” [31]; b) “Depois

de dois dias... terceiro dia. I.e., num curto espaço de tempo

(veja Lc 13, 32-33: 2 Pe 3, 8)” [32]; c) “A expressão “depois

de dois dias”, “no terceiro dia” (cf. Am 1, 3: “por três crimes

de Damasco e por quatro”) designa breve lapso de tempo.

Desde Tertuliano a tradição cristã aplicou este texto à

ressurreição de Cristo no terceiro dia. Mas o NT não o cita

jamais; neste contexto é lembrada a estada de Jonas no

ventre do peixe (Jn 2, 1 = Mt 12, 40). Contudo é possível que

a menção da ressurreição no terceiro dia “conforme as

escrituras” (1Cor 15, 4, cf.Lc. 24, 16) do querigma primitivo e

dos símbolos de fé se refira ao nosso texto interpretado de

acordo com as regras exegéticas da época”. [33]

O que tomam como ressurreição é na verdade outra coisa

bem diferente. Observar que até mesmo o significado da

expressão “depois de dois dias... terceiro dia” diz respeito ao

que ocorreria num curto espaço de tempo, não como uma

ressurreição ao terceiro dia. Mais claro isso fica quando

pegamos uma outra versão dessa passagem de Oséias:

“Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos

despedaçou, e nos sarará; fez a ferida, e ligará. Depois de

dois dias nos revigorará; ao terceiro dia levantará, e

viveremos diante dele”.[34] Aqui percebemos, nitidamente,

não se tratar de ressurreição, mas de levantar alguém que,

após vários castigos, fica quase desfalecido, sendo revigorado

por Deus, num curto espaço de tempo.

Lucas 24, 25.27.44-46: Ele, então, lhes disse: “Insensatos e

lentos de coração para crer tudo o que os profetas

anunciaram! E, começando por Moisés e percorrendo todos os

Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele

dizia respeito”. Depois disse-lhes: “São estas as palavras que

eu vos falei, quando ainda estava convosco: era preciso que

se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de

Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Então abriu-lhes a mente

para que entendessem as Escrituras, e disse-lhes: “Assim está

escrito que o Cristo devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao

terceiro dia, e que, em seu Nome, fosse proclamado o

arrependimento para a remissão dos pecados a todas as

nações, a começar por Jerusalém.

Profecia: Não especificada.

Apesar de também se tratar de mais uma profecia que não se

identifica onde ela se encontra, podemos colocar os

argumentos da anterior, já que aqui também é dito sobre

ressuscitar ao terceiro dia.

Por tudo que estamos vendo, não temos mais nenhuma

certeza de que Jesus(Yeshuá) tenha realmente dito qualquer

palavra sobre alguma profecia a Seu respeito, o que nos leva

a aceitar que, simplesmente, colocaram palavras adequadas,

às suas próprias conveniências, na boca do Rabino.

João 5, 46: Se vocês acreditassem em mim, porque foi a

respeito de mim que Moisés escreveu.

Profecia: Deuteronômio 18, 15: HaShem seu D-us fará surgir,

dentre seus irmãos, um profeta como eu em seu meio, e

vocês o ouvirão.

Se tivermos a preocupação de ler todo o contexto, iniciando,

para uma completa elucidação, a partir do versículo nove,

indo até o final do capítulo 18, veremos que não se trata de

um profeta em particular. Informação que podemos confirmar

pela nota: “Um profeta: esse texto anuncia a vinda, não de

uma determinada pessoa, mas de uma série de profetas, que

falavam, como Moisés, sob o impulso da inspiração”. [35] E,

para dirimir quaisquer dúvidas, podemos colocar o final desse

texto bíblico: “Eles têm razão: Do meio dos irmãos deles, eu

farei surgir para eles um profeta como você. Vou colocar

minhas palavras em sua boca, e ele dirá para eles tudo o que

eu lhe mandar. Se alguém não ouvir as minhas palavras, que

esse profeta pronunciar em meu nome, eu mesmo pedirei

contas a essa pessoa. Contudo, se o profeta tiver a ousadia de

dizer em meu nome alguma coisa que eu não tenha mandado,

ou se ele falar em nome de outros deuses, tal profeta deverá

ser morto. Talvez você se pergunte: ‘Como vamos distinguir

se uma palavra não é palavra de Adonai?’ Se o profeta falar

em nome de Adonai, mas a palavra não se cumpre e não se

realiza, trata-se então de uma palavra que HaShem não disse.

Tal profeta falou com presunção. Não tenha medo dele”.

Assim, não há que se falar em um profeta específico já que

aqui se trata de como distinguir quem é um verdadeiro

profeta. Portanto, valendo para todos os profetas posteriores

a Moisés. Não se aplica a uma profecia sobre a vinda de

Jesus(Yeshuá). Se aplicasse a Jesus(Yeshuá), a ameaça

atingiria a Ele.

Por outro lado, se Moisés fala em “um profeta como eu”, isso

equivale a dizer que seria um profeta igual a ele, entretanto,

na Bíblia temos o reconhecimento de que Jesus(Yeshuá) é

superior a Moisés. Quem duvidar é só verificar em Hebreus 3,

1-6.

João 12, 37-41: Apesar de Jesus(Yeshuá) ter realizado na

presença deles tantos sinais, não acreditaram nele. Assim se

cumpriu a palavra dita por Isaías: “Senhor, quem acreditou

em nossa mensagem? Para quem foi revelada a força

Senhor?” O próprio Isaías mostrou a razão pela qual eles não

podiam acreditar: “D-us cegou os olhos deles e endureceulhes

o coração, para que não vejam com os olhos e não

compreendam com o coração, a fim de que não se convertam,

e eu tenha que curá-los”. Isaías falou assim, porque viu a

glória de Jesus(Yeshuá) e falou a respeito dele.

Profecia: Isaías 53, 1: Quem acreditou em nossa

mensagem?

Para quem foi mostrado o braço de Javé? e

Isaías 6, 10: Torne insensível o coração desse povo,

ensurdeça os seus ouvidos, cegue seus olhos, para que ele

não veja com os olhos nem ouça com os ouvidos,nem

compreenda com o seu coração, nem se converta, de modo

que eu não o perdoe.

Esta passagem é parecida com Mateus 13, 13-15, cuja citação

da profecia de Isaías é a mesma, que comentamos mais no

início desse estudo. Quanto ao capítulo 53, de Isaías já

falamos anteriormente (ver pág. 6).

João 13, 18: Eu não falo de todos vocês. Eu conheço aqueles

que escolhi, mas é preciso que se cumpra o que está na

Escritura: “Aquele que come pão comigo, é o primeiro a me

trair!”.

Profecia: Salmo 41, 10: Até o meu amigo, em que eu

confiava e que comia do meu pão, é o primeiro a me

trair.

Situação acontecida com Davi. De fato, um amigo, o seu

próprio conselheiro, o trai, conforme podemos deduzir das

narrativas de 2 Samuel 15, 12.31: Enquanto fazia os

sacrifícios, Absalão mandou buscar, na cidade de Silo, o

gibionita, Aquitofel, que era conselheiro de Davi. A

conspiração se fortalecia e o partido de Absalão aumentava. E

disseram a Davi: “Aquitofel se uniu à conspiração de Absalão”.

Davi, então, rezou: “Javé, faze com que o plano de Aquitofel

fracasse”. É impressionante como tomam coisas que nada têm

a ver com o que querem demonstrar.

João 15, 23-25: Aquele que me odeia, odeia também a meu

Pai. Se eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum

outro fez, não teriam pecado: mas agora as viram e odiaram

a mim e a meu Pai. Mas foi para que se cumpra a palavra que

está escrita na Lei: ‘Odiaram-me sem motivo’.

Profecia: Salmo 35, 19: Que não se alegrem à minha custa

meus inimigos traidores. Que não pisquem os olhos aqueles

que me odeiam sem motivo! e Salmo 69, 5: Mais que os

cabelos da minha cabeça, são os que me odeiam sem motivo.

Mais duros que meus ossos, são os que injustamente me

atacam. (Deveria eu devolver aquilo que não roubei?).

Existe aqui uma coisa que não condiz com a realidade. Tratase

da expressão “está escrita na Lei”, atribuída a Jesus, pois o

correto não seria “na Lei”, já que a palavra Lei significava,

naquele tempo, o Pentateuco de Moisés, e as profecias citadas

não se encontram no Pentateuco, mas nos Salmos.

Com referência ao Salmo 35, encontramos: “Neste salmo

imprecatório, Davi pede ao Senhor que o livre e traga

destruição sobre seus inimigos (vv. 1-10), lamenta o ódio não

justificado de seus inimigos contra ele (vv.11-16) e volta a

solicitar a Deus livramento e justiça (vv. 17-28). É provável

que tenha sido escrito numa época em que Davi estava sendo

perseguido por Saul, sendo, em certo sentido, um

desenvolvimento de 1 Sm 24:15. A impressão não é contra o

próprio Saul (pois Davi poupara sua vida), mas contra aqueles

que fomentavam o ciúme doentio que Saul sentia de Davi”

[36]. É um fato presente vivido por Davi, não uma previsão

para uma ocorrência futura.

No Salmo 69, isso não é diferente, senão vejamos: “Este

lamento pode ser esboçado da seguinte maneira: o desespero

de Davi durante a perseguição (vv. 1-12), seu desejo de

punição (para seus inimigos) (vv.13-28), e sua declaração de

louvor (vv.29-36)”. [37] Portanto, nenhuma das duas citações

é realmente profecia, já que ambas se referem a situações

momentâneas, não para o futuro.

João 17, 12: Quando eu estava com eles, eu os guardava em

teu nome, o nome que me deste. Eu os protegi e nenhum

deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para que se

cumprisse a Escritura.

Profecia: Não especificada.

Aqui temos, mais uma vez, uma suposta profecia para a qual

não se encontra nenhuma passagem que possamos relacionar

a ela.

João 18, 8-9: Jesus(Yeshuá)s falou: “Já lhes disse que sou eu.

Se vocês estão me procurando, deixem os outros ir embora”.

Era para se cumprir a Escritura que diz: “Não pedi nenhum

daqueles que me destes”.

Profecia: Não especificada.

Vale as mesmas observações da passagem anterior.

João 19, 33-36: Vendo que Jesus(Yeshuá) estava morto, não

lhe quebraram as pernas, mas um soldado lhe atravessou o

lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. E

aquele que viu, dá testemunho, e o seu testemunho é

verdadeiro. E ele sabe que diz a verdade, para que também

vocês acreditem. Aconteceu isso para se cumprir a Escritura

que diz: “Não quebraram nenhum osso dele”. E outra

passagem que diz: “Olharão para aquele que transpassaram”.

Profecia: Êxodo 12, 46: Cada cordeiro deverá ser comido

dentro de uma casa; e nenhum pedaço de carne deverá ser

levado para fora; e dele não se deverá quebrar nenhum osso;

Salmo 34, 21: Javé protege os ossos do justo: nenhum deles

será quebrado e Zacarias 12, 10: Quanto àquele que

transpassaram, chorarão por ele como se chora pelo filho

único; vão chorá-lo amargamente, como se chora por um

primogênito.

É incrível, repetimos, como buscam relacionar determinadas

passagens como sendo profecia, quando a realidade é bem

outra, ou seja, são fatos do dia-a-dia e não profecia

relacionada a algum evento futuro, quando relacionada ao

futuro, ele estava próximo, não longínquo. Vejamos, pela

enésima vez, mais um exemplo, o passo Êxodo 12, 46. Nós

não podemos pegá-lo isolado do seu contexto, pois agindo

assim estaremos desvirtuando sua interpretação ou até

mesmo querendo “forçar a barra”, para que esse fato se

amolde ao que queremos. Portanto, vamos iniciar a partir do

versículo 43: Javé disse a Moisés e Aarão: “Assim será o ritual

da Páscoa: nenhum estrangeiro comerá dela. Os escravos que

você tiver comprado por dinheiro, poderão comer dela se

forem circuncidados. Quem estiver de passagem e os

mercenários não comerão dela”. Agora sim, é que se segue o

versículo 46, já citado. Nesta passagem estão as

determinações de Javé a respeito de como os judeus

deveriam celebrar a Páscoa, com instruções bem específicas a

respeito dos cordeiros, que deveriam ser mortos para serem

comidos durante a celebração. É em relação a esses cordeiros,

que D-us determina que nenhum dos ossos deveria ser

quebrado. Fora disso, podemos concluir que são apenas

conjecturas pessoais; dos teólogos, dos autores bíblicos, ou

dos tradutores.

Quanto ao Salmo 34, 21, é uma oração de agradecimento que

Davi faz a D-us, por ter ficado livre de Abimelec, que o

perseguia, e para se livrar dele Davi fingiu de louco. A

respeito dos vv. 12-23, explicam: “Grande catequese,

centrada no temor de Javé. Trata-se de reconhecer que D-us é

D-us, e que o homem não é D-us. Em seguida, é preciso

empenhar a própria vida na luta pela verdade e justiça, para

que todos possam viver dignamente. Essa é a luta que

constrói a paz. Nessa luta Javé toma partido dos justos,

ouvindo o seu clamor, libertando-os e protegendo-os. Por

outro lado, Javé se posiciona contra os injustos, que são

destruídos pelo próprio mal que produzem”. [38] O que

demonstra tratar-se de algo relacionado ao próprio salmista

Davi.

E em relação a Zacarias 12, 10, encontramos a seguinte

explicação para os versículos de 12, 9 a 13, 1: “O primeiro ato

exigido para a reunificação é reconhecer Javé como único

Absoluto (olharão para mim). Em seguida, reconhecer os

pecados da idolatria cometidos. O “transpassado”, aqui,

designa o próprio povo que, por seus pecados, sofreu a

punição do exílio”. [39] Ficando, portanto, claro que

“transpassado” é o próprio povo e não uma profecia a respeito

de Jesus(Yeshuá), fato que já concluímos anteriormente em

análise de outra passagem.

Atos 8, 30-35: Filipe correu, ouviu o eunuco ler o profeta

Isaías, e perguntou: “Você entende o que está lendo?” O

eunuco respondeu: “Como posso entender, se ninguém me

explica?” Então convidou Filipe a subir e sentar-se junto a ele.

A passagem da Escritura que o eunuco estava lendo era esta:

“Ele foi levado como ovelha ao matadouro. E como um

cordeiro perante o seu tosquiador, ele ficava mudo e não abria

a boca. Eles o humilharam e lhe negaram a justiça. Quem

poderá contar seus seguidores? Porque eles o arrancaram da

terra dos vivos”. Então o eunuco disse a Filipe: “Por favor, me

explique: de quem o profeta está dizendo isso? Ele fala de si

mesmo, ou se refere a outra pessoa? Então Filipe foi

explicando. E, tomando essa passagem da Escritura como

ponto de partida anunciou Jesus(Yeshuá) ao eunuco.

Profecia: Isaías 53, 7-12: Foi oprimido e humilhado, mas não

abriu a boca; tal como cordeiro, ele foi levado para o

matadouro; como ovelha muda diante do tosquiador, ele não

abriu a boca. Foi preso, julgado injustamente; e quem se

preocupou com a vida dele? Pois foi cortado da terra dos vivos

e ferido de morte por causa da revolta do meu povo. A

sepultura dele foi colocada junto com a dos ímpios, e seu

túmulo junto com o dos ricos, embora nunca tivesse cometido

injustiça e nunca a mentira estivesse em sua boca. No

entanto, Javé queria esmagá-lo com o sofrimento: se ele

entrega a sua vida em reparação pelos pecados então

conhecerá os seus descendentes, prolongará a sua existência

e, por meio dele, o projeto de Javé triunfará. Pelas amarguras

suportadas, ele verá a luz e ficará saciado, Pelo seu

conhecimento, o meu servo justo devolverá a muitos a

verdadeira justiça, pois carregou o crime deles. Por isso eu lhe

darei multidões como propriedade, e com os poderosos

repartirá o despojo: porque entregou seu pescoço à morte e

foi contado entre os pecadores, ele carregou os pecados de

muitos e intercedeu pelos pecadores.

A respeito do capítulo 53 do livro de Isaías já fizemos

anteriormente nossos comentários (ver pág. 6). Não o

faremos novamente, para não nos tornarmos mais repetitivo

do que o necessário.

Romanos 11, 26: Então, todo o Israel será salvo, como diz a

Escritura: “De Sião sairá o libertador, ele vai tirar as

impiedades de Jacó; essa será a minha aliança com eles,

quando eu perdoar os seus pecados”.

Profecia: Isaías 59, 20-21: Mas de Sião virá um redentor, a

fim de agastar os crimes cometidos, contra Jacó – oráculo de

Javé. Da minha parte, esta é a minha aliança com eles, diz

Javé: O meu Espírito está sobre você, e as minhas palavras,

que eu coloquei em sua boca, jamais se afastarão dela, nem

da boca de seus filhos, nem da boca de seus netos, desde

agora e para sempre, diz Javé, e Isaías 27, 9: Pois é assim

que a culpa de Jacó será apagada; será esse o fruto por ele se

agastar do seu pecado, quando ele reduziu todas as pedras do

altar a pedras de cal que se transformaram em pó, quando

não mais erguer postes sagrados e altares de incenso.

As explicações para o capítulo 59, versículos 1-21, são dadas

da seguinte maneira: “Aqui temos uma espécie de liturgia

penitencial (cf. Jl 1-2; Jr 36) onde os temas do pecado e seu

castigo se sucedem e alternam. Na situação difícil dos

primeiros decênios do pós-exílio o povo tem a impressão que

a D-us falta poder e vontade para trazer tempos melhores (v.

1). Mas como em 50, 1-2 também aqui o profeta responde

que a salvação demora por causa dos pecados do povo contra

D-us e contra o próximo”. [40] A explicação é suficiente para

chegarmos à conclusão que não se trata de uma profecia, mas

de liturgia penitencial. E, novamente, a título de curiosidade,

temos a informação que o versículo 21, “prosaico e obscuro,

parece um acréscimo”. [41] Precisamos dizer mais alguma

coisa?

Duas explicações semelhantes encontramos para a passagem

Isaías 27, 6-9. A primeira diz: “D-us corrige os erros do seu

povo, e muito mais os erros de seus inimigos, pois seu povo

conhece seu projeto, enquanto os inimigos o desconhecem.

Todavia, se a comunidade abandona os ídolos, D-us lhe envia

o perdão e a renovação da vida”.[42] A segunda nos trás: “A

interpretação deste passo é embaraçada pela aparente

desordem e pelo estado corrompido do texto. Parece que os

vv. 7-8.10-11 dizem respeito ao castigo dos opressores de

Israel, identificados com a “cidade fortificada” deste

apocalipse (v.10) Os vv. 6 e 9, que são uma promessa a

Israel, cuja iniqüidade está sendo expiada, poderiam estar

preparando o oráculo de 12-13”. [43] Donde podemos concluir

que também aqui nada de se referir a uma profecia.

Como falamos a respeito de que algumas passagens que não

são propriamente uma profecia, e mais à frente iremos ver

várias outras, é necessário definirmos o que seja profecia.

Segundo o Dicionário Aurélio, profecia é: Predição do futuro

feita por um profeta; oráculo, vaticínio, presságio. Já no

Dicionário Prático, constante da Bíblia da Barsa, explicam:

“Propriamente é o ato ou efeito de falar em nome de outrem.

Assim Aarão é chamado, por D-us, o profeta de Moisés, por

falar em nome deste (Ex 4, 10-15; 7, 1), mas, em geral, o

nome de profeta é reservado ao que fala em nome de D-us.

Hoje, porém, entende-se por profecia apenas a predição de

algum acontecimento futuro, que depende da livre vontade de

D-us ou do homem, e que, por conseguinte, só pode ser

conhecida por divina revelação. Esta predição do futuro

entrava nas profecias antigas apenas como prova de que o

profeta era autêntico e que suas palavras, ordens ou

conselhos provinham, de fato, de D-us, uma vez que só D-us

pode conhecer o futuro. Com o decorrer do tempo, a palavra

profecia passou a designar apenas esta parte da profecia”.

“As profecias podem ser: condicionais, por ex.: a cidade de

Nínive teria sido destruída se seus habitantes não tivessem

feito penitência à pregação de Jonas (Jon 3): absolutas, por

ex.: Cristo predisse sua morte e ressurreição. As duas

espécies de profecias podem ser encontradas no Antigo como

em o Novo Testamento. As profecias que anunciam a vida de

Cristo são chamadas Messiânicas. O livro de Isaías abunda em

profecias messiânicas e, por esta razão, é algumas vezes

chamado o quinto evangelho. O próprio Jesus(Yeshuá),

freqüentemente, apelou para as profecias como prova de sua

divindade e de sua missão divina: “Investigai as Escrituras...

São elas que dão testemunho de mim. (Jo 5, 39)”.

Para que as coisas fiquem claras, esclarecemos que todas as

vezes que se diz de profecias a respeito de Jesus(Yeshuá),

estão dizendo das previsões que os profetas fizeram para o

futuro, portanto, podemos concluir que são profecias

absolutas.

Profecias acrescidas pelo fanatismo cego

Passaremos agora para a análise de outras profecias

atribuídas a Jesus(Yeshuá). Elas não constam do Novo

Testamento, as que constam já acabamos de levantar, são

essas que o fanatismo dos teólogos acrescenta às primeiras

para aumentar o número delas, de maneira a impressionar os

crentes, que em sua maioria não questionam absolutamente

nada, aceitam tudo o que dizem. Em outras palavras, é

produto de interpretações pessoais.

Faremos essa análise de forma diferente das que acabamos

de ver, há pouco, sem citar o correspondente cumprimento, já

que os textos são suficientes para a verificação que nos

propomos, de um lado, e de outro, para não cansar o leitor

mais do que o necessário.

Nascido de Mulher

Gênesis 3, 15: Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua

descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás

o calcanhar.

Essa passagem não é uma profecia. Pelo contexto, trata-se de

Deus falando a Eva sobre os castigos que ela deveria sofrer

por ter “pecado”. Veja que, se seguirmos esta mesma linha de

pensamento, podemos dizer que ela se aplica a qualquer

pessoa humana, já que, ao que nós sabemos, todos nós

nascemos de mulher.

Filho de Deus

Salmo 2, 7: Vou publicar o decreto do Senhor: Disse-me o

Senhor: “Tu és meu filho, eu hoje te gerei”.

2 Samuel 7, 12-16: Quando chegar o fim de teus dias e

repousares com os teus pais, então suscitarei depois de ti a

tua posteridade, aquele que sair de tuas entranhas, e firmarei

o seu reino. Ele me construirá um templo, e firmarei para

sempre o seu trono real. Eu serei para ele um pai e ele será

para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, castigá-lo-ei

com vara de homens, e com açoites de homens, mas não lhe

tirarei a minha graça, como a retirei de Saul, a quem afastarei

de ti. Tua casa e teu reino estão estabelecidos para sempre

diante de mim, e o teu trono está firme para sempre.

1 Crônicas 17, 11-14: Quando teus dias se acabarem e tiveres

ido juntar-te a teus pais, levantarei tua posteridade após ti,

um de teus filhos, e firmarei seu reino. É ele que me

construirá uma casa e firmarei seu trono para sempre. Serei

para ele um pai, e ele será para mim um filho; e nunca

retirarei dele o meu favor como retirei daquele que reinou

antes de ti. Eu o estabelecerei na minha casa e no meu reino

para sempre, e seu trono será firme por todos os séculos.

A respeito dos Salmos régios, explicam: “Há certo número de

cânticos “régios” espalhados no Saltério e que pertencem a

diversos gêneros literários. Há oráculos em favor do rei (Sl 2 e

110), orações pelo rei (Sl 20; 61; 72), uma ação de graças

pelo rei (Sl 21), orações do rei (Sl 18; 28; 63; 101), um canto

real de procissão (Sl 132), um hino régio (Sl 144). Seriam

poemas antigos, datando da época monárquica e refletindo a

linguagem e o cerimonial da corte. Teriam em vista um rei da

época e os Sl 2; 72; 110 podem ter sido salmos de

entronização. O rei é chamado filho adotivo de D-us, seu reino

será sem fim, seu poder se estenderá até os confins da terra;

fará triunfar a paz e a justiça, será o salvador do povo. Tais

expressões podem parecer extravagantes, mas não vão além

do que os povos vizinhos diziam de seu soberano e do que

Israel esperava do seu. Mas em Israel o rei recebe a unção,

que faz dele o vassalo de Iahweh e seu representante na

terra. Ele é o Ungido de Iahweh, em hebraico o “Messias”, e

esta relação religiosa estabelecida com D-us especifica a

concepção israelita e a diferença das do Egito ou da

Mesopotâmia, não obstante o uso da fraseologia comum. O

“messianismo régio”, que começa com a profecia de Natã (2

Sm 7), exprime-se nos comentários que dão sobre ela os Sl

89 e 132 e especialmente nos Sl 2; 72 e 110. Eles mantinham

o povo na esperança das promessas feitas à dinastia de Davi.

Se define o messianismo como a espera de rei futuro, de um

último rei que haveria de trazer a salvação definitiva e que

instauraria o reino de D-us sobre a terra, nenhum desses

salmos seria propriamente “messiânico”. Mas alguns destes

antigos cânticos régios, continuando a ser utilizados depois da

queda da monarquia e sendo incorporados no Saltério, talvez

com retoques e adições, alimentaram a idéia de Messias

individual, descendente de Davi.. Esta esperança estava viva

entre os judeus às vésperas do começo da nossa era e os

cristãos viram sua realização em Cristo (título que significa

Ungido em grego, como Messias em hebraico)”. [44]

Ora, isso também confirma o que dissemos anteriormente a

respeito de que sempre esperavam um outro novo Messias, já

que aquele que acreditavam ser naquele momento, não

correspondia às expectativas que tinham a respeito de um

messias libertador, e que colocasse o povo judeu em

supremacia sobre os demais povos, já que se julgavam como

sendo o “povo eleito” de D-us.

A expressão “eu hoje te gerei” é uma referência ao dia

da coroação. [45]

Em 2 Samuel 7, 12-16, encontramos a seguinte explicação

para: “Eu serei para ele um pai”: a saber, Salomão. [46]

Assim, a pessoa de quem aqui se fala é Salomão, filho de

Davi, portanto descendente de Davi, que se tornou rei dos

Judeus. E, para reforçar, colocamos esta outra explicação:

“Esta grande aliança que D-us, em graça, estabeleceu com

Davi incluía as seguintes provisões: (1) Davi terá um filho que

o sucederia e estabeleceria o seu reino, v.12; (2) esse filho

(Salomão), e não Davi, construiria o templo, v. 13a; (3) o

trono do reino de Salomão seria estabelecido para sempre, v.

13b; (4) embora os pecados de Davi justificassem a disciplina,

a misericórdia divina (heb., hesed) seria eterna, vv. 14-15 a

casa, o reino e o trono de Davi seriam estabelecidos para

sempre (v.16). [47]

Para a passagem 1 Crônicas 17, 11-14, encontramos: “Para

uma explicação acerca desta grande aliança feita por D-us

com Davi, veja a nota sobre 2 Samuel 7, 12-16”.[48] É a

explicação imediatamente anterior. Observar que os textos

das duas passagens são idênticos.

A respeito deste assunto, podemos ainda acrescentar: “O

Historiador Arnold Toynbee diz que foi no cristianismo Paulino

que Jesus(Yeshuá) se tornou D-us Encarnado: em vida, ele

explica, Jesus não poderia ter aceitado essa condição, uma

vez que era Judeu. O estudioso diz que nas próprias escrituras

cristãs, pelo menos, por duas vezes Jesus(Yeshuá) repudiou a

sugestão de que fosse divino. Jesus(Yeshuá) era um rabino

judeu e, como os demais rabinos de sua época, pode ter se

denominado Filho de Javé, o que não deveria ser interpretado

ao pé da letra, mas em sentido figurado”. [49] (grifo nosso).

Mais uma vez, provamos que interpretam a Bíblia às suas

conveniências, já que ser denominado de Filho de Javé (D-us)

não era algo aplicado somente a Jesus(Yeshuá).

Filho de Abraão

Gênesis 12, 2s: Farei de ti uma grande nação; eu te

abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de

bênçãos. Abençoarei aqueles que te abençoarem, e

amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem; todas as famílias

da terra serão benditas em ti. (ver. 2-3).

Gênesis 22, 18: e todas as nações da terra desejarão ser

benditas como ela, porque obedeceste à minha voz.

A promessa que aqui se faz é para o patriarca Abraão, D-us

promete que sua descendência se tornaria uma grande nação.

Não se trata, portanto, de uma profecia a respeito de

Jesus(Yeshuá), como querem atribuir. Por outro lado, ao que a

História registra, o povo judeu não se tornou uma grande

nação, fracassando, assim, pelo visto, a promessa de Deus.

Filho de Isaac

Gênesis, 21, 12: Mas D-us disse-lhe: “Não te preocupes com

o menino e com a tua escrava. Faze tudo o que Sara te pedir,

pois é de Isaac que nascerá a posteridade que terá o teu

nome”.

Prevalecem as explicações do item anterior, pois nesta

passagem D-us continua fazendo promessas a Abraão.

Filho de Jacó

Gênesis 35, 11: D-us disse-lhes “Eu sou o D-us todopoderoso.

Sê fecundo e multiplica-te. De ti nascerão um povo

e uma assembléia de povos; e de teus rins sairão reis”.

Números 24, 17: Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o,

mas não de perto: Um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se

de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça

guerreira.

Em Gênesis existe renovação da promessa feita por D-us a

Abraão, agora na pessoa de seu neto Jacó.

Algumas Bíblias trazem “uma estrela” ao invés de um astro,

para o versículo de Números, ao qual explicam: “A estrela no

Oriente é sinal dos deuses e dos reis (Gn 49, 1; Is 14, 7).

Aqui o oráculo se refere à vitória de Davi contra Moab (2 Sm

8, 2)”. [50] De fato, a passagem só pode se referir a algo

próximo, pois fala em fraturar a cabeça de Moab, o líder de

uma raça guerreira.

Da tribo de Judá

Gênesis 49, 10: O cedro não se afastará de Judá nem o

bastão de comando de entre seus pés até que venha o leão a

quem prestarão obediência os povos.

Antes, é bom esclarecermos que esse texto está conforme a

Bíblia Vozes, já que ele se encontra narrado de diversas

maneiras em outras Bíblias. Mas, vejamos as explicações: O

texto é muito difícil e se prestou a muitas conjeturas. A

tradução, até que venha o leão, resulta da leitura invertida do

misterioso termo siyloh; lendo-se halayis (= leão), obtém-se

um sentido que concorda com o contexto (v. 9). Teríamos aqui

um caso de metátese, fenômeno que permite a compreensão

de alguns textos difíceis da Bíblia. O v. 10 foi entendido em

relação ao descendente principal de Judá, Davi (Nm 23, 24;

24, 9.17), e este enquanto figura do Messias (cf. Jo 9, 7).

[51] Do que podemos concluir, que no texto é de Davi que se

fala, não de Jesus(Yeshuá).

Descendente de Jessé

Isaías 11, 1: Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um

rebento brotará de suas raízes.

A explicação para Isaías 11, 1-9 é a seguinte: Isaías projeta

para o reinado de Ezequias o ideal utópico de uma sociedade

que chegou à realização plena (cf. 6, 13; 7, 14 e em nota 8,

23b-9,6). Esse reinado se fundará no total espírito de Javé

(sete dons), que fará surgir uma sociedade alicerçada na

justiça, produzindo paz e harmonia. [52] Até este ponto da

explicação podemos ver claramente que não é a respeito de

Jesus(Yeshuá) que se fala, mas de Ezequias, filho do rei Acaz.

Mas, como já dissemos, sempre procuram levar essas

passagens para a figura de Jesus(Yeshuá), conforme podemos

ver na seqüência da explicação: O Novo Testamento vê o

cumprimento do oráculo na pessoa de Jesus (cf. Mt. 3, 16); é

a partir da ação dele que se constrói o mundo novo, onde

todas as coisas se reconciliam (Ef 1, 10; Cl 1, 20).

Filho de Davi

Jeremias 23, 5: Dias virão – oráculo do Senhor – em que farei

brotar de Davi um rebento justo que será rei e governará com

sabedoria e exercerá na terra o direito e a equidade.

2 Samuel 7, 16s: Tua casa e teu reino estão estabelecidos

para sempre diante de mim, e o teu trono está firme para

sempre. Natã comunicou a Davi todas as palavras desta

revelação

Salmo 132, 11 (131, 11): O Senhor fez a Davi um juramento,

de que não há de se retratar: “Colocarei em teu trono um

descendente de tua raça”.

Vejamos o que se encontra como explicação para o texto de

Jeremias: O oráculo é, provavelmente, pós-exílio. Apresenta

uma avaliação negativa dos reis de Judá, mostrando que a

política deles foi a principal responsável pela queda de

Jerusalém e pelo exílio. Os. Vv. 5-6 manifestam a esperança

de um futuro rei justo, que governará o povo conforme a

justiça e o direito. [53] Como a Bíblia Anotada faz, nesta

passagem, uma referência a Zacarias 3, 8, vejamos o que

podemos encontrar como explicação para os capítulos 3 e 4: A

comunidade pós-exílica centrou suas esperanças de libertação

em duas pessoas: Zorobabel e Josué. Zorobabel descendente

de Davi, retomaria o poder civil, e Josué daria ao Templo a

glória que ele teve na época de Salomão. Entretanto, o

império persa viu nessa proposta política uma tentativa de

rebelião e impediu que prosseguisse (talvez, por isso,

Zorobabel tenha sido morto). Sem outra perspectiva, a

comunidade judaica voltou as vistas unicamente para o lado

religioso (Josué), com o consentimento dos persas. [54]

Até aqui se tem a impressão que se fala a respeito de

Zorobabel. Entretanto, se seguirmos até o versículo 6 do

capítulo 23 de Jeremias, teremos: Sob seu reinado será salvo

Judá, e viverá Israel em segurança. E eis o nome com que

será chamado: JAVÉ-NOSSA-JUSTIÇA! Na explicação para a

palavra Javé- nossa- justiça, lemos: Nesta exclamação há,

provavelmente, alusão ao nome do rei Sedecias que significa:

Minha Justiça é Javé. [55] Aqui encontramos outra pessoa

como a possível referência nesta passagem. Veja, como é

muito difícil, hoje em dia, saber exatamente o que um

determinado texto está relatando, tornando as interpretações

imprecisas, e muitas vezes, por isso mesmo, poderem ser

aplicadas a quem quer que seja de nosso interesse.

Quanto à passagem do segundo livro de Samuel, é necessário

entender em que contexto ela se encontra. Davi diz ao profeta

Natã que deseja construir um Templo para Javé, ao que

recebe a seguinte resposta, que iniciaremos a partir do

versículo 11: Javé informa que vai fundar uma dinastia para

você. E quando esgotar os seus dias e você repousar junto a

seus antepassados, eu exaltarei a sua descendência depois de

você, aquele que vai sair de você. E firmarei a realeza dele.

Ele é que vai construir uma casa para o meu nome. E eu

estabelecerei o trono real dele para sempre. Serei para ele um

pai e ele será um filho para mim. Se ele falhar, eu o corrigirei

com o bastão e chicote, como se costuma fazer. Mas eu não

desistirei de ser fiel para com ele, como desisti de Saul, que

tirei da frente de você. A seqüência é a passagem citada como

profecia.

Para sabermos quem vai construir o Templo, teremos que

recorrer a 1 Crônicas 22, 7-10: Davi falou a Salomão: ‘Meu

filho, eu estava planejando construir um Templo para o nome

de Javé, meu D-us. Acontece, porém, que me chegou uma

mensagem de Javé, dizendo: ‘Você derramou muito sangue e

fez guerras violentas. Você não construirá um Templo para o

meu nome, porque derramou muito sangue sobre a terra em

minha presença. Veja! Você terá um filho, que será homem

pacífico. Vou fazê-lo viver em paz com todos os inimigos

vizinhos. O nome dele será Salomão. No tempo dele,

concederei paz e tranqüilidade para Israel. É ele quem

construirá um Templo para o meu nome. Para mim, ele será

um filho; e para ele, eu serei um pai, e firmarei para sempre o

trono do reinado dele sobre Israel. Assim na passagem 2

Samuel 7, 16s é de Salomão, filho de Davi, de quem se fala,

que se tornou Rei de Israel.

No Salmo 32, 11, não se trata de profecia específica sobre

alguém. Ela, inclusive, poderá ser aplicada a Salomão. Mas,

pelo contexto, o que se pode ver é a idéia de que D-us

deveria estabelecer uma dinastia real a Davi e seus

descendentes, e não a uma pessoa específica. Veja como a

seqüência (v. 12) deixa isso muito claro: Se teus filhos

guardarem minha aliança e os preceitos que eu lhes hei de

ensinar, também os descendentes deles, para sempre, sentarse-

ão em teu trono.

Ele receberá presentes ao nascer

Salmo 72, 10s (71, 10s): Os reis de Társis e das Ilhas lhe

trarão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecer-lhe-ão

seus dons. Todos os reis o hão de adorar, hão de servi-lo

todas as nações. (até v.11).

Isaías 60, 6: Serás invadida por uma multidão de camelos,

pelos dromedários de Madiã e de Efá; virão todos de Sabá,

trazendo ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor.

O Salmo 72 - salmo da realeza, augurando ao novo rei, no dia

de sua entronização, justiça perfeita e paz imperturbável,

êxito nas campanhas militares, especial solicitude pelos

indefesos e muita prosperidade, da qual se beneficiarão todos

os povos da terra. [56] Este salmo é uma oração feita por

Salomão, para que o reinado seja caracterizado por justiça

(vv. 1-4), paz (vv. 5-7), poder (vv.8-11), compaixão (vv. 12-

15) e prosperidade (vv. 16-17). [57] Não se trata de uma

profecia.

Quanto ao capítulo 60 de Isaías, as explicações dadas são:

Cântico que manifesta a esperança da total restauração de

Jerusalém. Javé habita a cidade santa e, de todos os lados,

vêm os judeus dispersos, os mercadores e os povos; o Templo

é reconstruído, reina a paz, e a glória de Adonai irradia-se por

todo o universo.[58] O capítulo, portanto, trata da cidade de

Jerusalém, e não de uma pessoa.

Presença eterna de Cristo

Miquéias 5, 2: Por isso, (D-us) os deixará, até o tempo em

que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de

seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel.

Provérbio 8, 22s: O Senhor me criou, como primícia de suas

obras, desde o princípio, antes do começo da terra. Deste a

eternidade fui formada, antes de suas obras dos tempos

antigos.

Isaías 9, 6s: O seu império será grande e a paz sem fim sobre

o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá

pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre.

Sobre a narrativa de Miquéias, já falamos anteriormente,

quando analisamos as profecias constantes do Novo

Testamento. Lá concluímos que a pessoa em referência é a

que iria libertar o povo judeu dos assírios, isso fica claro pelo

versículo 5.

Explicam os versículos 22-36 de Provérbios: É o ponto mais

alto da reflexão dos sábios. A Sabedoria é a primeira criatura

de D-us, uma espécie de arquiteto que o acompanhou e

inspirou em toda a sua atividade criadora. Pode-se dizer,

portanto, que ela é o sentido vital que D-us imprimiu a toda a

criação. Observando o mundo e a história, a humanidade

pode encontrá-la e tomar consciência dela, tomando-a como

guia para a realização da vida. [59] O que deixa bem claro

que o texto citado se refere à Sabedoria e não a uma pessoa

específica.

Serve aqui a explicação que colocamos quando analisamos

Isaías 9, 1 nas profecias no Novo Testamento. Lá chegamos à

conclusão que se fala de Ezequias, filho do rei Acaz. Para

confirmar vejamos o versículo 5: porque um menino nos

nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus

ombros, e ele se chama:: Conselheiro admirável, D-us forte,

Pai Eterno, Príncipe da Paz. Observar que se diz “um menino

nos nasceu”, acontecimento presente e não para um futuro.

Será chamado de Senhor

Salmo 110, 1 (109, 1): Eis o oráculo do Senhor que se dirige

a meu senhor: “Assenta-te à minha direita, até que eu faça de

teus inimigos o escabelo de teus pés”.

Jeremias 23, 6: Sob seu reinado será salvo Judá, e viverá

Israel em segurança. E eis o seu nome com que será

chamado: ADONAI-NOSSA-JUSTIÇA!

Explicação para os versículos 1-2 do Salmo 110: Israel

concebe a autoridade do rei como participação no governo de

D-us, que defende dos inimigos o seu povo. Chamado para

realizar a própria ação de D-us, deseja-se que o rei vença

todos os inimigos. [60] Nada, portanto de profecia de que

Jesus(Yeshuá) seja chamado de Senhor, apenas fruto de

imaginação fértil.

Quanto à passagem de Jeremias 23, 6 já falamos um pouco

atrás na análise do versículo 5.

Sacerdote eterno

Salmo 110, 4 (109, 4): O Senhor jurou e não se arrependerá:

“Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de

Melquisedeque”.

Zacarias 6, 12s: E lhes dirás: Assim fala o Senhor dos

exércitos: Eis o homem, cujo nome é Gérmen; alguma coisa

vai germinar de sua linhagem. Ele é que reconstruirá o templo

do Senhor: usará insígnias reais e sentar-se-á como rei sobre

o seu trono; terá um sacerdote à sua direita, e reinará

perfeita paz entre eles.

Um pouco atrás falamos do Salmo 110, 1-2, agora seguindo

as explicações dos versículos 3 e 4, temos: O rei é

considerado como filho adotivo de D-us (cf. Sl 2, 7) O rei era

também sacerdote-mediador. Jerusalém, de fato, tinha sido

cidade governada por sacerdotes. Mais uma vez situação da

época não para o futuro.

Na passagem de Zacarias, para uma melhor compreensão,

devemos colocar os versículos 9-11, sem isso o texto fica fora

do contexto: A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes

termos: “Vai e recebe a oferta da comunidade, os dons de

Heldai, Tobias e Jedaia; vai hoje mesmo à casa de Josias, filho

de Sofonias, pois dirigiram-se para lá de volta de Babilônia.

Tomarás prata e ouro e farás uma coroa, que porás sobre a

cabeça do sumo- sacerdote Josué, filho de Jasedec, a partir

daqui é que segue o versículo 12s citados como profecia. Ora,

pelo contexto é claro que se trata de Josué a pessoa a quem

se refere a passagem.

Ele julgará

Isaías 11, 1-5: Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um

rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito

do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito

de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor do

Senhor. (Sua alegria se encontrará no temor do Senhor.) Ele

não julgará pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir

dizer; mas julgará os fracos com equidade, fará justiça aos

pobres da terra, ferirá o homem impetuoso com uma

sentença de sua boca, e com o sopro dos seus lábios fará

morrer o ímpio. A justiça será como cinto de seus rins, e a

lealdade circundará seus flancos.

Isaías 32, 1: Eis que um rei reinará segundo a justiça, e os

príncipes governarão com equidade.

Isaías 33, 22: Porque o Senhor é nosso juiz, o Senhor é nosso

legislador; o Senhor é nosso rei que nos salvará.

Conforme já falamos anteriormente, citando Isaias 11, 1-9:

Isaías projeta para o reinado de Ezequias o ideal utópico de

uma sociedade que chegou à realização plena. [61], não se

trata de profecia a cerca de Jesus(Yeshuá).

A passagem Isaías 32, 1-5, tem a seguinte nota: O projeto de

um futuro rei que reina com justiça e traz prosperidade ao

povo se assemelha a Is 9, 1-6 e 11, 1-9. Passagens sobre as

quais já fizemos nossos comentários.

Referindo-se ao capítulo 33 de Isaías, dizem: Este oráculo

provavelmente foi pronunciado num momento imediatamente

anterior à invasão de Senaquerib, quando de uma suposta

embaixada de Ezequias, o qual teria oferecido ao rei assírio

tributos para que não tomasse Jerusalém. O texto é

complexo: após uma introdução (v. 1), há um salmo de

súplica e confiança (vv. 2-6), uma lamentação (vv. 7-9) e um

anúncio de restauração (vv. 17-24). Os vv. 14-16 mostram

que a prática da verdade e da justiça é exigência básica para

participação no culto (Sl 15). [62] Por esse contexto, não se

poderia aplicar essa profecia a Jesus. E especificamente

quanto ao versículo 22, o termo Senhor aqui está sendo

aplicado ao próprio D-us, como juiz de todos nós.

Ele será rei

Salmo 2, 6: “Sou eu, diz, quem me sagrei um rei em Sião,

minha montanha é santa”.

Jeremias 23, 5: Dias virão – oráculo do Senhor – em que farei

brotar de Davi um rebento justo que será rei e governará com

sabedoria e exercerá na terra o direito e a equidade. (ver v. 6

e nota, já falados anteriormente).

Zacarias 9, 9: Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de

júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e

vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no

potro de uma jumenta.

O Salmo 2 se refere a: “entronização de um rei da dinastia de

Davi. A cena mostra o ideal de autoridade política, cuja função

é tornar presente a ação do próprio D-us: defender o povo

conta os inimigos e construir uma sociedade fundada na

justiça e no direito”. Durante a cerimônia, os reis dependentes

já estão planejando um motim. Para aqueles que sustentam

um regime de injustiça e opressão, o governo justo é como

grilhão e jugo. Comprometido com a justiça, Javé defende a

autoridade política justa, colocando-se contra os adversários

dela. D-us adota o líder político justo como seu próprio filho. A

função desse líder é tornar visível a presença e ação do D-us

invisível. Implantando a justiça e direito, a autoridade política

justa é amada pelo povo, e os justos gostariam que ela

governasse o mundo inteiro. [63] Assim, podemos concluir,

pela enésima vez, que não se trata de uma pessoa específica.

Ficam tão perdidos em achar “profecias”, que muitas vezes

acabam citando uma mesma passagem para mais de uma

profecia, como por exemplo, Jeremias 23, 5, que também é

citada como sendo uma profecia de ser Jesus filho de Davi.

Na passagem de Zacarias 9, 9, conforme já afirmamos

anteriormente, nos comentários das profecias constantes do

Novo Testamento, a pessoa em referência é Alexandre Magno.

O Espírito do Senhor descansará Nele

Isaías 11, 2: Sobre ele repousará o Espírito do Senhor,

Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de

prudência e de coragem, Espírito de Ciência e de temor do

Senhor.

Isaías 42, 1: Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao

qual dou toda minha afeição, faço repousar sobre ele meu

espírito, para que leve às nações a verdadeira religião.

Isaías 61, 1s: O Espírito do Senhor repousa sobre mim,

porque o Senhor consagrou-me pela unção; enviou-me a

levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos,

anunciar aos cativos a liberdade.

Salmo 45, 7 (44, 7): Vosso trono, ó D-us, é eterno, de

equidade é vosso cetro real.

Quando se disse sobre a profecia “Ele julgará”, citam Isaías

11, 1-5, duplicando desta forma uma passagem para várias

profecias, já que aqui citam Isaías 11, 2. Em “Descendente de

Jessé” explicamos de quem se trata nessa passagem.

A passagem Isaías 42, 1 já foi explicada quando da

análise do Novo Testamento

.

Explicam o Salmo 45: Este poema nupcial é dedicado ao rei

para exaltar suas qualidades físicas, augurar-lhe a vitória no

campo da batalha e um reinado de justiça e verdade. Na

qualidade de Ungido, é ele o representante do Senhor na terra

e, por sua função de exercer e promover a justiça, é intitulado

“d-us”. [64].

Encontramos também: Neste salmo real, composto para uma

cerimônia de casamento, o salmista louva o rei (vv. 1-9),

exorta (vv. 10-12) e descreve a noiva (vv. 13-15),

pronunciando uma benção (vv. 16-17). Os lírios. Talvez se

tratasse de uma canção nupcial. [65] A quem se dirigia este

canto? Conforme alguns, este Sl poderia ter sido canto

profano para as núpcias de rei israelita, Salomão, Jeroboão II

ou Acab (que desposou uma princesa de Tiro, 1Rs 16, 3). [66]

O zelo da tua casa me devorará

Salmo 69, 9 (68,9): Tornei-me um estranho para meus

irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe.

Salmo 119, 139 (118, 139): O meu zelo me consome, pois

meus adversários esquecem as tuas palavras.

Lemos a seguinte explicação para o Salmo 69: Este lamento

pode ser esboçado da seguinte maneira: o desespero de Davi

durante a perseguição (vv. 1-12), seu desejo de punição (para

seus inimigos) (vv. 13-28), e sua declaração de louvor (vv.

29-36). [67] Situação vivida por Davi, não uma profecia para

o futuro.

E quanto ao Salmo 119: Este longo salmo sapiencial tece

intermináveis elogios à lei divina, revelada como norma de

vida, no relacionamento do homem com D-us e com o

próximo. Cada estrofe de oito versos – sete mais um significa

suma perfeição – começa com outra letra, em ordem

alfabética. Este artifício literário tem significado de plenitude:

perfilando todas as letras do alfabeto, o salmista quer

expressar, em todas as circunstâncias da vida, deste o início

até o fim, seu amor e acatamento à lei divina, porque nela

encontra o bem supremo, luz, alegria e conforto nas

perseguições e no sofrimento. Oito sinônimos expressam a lei

promulgada por D-us: leis, mandamentos, preceitos,

decretos, prescrições, sentenças, promessas e palavras. Esses

termos exprimem aquele aspecto da palavra de Deus que traz

exigências concretas para a vivência da fé e se constitui em

lei permanente para o povo eleito. De seu acatamento

depende a eficácia da aliança divina, que se manifesta pelo

cumprimento das promessas de D-us, feitas a Israel. No

tempo em que Israel perdeu sua soberania política,

especialmente quando não havia acesso à liturgia no templo,

a piedade dos israelitas, para entrar em contato com D-us,

concentrava-se no estudo da Lei e aplicava-se à meditação da

palavra de D-us, nos escritos sobre os feitos e as mensagens

do Senhor. Assim Israel descobria o sentido da vida e hauria

força para permanecer fiel à sua fé. [68]. Pelo conteúdo do

salmo, percebemos claramente que também não se trata de

uma profecia.

Um mensageiro irá preparar o caminho

Isaías 40, 3: Uma voz exclama: “Abri no deserto um caminho

para o Senhor, traçai reta na estepe uma pista para nosso Dus”.

Malaquias 3, 1: “Vou mandar o meu mensageiro para preparar

o meu caminho. E imediatamente virá ao seu templo o Senhor

que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem, diz

o Senhor dos exércitos”.

Vejamos, primeiramente, as explicações sobre Isaías 40: a)

versículo 3: “Textos babilônicos falam em termos análogos de

caminhos processionais ou triunfais preparados para o deus

ou para o rei vitorioso. Trata-se aqui do caminho pelo qual

Iahweh conduzirá seu povo através do deserto, em novo

Êxodo” [69]; b) versículos 3-4: “A volta do exílio terá a D-us

como guia e se processará por excelentes estradas. O tema

da volta do exílio como novo, maravilhoso êxodo, é freqüente

em Is 40-55, inspirando-se em Jr 31, 2-3 e Ez 20, 38-42. Os

evangelhos sinóticos aplicam a passagem a João Batista

precursor do Senhor (Mt 3, 3; Jo 1, 23)” [70]; c) versículos 1-

11: “Em pleno exílio, o profeta entrevê a alegria de Jerusalém

ao saber que os exilados estão voltando. Terminou o tempo da

escravidão e começa um novo êxodo. Javé caminha junto com

o seu povo na ternura de um pastor que cuida do rebanho. É

do fundo triste de uma escravidão sofrida que brota a

esperança alegre e libertadora (cf. Ex. 3, 7-9)”[71].

Ora, por todas essas três explicações, percebemos que se

trata de uma situação acontecida quando o povo judeu estava

no exílio na Babilônia, portanto, não se refere a

Jesus(Yeshuá). O contexto histórico nos diz que a pessoa a

quem se refere esta passagem é Ciro, rei da Pérsia,

principalmente porque podemos confirmar isso em: Isaías 44,

28: “Eu o que digo a Ciro: Você é o meu pastor, e realizará

tudo o que eu quero. Eu digo a Jerusalém: “Você será

reconstruída”; e ao Templo: “Você será reedificado desde os

alicerces” e Isaías 45, 1-7: “Assim diz Javé a Ciro, o seu

ungido, que ele tomou pela mão: Dobrarei as nações diante

dele e desarmarei os reis; abrirei diante dele as portas, e os

batentes não se fecharão. Eu mesmo vou na frente de você,

aplainando as subidas; arrombo as portas de bronze e

arrebento as trancas de ferro. Vou lhe entregar os tesouros

escondidos e as riquezas encobertas, para que você fique

sabendo que eu sou Javé, o D-us de Israel, que chama você

pelo nome. Por causa de meu servo Jacó, e de Israel, meu

escolhido, eu chamei você pelo nome e lhe dei um

sobrenome, embora você não me conheça, para que fiquem

sabendo, desde o nascer do sol até o poente, que fora de mim

não existe nenhum outro. Eu sou Javé, e não existe outro: eu

formo a luz e crio as trevas; sou o autor da paz e crio a

desgraça. Eu. Javé faço todas essas coisas”.

Sobre Malaquias podemos dizer que:

“O livro supõe a existência do templo e de um culto

organizado, o que nos situa em uma época posterior a Ageu e

Zacarias. Mas a menção a abusos por parte dos sacerdotes e

a desleixos no culto bem como á leviandade dos maridos que

sem motivo abandonam suas esposas parece indicar uma

época anterior à reforma de Neemias (445 aC). Nota-se,

também, influência do Deuteronômio; enquanto que o escrito

sacerdotal parece ainda não existir. Todos esses indícios nos

levam a datar o livro na primeira metade do séc. V aC, pelo

ano 465 aC aproximadamente”.

“A mensagem de Malaquias dirige-se a uma comunidade

profundamente decepcionada. As promessas de Zacarias e de

Ageu não se tinham realizado. A era escatológica, tão

esperada pela comunidade, não chegara. A desilusão levara o

povo à indiferença religiosa. A fé em D-us vacilava. Mas o

profeta apresenta a esta comunidade a certeza da realização

do julgamento divino. Esse julgamento é inevitável, ele pode

realizar-se a qualquer momento. A comunidade deve estar

preparada para a vinda do “dia do Senhor”. E a melhor

preparação é uma vida conforme as exigências cúlticas e

éticas de D-us” [72].

Quanto à passagem de Malaquias 2, 17-3, 5, explicam: “O

profeta responde aos membros da comunidade que, diante

das desordens sociais e morais e da aparente prosperidade

dos maus, punham em dúvida a própria justiça divina. No dia

do juízo, precedido pelo seu mensageiro, D-us vai ajustar as

contas com todos os pecadores (cf. 3, 13-21)” [73].

E especificamente quanto a Malaquias 3, 1, encontramos: “O

mensageiro, ou o Anjo da aliança, é alguém que exerce no

mundo uma missão em nome de D-us. No v. 23 o mensageiro

é identificado com o profeta Elias. Jesu(Yeshuá)s o identificará

com João Batista (Mt 11, 10)” [74].

Pelas desordens da época Malaquias prevê o “Dia do Senhor”,

ou seja, o dia do juízo onde todos seriam julgados pelas

coisas que andavam fazendo. Esse dia seria precedido por um

mensageiro, que foi “identificado com o profeta Elias”.

Vejamos então o que Malaquias (3, 23 ou 4, 5-6) diz sobre

Elias: “Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que tenha o

grande e temível dia do Senhor, e ele converterá o coração

dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais, de

sorte que não ferirei mais de interdito a terra”.

Diante desta profecia o povo judeu passou a esperar para o

fim dos tempos (Dia do Senhor) a volta de Elias. A questão

agora é saber se Elias voltou ou não. Em Mateus 17, 10-13,

lemos: “Os discípulos de Jesus(Yeshuá) lhe perguntaram: ‘O

que querem dizer os doutores da Lei, quando falam que Elias

deve vir antes?’ Jesus(Yeshuá) respondeu: ‘Elias vem para

colocar tudo em ordem. Mas eu digo a vocês: Elias já veio, e

eles não o reconheceram. Fizeram com ele tudo o que

quiseram. E o Filho do Homem será maltratado por eles do

mesmo modo’. Então os discípulos compreenderam que

Jesus(Yeshuá) falava de João Batista”.

Veja bem, caro leitor, existe uma profecia dizendo que Elias

deveria voltar, Jesus(Yeshuá) disse que Elias já veio e não o

reconheceram, ao que os discípulos compreenderam que João

Batista era o Elias que deveria vir. Aqui temos uma profecia

absoluta que foi cumprida integralmente, entretanto aceitar

isso significa ter que também aceitar a reencarnação. E como

já o dissemos, sempre procuram interpretações que visem

justificar seus dogmas, por isso essa passagem não é vista

como uma prova da reencarnação, apelam dizendo que João

Batista teve um “ministério” semelhante a Elias, apesar da

clareza da passagem. Mas, pode alguém objetar que

Jesus(Yeshuá) não disse que João Batista era o Elias, foram os

discípulos que compreenderam, o que é bem diferente. Tudo

bem. Poderíamos iniciar argumentando que por várias vezes

Jesus(Yeshuá) demonstrou conhecer o pensamento íntimo das

pessoas, e se não disse nada contra o que pensaram os

discípulos, é porque concordou com a conclusão a que

chegaram. Podemos demonstrar por outra passagem, já que

não necessitamos do argumento anterior, em que é o próprio

Jesus(Yeshuá) quem afirmará isso. Vejamos: “E se vocês o

quiserem aceitar, João é Elias que devia vir. Quem tem

ouvidos que ouça” (Mateus 11, 14).

Como são incoerentes, onde existe uma profecia clara, não a

aceitam, onde não existe fabricam uma para justificar seus

pensamentos. Normalmente agem como as pessoas que

querem provar que Nostradamus profetizou alguma coisa.

Depois de um fato consumado, procuram em suas centúrias

algo que possa se encaixar àquele fato.

Seus Milagres

Isaías 35, 5s: Então se abrirão os olhos do cego. E se

desimpedirão os ouvidos dos surdos; então o coxo saltará

como um cervo, e a língua do mudo dará gritos alegres.

Porque águas jorrarão no deserto e torrentes, na estepe.

Os capítulos 34 a 35 de Isaías estão explicados da seguinte

forma: Estes capítulos, escritos no período pós-exílio, formam

o assim chamado “Pequeno Apocalipse de Isaías”. O povo de

D-us encontra-se dominado pelas nações e em situação

bastante precária. Com imagens fortes, o texto anuncia o

julgamento das nações opressoras e a restauração de

Jerusalém, sinal de salvação numa terra nova e pacificada.

[75] O “pequeno apocalipse de Isaías” (cf. Is 24-27) descreve

os combates definitivos do Senhor contra as nações,

especialmente Edom, que culminam com a vitória de Israel

em Jerusalém. [76] Seria, portanto um juízo final onde se

restabeleceria a supremacia do povo judeu sobre todas as

nações. Se isso se cumpriu com Jesus(Yeshuá), por que o

povo judeu não adquiriu essa supremacia, ocorreu justamente

o contrário, já que ainda hoje é um povo sem pátria?

Mas, para um melhor entendimento, também é bom vermos

os versículos anteriores ao citado, iniciando a partir do

primeiro: O deserto e a terra árida regozijar-se-ão. A estepe

vai alegrar-se e florir. Como o lírio ela florirá, exultará de

júbilo e gritará de alegria. A gloria do Líbano lhe será dada, o

esplendor do Carmelo e de Saron; será vista a glória do

Senhor e a magnificência do nosso D-us. Fortificai as mãos

desfalecidas, robustecei os joelhos vacilantes. Dizei àqueles

que têm o coração perturbado; “Tomai ânimo, não temais! Eis

o vosso D-us! Ele vem executar a vingança. Eis que chega a

retribuição de D-us: ele mesmo vem salvar-vos”. Seguindo

agora os versículos 5 e 6, colocado como profecia e objeto

dessa análise. Será que isso estaria referindo-se a Jesus, ou

seria uma situação próxima a ser vivida após o exílio?

Entrará de repente no Templo

Malaquias 3, 1: “Vou mandar o meu mensageiro para preparar

o meu caminho. E imediatamente virá ao seu templo o Senhor

que buscais, o anjo da aliança que desejais”.

Quando diziam sobre a profecia “Um mensageiro irá preparar

seu caminho” citaram a passagem de Malaquias 3, 1, assim

desdobram essa mesma passagem, visando aumentar o

número das profecias sobre Jesus, para impressionar os que

lhes seguem na corrente religiosa que freqüentam.

A luz do mundo

Isaías 49, 6: Disse-me: “Não basta que sejas meu servo para

restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel;

vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha

salvação até os confins do mundo”.

Isaías 60, 3: As nações se encaminharão à tua luz, e os reis

ao brilho de tua aurora.

Na passagem Isaías 49, 6, a palavra “Servo” se aplica ao povo

de Israel, conforme se pode verificar no versículo 3: Disse-me

“Tu és meu servo, Israel, em que me glorificarei”. Os judeus

vivendo no exílio na Babilônia esperavam que D-us os

libertasse, como fizera antes quando estavam escravos no

Egito, já que se consideravam o “povo eleito”. Desta forma o

povo de Israel é que será a luz entre as nações. Isso também

se pode confirmar em Isaías 60, 3, a outra passagem citada.

Sobre Isaías 60:1, explicam: Este capítulo descreve a glória

de Jerusalém e Israel no reino milenar (inclui antevisões

dessa glória vistas no retorno do exílio da Babilônia), tua... ti.

Os pronomes referem-se a Jerusalém. [77] Ora, o versículo

três é continuação onde também o pronome tua deverá ser

entendido com se referindo à Jerusalém. Neste versículo, a

palavra nações obtém a seguinte interpretação: o próprio Dus

iluminará a nova Jerusalém que brilhará sobre o mundo.

[78] Iremos citar mais essa explicação para Isaías 60,1-

62,12: Estes capítulos formam um conjunto unitário, traçando

um quadro colorido e luminoso da futura glória de Jerusalém,

tema a ser retomado no fim do livro (66, 7-22) e já

desenvolvido em Is 54-55. [79] Todas as explicações fechamse

em que as passagens não se referem a coisas que

aconteceriam, ou mesmo sobre, Jesus.

Falsa testemunha testemunhará contra ele

Salmo 35, 11 (34, 11): Surgiram apaixonadas testemunhas,

interrogaram-me sobre faltas que ignoro.

Conforme já expusemos anteriormente, o Salmo 35 se refere

ao próprio salmista, ou seja, a Davi. Ver sobre isso na análise

das profecias no Novo Testamento.

Ele estava ferido pelas nossas ofensas

Isaías 53, 3: Era desprezado, era a escória da humanidade,

homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como

aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e

não fazíamos caso dele.

Zacarias 13, 6: Se alguém me disser: “Que ferimentos são

estes em tuas mãos?” – “São ferimentos que recebi na casa

de meus amigos”, responderá ele.

Quanto ao capítulo 53 de Isaías, já falamos

anteriormente (ver pág. 6).

Quando analisamos o versículo 7, foi necessário para melhor

compreensão, e para não fugir do contexto, colocar também o

versículo 8, agora, pelas mesmas razões devemos ler o trecho

a partir do versículo 2: Naquele dia – oráculo do Senhor, -

exterminarei da terra até os nomes dos ídolos: não se falará

mais deles; expulsarei os falsos profetas e todo o espírito

impuro. Se alguém intentar ainda dar um oráculo, seu pai e

sua mãe que o geraram repreendê-lo-ão: “Vais morrer, porque

dizes mentiras em nome do Senhor”. E quando ele proferir os

seus oráculos, eles mesmos, seu pai e sua mãe que o

geraram, o transpassarão. Naquele dia os profetas terão

vergonha de suas visões proféticas, e não mais se cobrirão

com o manto de peles para mentir. Cada um dirá: “Não sou

profeta, mas lavrador, e possuo terras desde a minha

juventude”. Segue agora o texto em exame. Percebemos

claramente que não se trata de Jesus, mas aos que ainda

duvidarem acrescentamos: Toda idolatria será desarraigada e

toda a profecia falsa cessará. Em seu zelo de obedecer à lei

de D-us, os pais entregarão à morte os próprios filhos que se

envolverem com profecia falsa (v. 3: cf. Dt 13:6-10). Falsos

profetas não vestirão manto de pêlos (v. 4), que era a

vestimenta comum dos verdadeiros profetas (cf. 2 Rs 1:8; Mt

3:4). Pelo contrário, fingirão ser fazendeiros (v. 5) e mentirão

sobre feridas recebidas em transes alucinados (cf. 1 Rs

18:28), dizendo que teriam sido recebidas como castigo

paterno ou resultado de brincadeiras de amigos. [80]

E mais uma vez a título de curiosidade, vejamos esta

passagem de Zacarias numa outra versão: Que são essas

feridas em teu peito? ele responderá: “São as que recebi na

casa dos meus amantes”. Veja as frases “feridas nas mãos”

em relação à “feridas em teu peito”, e “na casa de meus

amigos” com “na casa dos meus amantes”. Como os sentidos

dessas frases não são exatamente os mesmos, induzem a

interpretações equivocadas.

Eles cuspirão na face dele e o golpearão

Isaías 50, 6: Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as

faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o

rosto dos ultrajes e dos escarros.

Miquéias 5, 1 (ou 4, 14): Agora, reúne tuas tropas, filha de

guerreiros! Vieram e nos cercaram, ferem com uma vara a

face do juiz de Israel.

Nos versículos 4-9 do livro de Isaías está o terceiro “cântico

do Servo de Adonai”, ver que anteriormente já falamos sobre

esses cânticos e sobre a palavra Servo.

Muito interessante como apresentam passagens que não têm

nada a ver com o que querem provar, aqui é o caso de

Miquéias, já que “Juiz de Israel: O rei fantoche Zedequias, que

foi levado cativo para Babilônia (2 Rs 24:17-25:7)” [81],

portanto não diz respeito a Jesus(Yeshuá) como querem, mas

a Zedequias.

Ele será zombado

Salmo 22, 7s (21, 7s): Eu, porém, sou um verme, não sou

homem, opróbrio de todos e a abjeção da plebe. Todos os que

me vêem, zombam de mim.

Quando da análise das profecias retiradas do Novo

Testamento, já fizemos as considerações a respeito do Salmo

22. Mas poderemos ainda acrescentar as explicações que

encontramos sobre os versículos 7-12: Ao sofrimento e

abandono soma-se a marginalização. E HaShem, não vai

socorrer o marginalizado? Será que ele vai abandonar aqueles

que lhe pertencem? [82] Isso nada mais é que uma súplica de

um inocente perseguido, que, pelo contexto, se aplica ao

próprio salmista.

Eles perfurarão as mãos e os pés dele

Salmo 22, 16 (21, 16): Minha garganta está seca qual barro

cozido, pega-se no paladar a minha língua; vós me reduzistes

ao pó da morte.

Zacarias 13, 6: Se alguém me disser: “Que ferimentos são

estes em tuas mãos?” – “São ferimentos que recebi na casa

de meus amigos”, responderá ele.

O Salmo 22 está aqui novamente sendo utilizado para

justificar uma profecia. Nada mais seria necessário

acrescentar ao que já dizemos, mas poderemos ainda dizer

que, ao que parece e, é claro, se fosse o caso, não seria o

versículo 16 o que viria justificar o “Eles perfurarão as mãos e

os pés dele”, mas o versículo 17: Sim, rodeia-me uma malta

de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Transpassaram

minhas mãos e meus pés.

A passagem de Zacarias já foi objeto de estudo, um pouco

mais atrás, quando se falava a respeito da profecia “Ele

estava ferido pelas nossas ofensas”, portanto mais uma

passagem sendo utilizada em mais de uma profecia.

Pai perdoa-lhes eles não sabem o que fazem

Isaías 53, 12: Eis porque lhe darei parte com os grandes, e

ele dividirá a presa com os poderosos, porque ele próprio deu

sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando

sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos

culpados.

Salmo 109, 4 (108, 4): Em resposta ao meu afeto me

acusaram, eu, porém, orava.

O versículo 12 do capítulo 53 de Isaías já foi

anteriormente objeto de comentários (ver pág. 6).

E com relação ao Salmo 109, podemos dizer que: Neste salmo

imprecatório (veja introdução), Davi clama a D-us por juízo

divino contra seus falsos acusadores (vv. 1-5), especialmente

contra uma pessoa a quem amaldiçoa fortemente (vv. 6-20);

depois, pede a D-us libertação (vv. 21-25) e juízo (vv. 26-29),

encerrando o salmo com um voto de louvor (vv. 30-31). [83]

Portanto, fica muito claro, que este salmo é sobre Davi e não

a uma profecia sobre Jesus(Yeshuá).

Por outro lado o que se diz ser profecia “Pai perdoa-lhes eles

não sabem o que fazem”, nada tem a ver com profecia, é

apenas uma citação feita por Jesus(Yeshuá).

Rejeitado e desprezado pela sua nação

Isaías 53, 3: Era desprezado, era a escória da humanidade,

homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como

aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e

não fazíamos caso dele.

Salmo 69, 8 (68, 8): Pois foi por vós que eu sofri afrontas,

cobrindo-me o rosto de confusão.

Salmo 118, 22 (117, 22): A pedra rejeitada pelos arquitetos,

tornou-se pedra angular.

Isaías 53, já o comentamos (ver pág. 6).

O Salmo 69, apesar de já termos falado, iremos repetir: Este

lamento pode ser esboçado da seguinte maneira: o desespero

de Davi durante a perseguição (vv. 1-12), seu desejo de

punição (para seus inimigos) (vv.13-28) e sua declaração de

louvor (vv. 29-36). [84] Ora, essa explicação não deixa

dúvida alguma de que também neste salmo a figura central é

Davi.

O Salmo 118 deve ser entendido conforme a explicação:

Canto solene de ação de graças, recitado alternadamente por

um solista e pelo coro, durante a procissão ao templo para

comemorar festivamente o dia da vitória de D-us sobre os

inimigos de seu povo, libertado de um grande perigo nacional.

Chegando à porta do santuário, a comitiva pede entrada, só

franqueada aos justos, que conformam sua vida às exigências

da lei divina. O motivo da exultação dos fiéis no templo é o

amor de D-us, manifestado na eleição de Israel dentre todos

os povos, para ser a pedra angular no edifício da salvação da

humanidade. Os construtores do edifício da história humana

excluíam dos conchavos da política internacional um povo tão

insignificante como Israel, o qual, porém, seguindo os

desígnios de D-us, ocupa o lugar central na vida espiritual dos

povos, por ser a chave do processo de estabelecer o reino de

D-us na terra e o veículo de transmissão dos desígnios

salvíficos de D-us na história. [85] Assim, não resta dúvida de

que a pedra angular é o povo de Israel, ninguém mais.

Seus amigos ficaram vendo ao longe

Salmos 38, 11 (37, 11): Amigos e companheiros fogem de

minha chaga, e meus parentes permanecem de longe.

Pela Bíblia Anotada a palavra usada é praga e não chaga,

tendo a explicação: A palavra (praga) é usada para lepra,

indicando que os amigos de Davi o evitavam como se ele

fosse um leproso. [86] Donde podemos concluir, que a

passagem se refere ao próprio salmista Davi.

As pessoas abanam as suas cabeças

Salmo 109, 25 (108, 25): Fizeram-me objeto de escárnio,

abanam a cabeça ao me ver.

Salmo 22, 7 (21, 7): Todos os que me vêem, zombam de

mim; dizem, meneando a cabeça.

Conforme também já falamos anteriormente sobre o

Salmo 109, é relativo a Davi, que clama a Deus por um

juízo divino contra seus falsos acusadores.

O Salmo 22 já foi usado para a “profecia” “Ele será zombado”,

cujos comentários servem para o que poderíamos colocar

aqui.

As pessoas olham e fitam nele

Salmos 22, 17 (21, 17): Poderia contar todos os meus ossos.

Eles me olham e me observam com alegria.

Salmos 109, 24s (108, 24s): Vacilam-me os joelhos à força de

jejuar, e meu corpo se definha de magreza. Fizeram-me

objeto de escárnio, abanam a cabeça ao me ver.

Prevalecem os comentários do item imediatamente

anterior.

Na minha sede me deram a beber vinagre

Salmo 69, 21 (68, 21): Puseram fel no meu alimento, na

minha sede deram-me vinagre a beber.

Também já comentamos sobre o Salmo 69, nada mais a

acrescentar.

D-us meu, D-us meu, por que me desamparaste?

Salmo 22, 1 (21, 1): Meu D-us, meu D-us, por que me

abandonastes? E permaneceis longe de minhas súplicas e de

meus gemidos?

Explicam: Neste Salmo de lamento, Davi expressa sua

confiança em Deus (vv. 3-5, 9-10) a despeito de sua aparente

rejeição por Ele (vv. 1-2) e pelos homens (vv. 6-8), pede

ajuda e o livramento de D-us (vv. 11, 19-21) em face dos

ataques dos inimigos (vv. 11-18), resolve confiadamente

louvar a D-us (vv. 22, 25), convida outros a se unirem a ele

no louvor (vv. 23, 26) porque D-us ouviu sua oração (v. 24), e

prediz a futura adoração mundial ao Senhor (vv. 27-31). [87]

Ou seja, novamente se refere a Davi. Mas, completa a

explicação especificamente para o versículo 1: Jesus citou

esta primeira frase enquanto estava na Cruz. [88] Ora, citar

um salmo não quer dizer que isso seja uma profecia.

Nas tuas mãos encomendo o meu espírito

Salmo 31, 5 (30, 5): Em tuas mãos entrego meu espírito;

livrai-me, ó Senhor, D-us fiel.

Encontramos novamente Davi como sendo a personagem do

Salmo, senão vejamos: Neste salmo de lamento, Davi dirige

primeiramente sua oração a D-us (vv. 1-8), lamenta sua

angústia física e seu perigo (vv. 9-13), pede a D-us que o

livre e silencie seus inimigos (vv. 14-18), louva a D-us por

livrar os que Lhe pertencem (vv. 19-22), e exorta os piedosos

a amarem ao Senhor e serem fortes (vv. 23-24). [89]

Perfuraram um lado dele

Zacarias 12, 10: Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os

habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de

prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão

lamentações sobre aquele que traspassaram, como se fosse

um filho único; chorá-lo-ão amargamente como se chora um

primogênito!

Esta passagem de Zacarias nós já explicamos

anteriormente, quando comentávamos as profecias

contidas no Novo Testamento.

Trevas sobre a Terra

Amós 5, 20: Sim, o dia do Senhor será de trevas e não

claridade, escuridão, e não luz.

Amós 8, 9: Acontecerá naquele dia – oráculo de Javé, que

farei o sol se por ao meio-dia, e encherei a terra de trevas em

pleno dia.

Zacarias 14, 6: Naquele dia não haverá frio nem gelo.

Todas as passagens indicadas do livro de Amós estão

relacionadas ao “Dia do Senhor”, para o qual encontramos a

seguinte explicação: O dia do Senhor (Jr 30, 7; Jl 2, 11; Sf 1,

15) era visto como uma poderosa intervenção de D-us para

dar a vitória a Israel sobre os inimigos. Israel, por ser povo

eleito, achava-se no direito de receber tal socorro divino.

Amós, porém, anuncia que este dia virá como punição para

todos os pecadores, também israelitas. [90]

Visto de outra forma: O profeta vê no horizonte a potencial

invasão do inimigo (a Assíria). A classe dominante de Israel se

refugia na falsa segurança de ter Javé como aliado: para ela,

quanto o inimigo invadir o país, Javé intervirá (“Dia de Javé”)

em favor do seu povo, concedendo-lhe a vitória. Amós,

porém, destrói essa falsa segurança. O partido do inimigo,

comportando-se até como inimigo ainda maior daqueles que

exploram e oprimem o povo. [91]

E especificamente com relação a Amós 8, 9-14: O fim é

iminente: a festa se transformará em luto e a alegria em

gemido. Pior que isso, porém, é que Javé recusará falar a essa

gente que não quis ouvi-lo. Desse modo, ficarão privados de

conhecer o projeto de D-us e, por isso, nem sequer terão

possibilidade de conversão.[92] Do que entendemos que o

“dia do Senhor” estaria próximo não para o futuro, e muito

menos com relação a Jesus(Yeshuá).

Quanto a Zacarias 14, é interessante colocarmos também o

versículo 7: Será um dia contínuo (conhecido somente do

Senhor), e não haverá sucessão de dia e noite, e a noite será

clara. Veja bem, se será um dia contínuo e a noite será clara

ocorrerá justamente o contrário do que querem demonstrar,

ou seja, haverá luz e não trevas. Observar que o versículo 6

citado, por esta tradução, não fala em trevas. Em outras

versões encontramos os versículos 6-7 da seguinte maneira:

Nesse dia, não haverá luz, nem frio nem gelo. Será um único

dia (Javé o conhece). Não haverá mais dia e noite, mas ao

entardecer a luz brilhará. Onde se percebe que a mensagem

não é exatamente igual.

Mas, vamos ver o que encontramos como explicação para o

versículo 6: “Distúrbios cósmicos afetarão o dia e a noite

quando o Cristo voltar (cf. At 2, 19-20)”. Veja, que o que para

um é uma profecia acontecida com Jesus, outro diz que ela

acontecerá quando Ele, Jesus(Yeshuá), voltar. Isso tirado da

mesma fonte. Pode?

Com o homem rico na sua morte

Isaías 53, 9: Foi-lhe dada sepultura ao lado de facínoras e ao

morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja

cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca houvesse

mentira.

O capítulo 53 de Isaías já foi objeto de comentários (ver pág.

6). Mas aqui merece ressaltarmos uma outra versão para este

versículo em outras Bíblias (Pastoral, Anotada, a de

Jerusalém, e Barsa): A sepultura dele foi colocada junto com a

dos ímpios, e seu túmulo junto com o dos ricos, embora

nunca tivesse cometido injustiça e nunca a mentira estivesse

em sua boca. Prestem bem atenção, pois aqui verificamos que

o trecho “e ao morrer achava-se entre malfeitores” não é

comum a todas as Bíblias, provando que até mesmo mudam a

tradução para justificar seus dogmas. Essa adulteração vem a

calhar com o que ocorreu com Jesus(Yeshuá), já que, segundo

consta, foi crucificado entre dois ladrões.

Sua ascensão ao céu

Salmo 68, 18 (67, 18): Subindo nas alturas levastes os

cativos; recebestes homens como tributos, aqueles que

recusaram habitar com o Senhor D-us.

Encontramos a seguinte explicação para os versículos 16-19:

A procissão chega ao Templo no monte Sião. É o momento de

uma grande transformação histórica: com a monarquia de

Davi e Salomão, Israel torna-se império, correndo o risco de

se tornar um novo opressor. [93] Moral da história: subindo

nas alturas, equivale dizer que subiram o monte Sião, só isso,

nada de ascensão de Jesus(Yeshuá) ao céu.

Sentou-se à direita de Deus

Salmo 110, 1 (109, 1): Eis o oráculo do Senhor que se dirige

a meu senhor: “Assenta-te à minha direita, até que eu faça de

seus inimigos o escabelo de teus pés”.

Segundo informam o Salmo 110 é uma “oração pelo rei,

talvez no dia da entronização ou em algum aniversário”. [94]

Mas, vejamos como explicam os versículos 1-2: “Israel

concebe a autoridade do rei como participação no governo de

D-us, que defende dos inimigos o seu povo. Chamado a

realizar a própria ação de D-us, deseja-se que o rei vença

todos os inimigos. (3). O rei é considerado como filho adotivo

de D-us (cf. Sl 2, 7). (4): O rei era também sacerdotemediador.

Jerusalém, de fato, tinha sido cidade governada por

sacerdotes.(5-7): Chamado a executar a própria ação de Dus,

o rei goza do seu auxílio e proteção. O v. 7 alude talvez a

um rito: o rei bebe da água sagrada e, por isso, pode levantar

a cabeça com toda a confiança”. [95] Donde podemos concluir

que não se trata de uma profecia, mas sim de algo que estava

ocorrendo no momento, portanto não se refere a

Jesus(Yeshuá).

Destruição do Templo de Jerusalém

Daniel 9, 25ss: Sabe, pois, e compreende isto: desde a

declaração do decreto sobre a restauração de Jerusalém até

um chefe ungido, haverá sete semanas; depois, durante

sessenta e duas semanas, ressurgirá, será reconstruída com

praças e muralhas. Nos tempos de aflição, depois dessas

setenta e duas semanas, um Ungido será suprimido, e

ninguém (será) a favor dele. A cidade e o santuário serão

destruídos pelo povo de um chefe que virá. Seu fim (chegará)

com a invasão, e até o fim haverá guerra e devastação

decretada. Concluirá com muitos uma sólida aliança por uma

semana e no meio da semana fará cessar o sacrifício e a

oblação; sobre a asa das abominações virá o devastador, até

que a ruína decretada caia sobre o devastado.

Explicam: Aqui se enumeram três períodos de duração

desigual: o primeiro período de sete anos abrange o tempo

desde a ruína de Jerusalém em 586 aC até a vinda dum

ungido-chefe (Is 45, 1?) e com ele o fim do exílio em 538 aC,

provavelmente o Sumo Sacerdote Josué que em 515 aC

inaugurou o templo pós-exílico (Esd 6, 15). O segundo

período é muito longo, compreende 62 setênios ou 434 anos,

quando Jerusalém, tanto dentro como fora, goza de relativa

tranqüilidade, mas sem excluir tempos difíceis. O terceiro

período abrange os últimos sete anos, repartidos em dois

espaços iguais: fala-se da eliminação dum ungido e duma

grave profanação, referindo-se ao tempo da perseguição

religiosa de Antíoco IV. É pois o tempo crucial da prova

derradeira e da libertação definitiva. [96]

E quanto ao termo ungido eliminado (v. 26), dizem: O ungido

eliminado parece ser o Sumo Sacerdote Onias III que foi

deposto e mais tarde (171 AC) massacrado (11, 22: 2Mc 4, 1-

6.30-38). [97]

No versículo 27, explicam a expressão: na metade da

semana: a partir do ano 167 aC o culto foi sustado no tempo

durante três anos e alguns meses, sendo o tempo consagrado

a Júpiter Olímpico (7, 25; 8, 14; 12, 11s; 1Mc 1, 37; 2Mc 6,

1s). [98]

Assim, podemos concluir que se trata de situação que não diz

respeito a Jesus(Yeshuá), veja que até mesmo o próprio título

que deram a essa “profecia” já induzia a essa conclusão. O

que tem a ver a destruição do Templo de Jerusalém com a

pessoa de Jesus(Yeshuá)?

Antes de terminar a análise das profecias que conseguimos

levantar, recebemos de um amigo uma lista com seis

profecias. Quatro delas já falamos no decorrer deste estudo,

faltam, portanto duas. São elas:

1ª - Profecia: Provérbios 8: 24-25: Antes de haver abismo, eu

nasci e antes ainda de haver fontes carregadas de águas.

Antes que os montes fossem firmados, antes de haver

outeiros, eu nasci.

Cumprimento: Colossenses 1:15 e João 1:14-15; 3:16: Ele é

a imagem do D-us invisível, o primogênito de toda a criação.

2ª - Profecia: Provérbios 8: 29-30; Gênesis 1:26 – quando

fixava ao mar o seu limite, para que as águas não

traspassassem os seus limites; quando compunha os

fundamentos da terra; então eu estava com ele e era seu

arquiteto, dia após dia, eu era as suas delícias, folgando

perante ele em todo tempo.

Colocamos as duas juntas de propósitos, pois a justificativa

deverá ser a mesma. Vejamos as explicações para os

versículos 22-36: “É o ponto mais alto da reflexão dos sábios.

A Sabedoria é a primeira criatura de D-us, uma espécie de

arquiteto que o acompanhou e inspirou em toda a sua

atividade criadora. Pode-se dizer, portanto, que ela é o sentido

vital que D-us imprimiu a toda a criação. Observando o

mundo e a história, a humanidade pode encontrá-la e tomar

consciência dela, tomando-a como guia para a realização da

vida”. [99] Aliás, todo o capítulo oito trata especificamente da

Sabedoria, nada mais que isso. Não sendo, portanto uma

profecia o seu conteúdo.

Conclusão

O que se percebe nessa análise das profecias é que o povo

hebreu, após a experiência de ser libertado da escravidão no

Egito, e como se considerava o povo eleito, vivia numa eterna

“lua de mel” com D-us, supondo que todas as vezes que ele

estivesse subjugado por outros povos, D-us o libertaria

novamente como já tinha feito através de Moisés. Dentro

desse pensamento, toda vez que se via subjugado, esperava

um novo Messias libertador para fazer o que Moisés fez, até

mesmo porque, segundo acreditavam, D-us teria prometido

que faria surgir do meio do povo um profeta como ele. Só que

essa promessa não se referia a um profeta específico, mas a

todos os profetas que falavam em nome de D-us. Apesar

disso, os teólogos preferiram atribuir tal passagem a

Jesus(Yeshuá).

Na Bíblia de Jerusalém, encontramos algo interessante na

“Introdução aos Profetas”, sobre o pensamento do povo

hebreu, vejamos:

“Para estabelecer e governar seu reino na terra, o Rei Iahweh

terá um representante, cuja unção o fará um vassalo seu: ele

será o “ungido” de Iahweh, em hebraico seu “messias”. Foi

um profeta, Natã, que, ao prometer a Davi a permanência da

sua dinastia (2Sm 7), apresentou a primeira expressão deste

messianismo régio, cujo eco reencontramos em certos

Salmos. Entretanto, os fracassos e a má conduta da maioria

dos sucessores de Davi pareciam desmentir esse messianismo

“dinástico”, e a esperança concentrou-se num rei particular,

cuja vinda era esperada para futuro próximo ou longínquo. É

este salvador que vislumbram os profetas, sobretudo Isaías,

mas também Miquéias e Jeremias. O Messias (podemos agora

escrever com maiúsculas) será da estirpe davídica (Is 11, 1;

Jr 23, 5 = 33, 15) e sairá como ela de Belém de Éfrata (Mq 5,

1). Receberá os mais magníficos títulos (Is 9, 5), e o Espírito

de Iahweh repousará sobre ele com todo o cortejo de seus

dons (Is 11, 1-5). Para Isaías, ele é Emmanuel, “Deus

conosco” (Is 7, 14); para Jeremias, Iahweh çideqenu (apesar

de estranho a palavra é essa mesmo), “Iahweh é nossa

justiça” (Jr 23, 6), dois nomes que resumem o puro ideal

messiânico”.

“Esta esperança sobreviveu ao desmoronamento dos sonhos

de dominação terrestre e à dura lição do Exílio, mas as

perspectivas mudaram. Apesar das esperanças que por um

momento Ageu e Zacarias colocaram no davidita Zorobabel, o

messianismo régio sofreu um eclipse: nenhum descente de

Davi estava mais no trono e Israel estava submetido à

dominação estrangeira. Ezequiel, sem dúvida, espera a vinda

dum novo Davi, mas chama-o de “príncipe” e não de “rei”, e

descreve-o antes como mediador e pastor do que como

soberano poderoso (Ez 34, 23-24; 37, 24-25); Zacarias

anunciará a vinda dum rei, mas ele será humilde e pacífico

(Zc 9, 9-10). Para o Segundo Isaías , o Ungido de Iahweh não

é um rei davídico mas Ciro, rei da Pérsia, (Is 45, 1),

instrumento de D-us para a libertação do seu povo; mas o

mesmo profeta coloca em cena outra figura da salvação, o

Servo de Iahweh, que é o mestre do povo e a luz das nações,

pregando com mansidão o direito de D-us; não terá projeção

humana, será rejeitado pelos seus, mas alcançará a salvação

deles ao preço de sua própria vida (Is 42, 1-7; 49, 1-9; 50, 4-

9 e principalmente 52, 13-53-12). Enfim, Daniel vê chegar

sobre as nuvens do céu um como que Filho de homem, que

recebe de D-us o domínio sobre todos os povos, um reino que

não passará (Dn 7). Houve, entretanto, uma reaparição da

antiga corrente: nas vésperas da nossa era, a espera dum

Messias régio estava largamente difundida, mas certos meios

esperavam também um Messias sacerdotal, e outros um

Messias transcendente”. [100].

Bom, isso reafirma o que já dissemos a respeito do que

pensavam e que sempre ficavam esperando um novo messias

para libertá-los.

Verificamos que a grande maioria das supostas profecias é

tirada do livro de Isaías, entretanto cabe-nos, por respeito a

você, caro leitor, fazer algumas considerações sobre este livro.

Novamente, iremos recorrer à Bíblia de Jerusalém [101] que

coloca:

(...).

“Gênio religioso tão grande, marcou profundamente sua época

e fez escola. Suas palavras foram conservadas e sofreram

acréscimos. O livro que traz o seu nome é o resultado de um

longo processo de composição, impossível de reconstituir em

todas as suas etapas”. (...).

“O livro recebeu acréscimos mais consideráveis ainda. Os

caps. 40-55 não podem ser obra do profeta do século VIII.

Não só nunca é mencionado aí o seu nome, mas também o

contexto histórico é posterior cerca de dois séculos: Jerusalém

foi tomada, o povo se acha cativo em Babilônia, Ciro já está

em cena e será o instrumento da libertação. Sem dúvida, a

onipotência divina poderia transportar um profeta a um futuro

longínquo, retirá-lo do presente e alterar as imagens e seus

pensamentos. Mas isso supõe o desdobramento dos

contemporâneos – para os quais ele foi enviado – os quais

não têm paralelo na Bíblia e são contrários à própria noção de

profecia, a qual não faz intervir o futuro senão como

ensinamento para o presente. Esses capítulos contêm a

pregação dum anônimo, continuador de Isaías e grande

profeta, como ele, o qual, na falta de um nome melhor,

chamamos de Dêutero-Isaías ou de Segundo Isaías. Pregou

em Babilônia entre as primeiras vitórias de Ciro, em 550 a.C.

– que levam a adivinhar a ruína do império babilônico – e o

edito libertador de 538, que permitiu os primeiros retornos”.

(...).

“(...) Os oráculos dos caps. 1-39 eram geralmente

ameaçadores e cheios de alusões aos acontecimentos dos

reinados de Acaz e de Ezequias; os dos caps. 40-55 estão

desligados deste contexto histórico e são consoladores. O

julgamento cumpriu-se na ruína de Jerusalém, o tempo da

restauração está próximo. Será uma renovação completa e

este aspecto é sublimado pela importância dada ao tema de

D-us criador, unido ao de D-us salvador. Um novo êxodo, mais

maravilhoso do que o primeiro, reconduzirá o povo a uma

nova Jerusalém, mais bela que a primeira. (...)”.

“A última parte do livro (caps. 56-66) tem sido considerada

como obra de outro profeta, denominado “Trito-Isaías”,

Terceiro Isaías. Hoje, geralmente se reconhece que é uma

coletânea diversificada. (...)”. (todos os grifos são nossos).

Veja bem, um livro é composto de várias coletâneas que não

se sabe quem são realmente os autores, e ainda têm coragem

de afirmar que é “inspirado por D-us”. Tudo que já dissemos

antes vem se confirmar nesses textos que acabamos de

colocar.

E para finalizar, queremos dizer que há muito tempo

estávamos pensando em fazer esse estudo, chegamos a fazer

o levantamento das profecias, pesquisamos na Internet para

saber o que as outras correntes religiosas falavam sobre isso.

Nesta busca encontramos um texto, que merece ser

meditado, pois como “não existe nada de oculto que não

venha a ser conhecido” (Mateus 10, 26) a verdade acabará

aparecendo. Quando isso acontecer os que advogam teses

contrárias ficarão “num mato sem cachorro”, conforme o dito

popular. Não terão nada em que se apoiar e ruirão por falta de

base sólida. Assim, aos que ainda querem manter o povo na

ignorância, que aguardem, pois seu dia chegará é o que

profetizamos.

Alguém pode objetar dizendo que Jesus(Yeshuá) em várias

oportunidades disse que estava cumprindo as profecias. Longe

de nós contestar o que Jesus(Yeshuá) disse, entretanto, agora

ao final desse estudo, por não ter encontrado nenhuma

profecia sobre Ele, ficamos com plena convicção de que é bem

provável que colocaram palavras em Sua boca. Nada mais que

isso. E, estamos com o Mahatama Gandhi, quando disse: “Se

todos os livros religiosos da humanidade perecerem e só se

salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”. E,

coincidência ou não, no Sermão da Montanha (Mateus caps. 5,

6 e 7) não existe nenhuma profecia a respeito de

Jesus(Yeshuá).

Cremos que o valor dos ensinamentos de Jesus(Yeshuá) está

no sentido profundo e altamente moral, não por ter Ele vindo

cumprir profecias. Nunca podemos negar o fato, de que Ele foi

um enviado de D-us, como muitos outros também o foram,

quer tenham sido profetas ou não. O que faz Ele diferente dos

outros é que ele foi o maior de todos. Mas, apesar disso, Ele

diz: “Quem crê em mim fará as obras que faço e fará até

maiores do que elas” (João 14, 12). O que deixa claro, que

para Ele, todos nós somos iguais e podemos fazer as mesmas

coisas, já que temos a mesma origem: D-us.

Vemos como de necessidade urgente uma completa revisão

nos conceitos teológicos tradicionais, para buscar a “verdade

que liberta”, sob pena de causar, cada vez mais, incrédulos.

Conforme podemos comprovar no texto logo abaixo:

Cristianismo: Uma História de Plágio e Profecias

A base de toda a crença cristã está na Bíblia, livro adotado

pelos cristãos como sendo a Palavra do D-us Vivo. E a

existência do próprio deus cristão é comprovada (?) mediante

argumentos bíblicos, em especial profecias, analisados em

termos de verossimilhança ou probabilidades. Entretanto, a

inconsistência das profecias está na arbitrariedade dos

argumentos usados para sustentá-las, selecionados de modo

a favorecer a posição teísta ou bíblica. E a história do

cristianismo e do seu mito Jesus (Yeshuá)encontra vários

paralelos em crenças e mitologias ainda mais antigas.

Os cristãos consideram espantoso e maravilhoso o fato que

tantas profecias do Velho Testamento se tivessem cumprido

de forma precisa e exata na vida de Jesus(Yeshuá), porém

não enxergam, não querem enxergar ou simplesmente

desconsideram o caráter arbitrário dado a elas. Eles assumem

que as profecias foram feitas e cumpridas, mas ao mesmo

tempo não tem evidência real para apoiar essas suposições.

Quando estes alegados cumprimentos de profecias são

estudados nos seus contextos originais, vemos facilmente que

a maior parte deles nada tinha que ver com as aplicações que

os escritores do Novo Testamento lhes deram de forma

arbitrária. Um exemplo excelente é o cumprimento da profecia

sobre a matança das crianças inocentes promovidas por

Herodes. Mateus 2:16-18 diz o seguinte:

"Então Herodes, vendo-se iludido pelos magos, irritou-se

muito e mandou matar todos os meninos de Belém, e de

todos os seus arredores, de dois anos para baixo, segundo o

tempo que diligentemente inquirira os magos. ENTÃO

CUMPRIU-SE O QUE FOI DITO PELO PROFETA JEREMIAS:

Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação,

Raquel chorando por seus filhos, e recusando ser consolada,

porque já não existem”.

Para o cristão comum, esta é apenas mais uma das profecias

cumpridas a respeito de Jesus(Yeshuá). No tempo em que eu

era evangélico, não poucas foram as vezes que ouvi a frase

"todo o texto usado sem um contexto é um pretexto". E

mesmo depois de ter me tornado judeu, muitas vezes esta

frase foi a mim dirigida com o intuito de desmentirem meus

argumentos anti-bíblicos. Agora é a minha vez de dar o troco.

A profecia que Mateus afirma ter se cumprido está em

Jeremias 31:15. No entanto, Jeremias 31:15 é uma

declaração que no contexto original se referia aos judeus que

tinham sido espalhados pelo estrangeiro durante a Diáspora.

Jeremias referiu-se figurativamente a isto como Raquel

chorando pelos seus filhos, mas no contexto da declaração, há

uma promessa no versículo seguinte segundo a qual estes

filhos "regressariam da terra do inimigo" (versículo 16).

Portanto, é óbvio que Jeremias não estava de maneira

nenhuma a falar de um massacre brutal de crianças judias,

pelo que torcer a passagem e dar-lhe a aplicação que Mateus

lhe deu só pode ser visto como um ato de desespero da parte

de alguém que, não tendo qualquer evidência real do seu

lado, tenta provar que este homem Jesus(Yeshuá) cumpriu as

profecias judaicas sobre o vindouro Messias. Quando

juntamos a isso a ausência total de referências em histórias

seculares contemporâneas à matança dos inocentes por

Herodes, temos uma boa razão para acreditar que nunca

ocorreu este evento que Mateus alegou ser um cumprimento

de profecia.

O cristianismo, além de apoiado em profecias fundamentadas

em arbitrariedades, é baseado também em histórias de

religiões ANTERIORES ao próprio cristianismo. Entre elas, vale

a pena reparar na versão Hindu, pois é espantosamente

paralela à história de Mateus. Segundo a literatura Hindu,

quando Krishna, a oitava encarnação do deus Vishnu, nasceu

da virgem Devaki, ele foi visitado por homens sábios que

haviam sido guiados até ele por uma estrela. Anjos também

anunciaram o nascimento a pastores nos campos próximos.

Quando o Rei Kansa soube do nascimento miraculoso desta

criança, enviou homens para "matar todas as crianças nas

localidades vizinhas", mas uma "voz celestial" segredou ao pai

adotivo de Krishna e avisou-o para que tomasse a criança e

fugisse através do rio Jumna.

Um estudo de mitologia pagã estabeleceria paralelos similares

nas histórias de Zoroastro (Persa), Tammuz (Babilônica),

Perseus e Adonis (Grega), Horus (Egípcia), Rômulo e Remo

(Romana), Gautama (o fundador do Budismo), e muitas

outras, pois vários elementos do mito da 'criança perigosa'

podem ser observados nas histórias de todos estes d-uses e

profetas pagãos. Todos estes mitos são anteriores, geralmente

muitos séculos, ao relato de Mateus sobre o massacre das

crianças em Belém. Krishna, por exemplo, era um salvador

Hindu que alegadamente viveu no sexto século A.C., portanto

quando um estudo da literatura do mundo antigo mostra que

um evento incomum como a matança dos inocentes parece

ter ocorrido por todo o lado, pessoas razoáveis percebem que

esse evento provavelmente não ocorreu em lugar nenhum, ou

na melhor das hipóteses ocorreu apenas uma vez e depois foi

plagiarizado. Como a história ocorre muitas vezes antes da

versão de Mateus, só podemos concluir que tal evento não

ocorreu em Belém como Mateus, E SOMENTE MATEUS,

alegou.

Muitos outros alegados cumprimentos de profecias na vida de

Jesus(Yeshuá) têm paralelos na mitologia antiga. Os milagres

de Jesus(Yeshuá) haviam sido profetizados em Isaías 53:4-5,

a sua crucificação no Salmo 22:16, a sua ressurreição no

Salmo 16:10, e a sua ascensão no Salmo 68:18. Contudo, o

exame destas passagens no seu contexto revela o mesmo

problema citado acima no caso de Jeremias 31:15. As

afirmações são notoriamente obscuras e só se tornam

profecias através das alegações arbitrárias dos escritores do

Novo Testamento, que as retiraram do contexto e as

aplicaram a situações que os escritores originais não

referiram. Portanto não há maneira de alguém estabelecer

que estas "profecias" tenham sido originalmente feitas com a

intenção de serem profecias. Tudo o que temos é a palavra

não confirmada de escritores do Novo Testamento, dizendo

que essas declarações foram feitas com a intenção de serem

profecias, e isso não é uma base suficientemente boa sobre a

qual se deva construir um argumento.

O Cristianismo não é a única religião que alega que o seu

salvador realizou milagres, foi crucificado, foi ressuscitado dos

mortos e ascendeu ao céu. Escritos Hindus atribuíram todas

estas coisas a Krishna. De fato, as vidas de Jesus(Yeshuá) e

Krishna, conforme relatadas nas respectivas literaturas dos

seus seguidores, são tão espantosamente paralelas que

pessoas razoáveis só podem concluir que os escritores do

Novo Testamento tomaram de empréstimo muitas das suas

idéias de uma mitologia do salvador que tinha evoluído muito

antes do primeiro século. De fato, salvadores nascidos de

virgens, crucificados e ressuscitados eram a coisa mais

comum na mitologia pagã, e se isso não destrói os

argumentos bíblicos (na medida em que se referem a

cumprimento de profecias) nas mentes dos cristãos, então

eles estão obviamente determinados a acreditar na

extravagância do mito Cristão, independentemente de quão

convincente possa ser a evidência em contrário.

Ainda assim, vamos supor que seja possível provar o

cumprimento da profecia da matança das crianças inocentes,

por exemplo. Deixo bem claro que esta não é a minha tarefa,

mas de todos os cristãos que afirmam que o seu mito e as

profecias que o sustentam são verdadeiras. Desta maneira,

quem quisesse provar que a matança dos inocentes aconteceu

e foi realmente profetizada por Jeremias teria de demonstrar

ABSOLUTAMENTE, além de qualquer dúvida, que Jeremias

pretendia que a declaração fosse uma profecia da matança

dos inocentes por Herodes. Particularmente eu duvido que

alguém consiga passar desta etapa, mas supondo que alguém

consiga, mas vamos supor que alguém conseguira provar que

Jeremias pretendia que a declaração fosse uma predição da

matança das crianças em algum momento no futuro do

profeta, tal pessoa ainda teria que provar DE FORMA

ABSOLUTA que o massacre das crianças de Belém por

Herodes pode ser estabelecido como fato histórico. A ausência

total de qualquer referência a tal evento por qualquer outro

escritor do Novo Testamento ou qualquer historiador secular

contemporâneo a essa época torna isso uma tarefa impossível

para qualquer um. Contudo, se um evento que alegadamente

é um cumprimento de profecia não pode ser estabelecido

fatualmente, como é que uma pessoa que possua um mínimo

de inteligência pode afirmar que foi um cumprimento de

profecia?

Se provar que uma profecia a respeito de Jesus(Yeshuá)

realmente aconteceu é algo impossível, o que dizer de uma

série delas? Será que alguém é capaz de pegar as supostas

profecias sobre o messias cristão e passar pelo mesmo

processo? Isto significaria pegar as alegações proféticas sobre

o nascimento virginal de Jesus(Yeshuá), os milagres, a

entrada triunfal, a traição, a crucificação, o tratamento

durante a crucificação, a ressurreição, a ascensão e centenas

de outros alegados cumprimentos proféticos e provar para

cada uma delas que: (1) a intenção da declaração original era

mesmo fazer uma profecia de algo que ocorreria na vida do

Messias e que (2) o acontecimento profetizado ocorreu

mesmo a Jesus(Yeshuá). Alguém se habilita?

É possível de alguma forma que alguém estudasse as

escrituras do Velho Testamento, interpretasse algumas

passagens obscuras como profecias e depois escrevesse uma

biografia de um personagem fictício de modo a fazer parecer

que todas estas "profecias" tinham sido cumpridas na sua

vida? De acordo com forma como a vida e as profecias a

respeito de Jesus(Yeshuá) Cristo nos são apresentadas, é

perfeitamente possível sim.

Portanto, o meu objetivo com este artigo é mostrar que estes

alegados cumprimentos de profecias nunca aconteceram, que

os escritores dos evangelhos limitaram-se a procurar no Velho

Testamento declarações que podiam interpretar como

profecias e depois escreveram as biografias do seu Messias de

modo a fazer parecer que todas as profecias tinham sido

maravilhosamente cumpridas. Mesmo que as ações de

"cumprimento de profecias" tenham mesmo ocorrido, podiam

ter sido feitas deliberadamente com o objetivo de dar ao

pretenso Messias a oportunidade de alegar que ele tinha de

fato cumprido as profecias judaicas.

Com o desabafo desse ex-evangélico, queremos deixar bem

claro que, a manter as coisas como estão, causaremos um

prejuízo muito grande, pois estaremos, cada vez mais, dando

origem a indivíduos que se dizem anti- cristianismo. Observar

que ele era um evangélico, é, pois uma pessoa que estudou

muito a Bíblia, o que nos leva a crer que todos os que a

estudarem em profundidade poderão acabar como ele, ou

seja, mais um indivíduo no rol dos judeus.

Ora, um livro de inspiração divina nunca poderia levar pessoas

ao descrédito, se isso está ocorrendo é porque existe alguma

coisa errada. O que está errado? Pensamos que os teólogos

do passado, por mais sábios que pudessem ser, não possuíam

uma visão holística dos fatos, sempre colocavam os textos

bíblicos sob o seu estreito ponto de vista. E não há como

negar que o homem avançou de maneira considerável,

principalmente no campo das ciências. Isso vem provocando

uma revisão completa nos conhecimentos do passado, só que

ainda essa revisão não teve como alvo a teologia tradicional.

A humanidade, hoje, mais questionadora, e indubitavelmente

mais exigente, não quer aceitar mais nada sem o crivo da

razão e da lógica. E, quando resolverem passar a Bíblia por

esse crivo, as coisas irão complicar-se, já que a maioria das

correntes religiosas tradicionais terá que modificar seus

conceitos sob pena de continuarem formando mais descrentes

que crentes. Desejamos, com tudo isso, fazer um urgente

pedido de socorro: Vamos separar da Bíblia o joio do trigo

para o próprio bem dela.

Agora, como reflexão final, colocaremos o complemento do

pensamento de um Espírito que se identificou como Erasto:

“Vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só

mentira, uma só falsa teoria. Com efeito, sobre essa teoria

poderíeis edificar todo um sistema que desabaria ao primeiro

sopro da verdade, como um monumento construído sobre

areia movediça, ao passo que, se rejeitais hoje certas

verdades, porque não vos são demonstradas lógica e

claramente, logo um fato brutal ou uma demonstração

irrefutável virá delas vos afirmar a autenticidade” [103].

Alexander Souza Iglesias Setembro/2006

Bibliografia:

A Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão

Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço,

referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie;

Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, São Paulo: Mundo

Cristão -, 1994.

Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, São Paulo, 1989, 68a.

Edição;

Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Sociedade Bíblia Católica

Internacional e Paulus, 14a. impressão, 1995;

Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo, 37a. Edição,

1980;

Bíblia Sagrada, Editora Vozes, Petrópolis, 1989, 8a. Edição;

Bíblia de Jerusalém, Paulus Editora, 2002, nova edição, revista

e ampliada;

Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, São Paulo, SP, 1984.

Revista Superinteressante, Edição 183, dezembro 2002.

Revista Vida e Obra de Jesus Cristo, nº. 3, Mythos Editora

Livro dos Médiuns, Allan Kardec, IDE, SP, 27ª edição, 1993.

[1] www.catolicoromano2.hpg.ig.com.br/index.html

[2] www.ichtus.com.br/publix/ichtus/estudos/profjesus.html

[3] Bíblia Pastoral, pág. 955.

[4] Dicionário Bíblico Universal, pág. 226.

[5] Bíblia Anotada, pág. 859.

[6] Bíblia Anotada, pág. 859.

[7] Bíblia de Jerusalém, pág. 1265.

[8] Revista Superinteressante, pág. 43.

[9] Bíblia Pastoral, pág. 1173.

[10] Bíblia Ave Maria, pág. 1078.

[11] Bíblia Pastoral, pág. 957.

[12] Bíblia Barsa, pág. 581.

[13] Bíblia Vozes, pág. 898.

[14] A Bíblia Anotada, pág. 905.

[15] Bíblia Pastoral, pág. 947.

[16] Bíblia Pastoral, págs. 985/86.

[17] Bíblia de Jerusalém, pág. 1239.

[18] Bíblia de Jerusalém, págs. 1263/64.

[19] A Bíblia Anotada, pág. 746.

[20] Bíblia Pastoral, pág. 754.

[21] Bíblia Barsa, pág. 476.

[22] Bíblia Vozes, pág. 737/738.

[23] Bíblia Pastoral, pág. 1225.

[24] A Bíblia Anotada, pág. 1229.

[25] A Bíblia Anotada, pág. 1165.

[26] Bíblia de Jerusalém, pág. 1678.

[27] Bíblia Jerusalém, pág. 1754.

[28] Bíblia Barsa, pág. 769.

[29] Bíblia Vozes, pág. 679.

[30] Bíblia de Jerusalém, pág. 1352.

[31] Bíblia Vozes, pág. 1117.

[32] A Bíblia Anotada, pág. 1101.

[33] Bíblia de Jerusalém, pág. 1591.

[34] A Bíblia Anotada, pág. 1101.

[35] Bíblia Ave Maria, pág. 234.

[36] A Bíblia Anotada, pág. 717.

[37] A Bíblia Anotada, pág. 739.

[38] Bíblia Pastoral, págs. 704/05.

[39] Bíblia Pastoral, pág 1225.

[40] Bíblia Vozes, pág. 946.

[41] Bíblia Ave Maria, pág. 1021.

[42] Bíblia Pastoral, pág. 971.

[43] Bíblia de Jerusalém, pág. 1293.

[44] Bíblia de Jerusalém, pág. 860.

[45] A Bíblia Anotada, pág. 697.

[46] Bíblia Ave Maria, pág. 343.

[47] A Bíblia Anotada, pág. 415.

[48] A Bíblia Anotada, pág. 548.

[49] Vida e Obra de Jesus Cristo, pág. 34.

[50] Bíblia Vozes, pág. 185.

[51] Bíblia Vozes, pág. 79.

[52] Bíblia Pastoral, pág. 959.

[53] Bíblia Pastoral, pág. 1035.

[54] Bíblia Pastoral, pág. 1218.

[55] Bíblia Ave Maria, pág. 1067.

[56] Bíblia Vozes, pág. 709.

[57] A Bíblia Anotada, pág. 741.

[58] Bíblia Pastoral, pág. 1001/02.

[59] Bíblia Pastoral, pág. 841.

[60] Bíblia Pastoral, pág. 795.

[61] Bíblia Pastoral, pág. 959.

[62] Bíblia Pastoral, pág. 975/76.

[63] Bíblia Pastoral, pág. 672/3.

[64] Bíblia Vozes, pág. 693.

[65] A Bíblia Anotada, pág. 725.

[66] Bíblia de Jerusalém, pág. 909.

[67] A Bíblia Anotada, pág. 739.

[68] Bíblia Vozes, pág. 738.

[69] Bíblia de Jerusalém, pág. 1313.

[70] Bíblia Vozes, pág. 924.

[71] Bíblia Pastoral, pág. 983.

[72] Bíblia Vozes, pág. 1169.

[73] Bíblia Vozes, pág. 1171.

[74] Bíblia Vozes, pág. 1171.

[75] Bíblia Pastoral, pág. 978.

[76] Bíblia Vozes, pág. 920.

[77] A Bíblia Anotada, pág. 911.

[78] Bíblia Ave Maria, pág. 1021.

[79] Bíblia Vozes, pág. 947.

[80] A Bíblia Anotada, pág. 1166.

[81] A Bíblia Anotada, pág. 1134.

[82] Bíblia Pastoral, pág. 691.

[83] A Bíblia Anotada, pág. 768.

[84] A Bíblia Anotada, pág. 739.

[85] Bíblia Vozes, págs. 737/38.

[86] A Bíblia Anotada, pág. 720.

[87] A Bíblia Anotada, pág. 708.

[88] A Bíblia Anotada, pág. 708.

[89] A Bíblia Anotada, pág. 714.

[90] Bíblia Vozes, pág. 1132.

[91] Bíblia Pastoral, pág. 1185.

[92] Bíblia Pastoral, pág. 1187.

[93] Bíblia Pastoral, pág. 741.

[94] Bíblia Pastoral, pág. 795.

[95] Bíblia Pastoral, pág. 795.

[96] Bíblia Vozes, págs. 1103/04.

[97] Bíblia Vozes, pág. 1104.

[98] Bíblia Vozes, pág. 1104.

[99]Bíblia Pastoral, págs. 840/41.

[100] Bíblia de Jerusalém, págs. 1235/36.

[101] Bíblia de Jerusalém, pág.1238/39.

[102] Fonte: https://www.ubiratan.hpg.ig.com.br/artigohistoriacristianismo.

htm

[103] Livro dos Médiuns, págs. 265/66.