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O "Servo Sofredor" de Isaías 53
O "Servo Sofredor" de Isaías 53


                                                                     O 'SERVO SOFREDOR' DE ISAÍAS 53

 

Este estudo foi preparado em conformidade com a interpretação tradicional judaica, sendo que as citações

apresentadas foram extraídas diretamente do texto hebraico e as traduções seguem o padrão da

 

 

Jewish

Press Bible

, em inglês.

ISAÍAS 53:1

מי האמין לשמועתנו וזרוע יהוה על מי נגלתה

Mi heemin lish'muatênu, uz'rôa Adonay al mi niglatah?

1 Quem acreditou em nosso relato e o braço do S-nhor a quem foi revelado?

“Quem acreditou em nosso relato?”

- O Servo do S-nhor (isto é, o remanescente fiel

de Israel – os profetas e justos de todas as gerações) era constantemente ignorado pelo

resto do povo o qual não acreditava em suas palavras de exortação ao arrependimento. Os

israelitas são reconhecidos por D-us como sendo Suas “testemunhas” (Isa 43:10), todavia

nem sempre o relato transmitido por essas testemunhas tem sido aceito, seja pelos

rebeldes dentre o próprio povo, ou seja ainda pelas nações as quais Israel serve de luz (Isa

42:6). Por esta razão Isaías diz, “Quem acreditou em nosso relato?” (Veja II Cro 24:19); O

povo era aconselhado por todos os profetas a voltarem do seu mau caminho e a cumprir os

mandamentos de D-us (II Rs 17:13) e mesmo assim, muitos deles foram mortos (I Rs

19:10).

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Se este verso diz respeito a Jesus, como explicar o fato narrado pelo NT que as multidões

se admiravam da sua “doutrina” e que seguiam-no para cima e para baixo, admirados pelos

seus ensinamentos? (Mat 4:25/7:28) Se ninguém acreditava em Jesus por que as

autoridades não queriam prendê-lo durante a Páscoa para evitar um motim entre o povo?

(Mar 14:2) Se ninguém acreditou em Jesus por que diz-se que muitos sacerdotes

tornaram-se cristãos? (At 6:7) Enfim, se ninguém acreditou em Jesus, por que Roma se

preocuparia com ele, condenando-o à morte?

“...e o braço do S-nhor a quem foi revelado?” -

Na Bíblia, a palavra “braço” tem o

sentido de “

 

poder de salvação”, e vemos por várias passagens que foi a Israel que o S-nhor

revelou o Seu braço, pois foi ao povo judeu que o Eterno manifestou de forma maravilhosa

o Seu grande

 

poder para salvar quando estavam oprimidos:

Exo 6:6 Israel resgatado com braço estendido e com grandes juízos.

Deu 4:34 Israel tirado do Egito por D-us com mão poderosa e braço estendido.

(Veja ainda: Deu 5:15/ 7:19/9:29/ 26:8/ Sal 44:3/ 77:15/ Isa 33:2/ 59:16)

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Se este texto diz respeito a Jesus, pedimos que nos expliquem se algum dia Jesus teria

precisado que D-us lhe manifestasse Seu “braço”, isto é, Seu poder de salvação. Se isto foi

assim, então Jesus também precisou ser salvo e não pode ser “salvador”.

ISAÍAS 53:2

ויעל כיונק לפניו וכשרש מארץ ציה לא תאר לו ולא הדר ונראהו ולא מראה ונחמדהו

Va-yaal ka-yonek lefanáv ukhe-shoresh me-êretz tsiáh. Lô toar lo ve-lô hadar ve-nir'ehu

ve-lô mar'eh ve-nech'medehu.

2 Mas ele subiu como um lactente diante d'Ele e como raiz de uma terra seca.

Ele não tinha formosura e nem glória para que o notássemos, e nem

aparência para que o desejássemos.

“Ele subiu como um lactente...”

- O Servo do S-nhor (o remaescente fiel de Israel) é

retratado pelo profeta como um “lactente” que sobe (cresce) diante de D-us, como um bebê

que cresce e se desenvolve diante de seu Pai. Israel é mencionado várias vezes pelos

profetas como uma criança, como um menino – filho de D-us:

Ose 11:1 Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei a meu filho.

Exo 4:22 Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito.

Exo 4:23 Deixa ir meu filho (Israel), para que me sirva.

Deu 1:31 Deus levou Israel como um homem leva seu filho por todo o caminho.

“...como raiz de uma terra seca”

- Israel cresceu diante de D-us, Seu Pai celestial,

como um ramo verdejante em um deserto abrasante e seco:

Sal 80:8-9 Israel é uma videira frondosa cultivada por D-us.

Deu 32:9-10 D-us achou Israel numa terra deserta, num êrmo de solidão.

Ose 13:4-5 D-us conheceu Israel no deserto, em terra muito seca.

Jer 2:6 D-us fez Israel subir do Egito por uma terra de sequidão.

“...não tinha formosura...e nem aparência para que o desejássemos” -

Israel

desde os seus primeiros dias até hoje não parece atraente diante das nações; Os povos do

mundo têm historicamente desprezado o povo judeu, relegando-o como um rejeitado e

renegado. Isto é um fato inegável desde que os judeus estiveram cativos no Egito até os

dias do holocausto nazista.

Isa 51:7 Israel não deve preocupar-se com a injúria dos homens.

Jer 33:24 Israel desprezado e ignorado como povo pelas nações.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Se esta passagem refere-se a Jesus, como explica-se o fato de Israel ter sido chamado de

“filho” de D-us e “primogênito” muito tempo antes? Note que o termo “primogênito”

refere-se ao primeiro filho gerado, o mais importante. Não podem existir dois

primogênitos, e assim, Jesus não pode ser chamado de “primogênito” de D-us quando

Israel já foi chamado assim séculos antes. No evangelho de Mateus 2:15, o autor cita Oséias

11:1, aplicando-a a Jesus – mas note as diferenças:

Mat 2:15 “e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito da

parte do Senhor pelo profeta:

 

Do Egito chamei o meu filho

Mateus dá a entender que Oséias teria “profetizado” a ida de Jesus ao Egito. Mas, vejamos

se isso é assim:

Ose 11:1 “Quando

 

Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei o meu filho

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Veja: quem é mesmo chamado de “filho” de D-us pelo profeta Oséias? Israel, é claro! Não

tem nada a ver com Jesus ou com qualquer outra pessoa. Se Mateus era confiável e agia de

boa fé, por que então

 

omitiu vergonhosamente a primeira parte do verso de Oséias que diz

claramente

que o filho tirado do Egito é Israel? Sejamos honestos com a verdade!

E mais: Será que Jesus foi conhecido numa terra seca, desértica assim como ocorreu com

Israel como já vimos? Bem, todos sabem que Jesus teria nascido na Judéia ainda que haja

controvérsias entre os pesquisadores, pois segundo alguns ele nasceu na Galiléia. Seja a

verdade qual for, fato é que ambas as regiões ficam dentro das fronteiras de Israel, que de

acordo com a Bíblia não é uma terra seca, um deserto – mas sim, “uma terra que mana

leite e mel” (Exo 13:5), uma terra fértil (Nee 9:35), terra de trigo e cevada, de vides e

figueiras, de azeite e mel (Deu 8:8).

E finalmente, quando foi Jesus alguém não desejado? Os gentios até hoje seguem

cegamente sua doutrina, multidões e gerações acreditaram nele e desejam seguir seus

passos como se ele fosse alguém digno de ser seguido. Além disso, os cristãos tem em Jesus

o “desejado de todas as nações”, numa referência a Ageu 2:7. Como pode ser ele o

“desejado das nações” e ainda assim “não ter aparência para que fosse desejado”??

ISAÍAS 53:3

נבזה וחדל אישים איש מכאבות וידוע חלי וכמסתר פנים ממנו נבזה ולא חשבנהו

Nivzeh va-chadal ishim ish mackheovot vi-yidua choli ukhe-master panim mimênu

nivzeh ve-lô chashavnuhu.

3 Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e

experiente em enfermidades. E como alguém de quem se esconde o rosto, nós

o desprezamos e não o consideramos.

“...desprezado e rejeitado pelos homens”

- Não é necessário investigar muito a

fundo a história de Israel para percebermos o quanto este povo foi desprezado pelos outros

povos: primeiro, faraó os oprimiu no Egito; depois, vieram os inimigos de Babilônia, da

Assíria, da Grécia e Roma. Com o surgimento do cristianismo, os judeus (o povo de Israel)

foi duramente perseguido, humilhado e quase destruído pela sanha sanguinária ds líderes

desta religião, quer fossem eles católicos ou protestantes. Vieram as inquisições, os

pógroms, expulsões em massa, o exílio, as deportações, as calúnias de sangue e finalmente

em pleno século XX a maior das catástrofes: o holocausto (em hebraico,

 

shoah), no qual

seis milhões de judeus pereceram nos fornos crematórios ou envenados.

“homem de dores...experiente em enfermidades”

- Israel é sem dúvida o “homem

de dores, experiente em enfermidades” mencionado por Isaías. Dele os povos até hoje

escondem o rosto, desprezando-o e desconsiderando-o.

Isa 49:7 Israel desprezado dos homens, aborrecido das nações, servo dos tiranos.

Sal 44:13 Israel como opróbrio aos seus vizinhos, escárnio e zombaria.

Sal 44:14 Israel, provérbio entre as nações, meneio de cabeça entre os povos.

Jer 10:19 Israel quebrantado; sua chaga causa grande dor.

Jer 30:12 O ferimento de Israel é gravíssimo.

Veja ainda Isa 51:7/54:6/60:14-15/ Jer 18:16/ 33:24.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Foi ele algum dia “desprezado” dos povos? Não é isso que diz o NT. Ele

era seguido por multidões: Será que isto significa ser “desprezado”? (Mat 4:25; Luc 23:27)

Jesus era famoso por toda a Galiléia e por todos era admirado (Luc 4:14-15). É isso que

significa ser desprezado? Não é o que parece. Hoje cerca de 1/3 da população mundial

(cerca de 2 bilhões de pessoas) vê em Jesus uma espécie de “deus” - isso é ser

“desprezado”? Não é o que parece!

Jesus não trabalhava e aconselhava os outros a também não trabalhar (Joa 6:27); vivia de

doações e ofertas, sendo sustentado por mulheres (Luc 8:1-3); além disso, vivia nos

banquetes e grandes festas (Luc 7:36/11:37/14:1), e dava-se com ricos e famosos. Será que

isso pode ser considerado como uma vida de sofrimentos e dores? Dificilmente...

ISAÍAS 53:4

אכן חלינו הוא נשא ומכאבינו סבלם ואנחנו חשבנהו נגוע מכה אלהים ומענה

Akhen, cholayênu hu nassá umakheoveinu s'valam va-anachnu chashavnuhu nagua

mukeh Elohim umeuneh.

4 Certamente ele levou as nossas enfermidades, e nossas dores suportou e nós

o tínhamos como alguém abatido, ferido de D-us e oprimido.

“...ele levou as nossas enfermidades”

- O Servo de D-us, o fiel remanescente de Israel

sofre juntamente com os pecadores dentre o povo, levando suas dores. Assim, vemos os

profetas e justos antigos pedindo e intercedendo pelos que de fato pecaram contra as leis

de D-us. Moisés por exemplo, pediu a D-us que perdoasse o pecado do povo, levou sobre si

a “enfermidade” de sua nação (Exo 32:11-12); Daniel, embora sendo justo, assumiu a culpa

pelo erro do seu povo em suas orações, levou por assim dizer, as “enfermidades” de sua

nação e de sua gente (Dan 9:4-5); Jeremias é um outro bom exemplo em sua ousada e

apaixonada defesa do povo judeu, mesmo quando esse não correspondia à vontade de D-us

(Jer 30:23-25).

“ferido de D-us e oprimido”

- Israel foi ferido de D-us, pois segundo os profetas, foi o

próprio Eterno que causou sua chaga e Ele mesmo e quem a sara:

Isa 60:10 D-us feriu Israel em sua ira.

Ose 6:1 D-us feriu Israel e é quem o cura.

Sal 44:19 Israel foi ferido pelo Eterno.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Jesus não tomou sobre si as dores ou enfermidades de ninguém, uma vez que disse que

quem desejasse seguí-lo deveria tomar sua

 

própria cruz (Mat 16:24). Assim, ele não pode

ser considerado como alguém “ferido de D-us” no sentido de trazer a redenção; ele foi sim

ferido

 

por D-us, foi considerado “maldito” (Deu 22:21-23) pelas suas próprias

transgressões e recebeu sobre si mesmo a paga pelas suas más obras, morrendo pendurado

no madeiro, isto é, sobre uma cruz romana.

ISAÍAS 53:5

והוא מחלל מפשעינו מדכא מעונתינו מוסר שלומנו עליו ובחברתו נרפא לנו

Ve-hu mecholal mi-peshaeinu medukah me-avonoteinu mussar shlomenu alav uvachavuratô

nirpá lanu.

5 E ele foi profanado pelas nossas transgressões, oprimido pelas nossas

iniqüidades; a disciplina da nossa paz estava sobre ele, e pelo seu ferimento

fomos curados.

“...profanado pelas nossas transgressões”

- Israel foi chamado de povo santo,

separado para seu D-us (Deu 7:6). Entretanto, as transgressões da maioria rebelde do povo

fez com que sua vocação à santidade fosse profanada; isso ocorreu também com a terra de

Israel e com o Templo sagrado (Eze 24:21).

“a disciplina da nossa paz estava sobre ele”

- A disciplina, a palavra de exortação ao

arrependimento que pode sempre trazer a paz sobre todo Israel está na boca dos justos

dentre o povo. O ímpio todavia rejeita a palavra de correção e ignora a disciplina; nessa

passagem, há uma espécie de reconhecimento de que a palavra proferida pelo Servo do Snhor

é aquilo que pode trazer a paz (Jer 25:4/29:19/35:15/Dan 9:6 e 10).

“pelo seu ferimento fomos curados”

- Os justos de Israel sofreram terrivelmente pela

opressão e pelo aperto dos inimigos do povo de D-us. Entretanto, foram justamente estas

feridas que trariam a paz e a cura para todo o povo. Nunca faltaram justos em Israel para

pedir e rogar ao Eterno pelo povo rebelde. Jeremias é um clássico exemplo:

 

Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; ando de luto; o espanto apoderouse

de mim

” (Jer 8:21)

 

Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e

não cessem; porque a virgem filha do meu povo está gravemente ferida, de mui dolorosa

chaga

”. (Jer 14:17)

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Jesus pelo que notamos não foi profanado pelas transgressões de ninguém, senão pelas

dele mesmo pois blasfemava constantemente querendo ser D-us e menosprezando o ser

humano (Mat 15:26/23:33/João 5:18). A disciplina da paz do povo judeu nunca esteve

sobre Jesus pois ele jamais pediu a D-us por eles e nunca os defendeu diante dos seus

inimigos como fizeram os grandes profetas. A “disciplina” que Jesus ensinava não serviu

para nada, pois buscava fazer dos judeus suas vítimas, fazendo-os aceitar um ser humano

(ele mesmo) como D-us, uma heresia imperdoável pela lei judaica. Ninguém foi curado

pelos ferimentos inflingidos a Jesus, uma vez que aqueles que o feriram (os gentios)

sempre tiveram sua simpatia ao contrário dos judeus que eram supostamente seu povo.

Suas condenações e críticas eram constantemente dirigidas aos judeus – nenhuma palavra

de conforto ou de consolação.

ISAÍAS 53:6

כלנו כצאן תעינו איש לדרכו פנינו ויהוה הפגיע בו את עון כלנו

Kulanu ka-tson taínu; ish le-darkô paninu, va-Adonay hifgía bo et avon kulanu.

6 Todos nós como ovelhas nos desgarramos; nos desviamos cada um pelo seu

caminho, e o S-nhor o atingiu com o pecado de nós todos.

“...como ovelhas nos desgarramos”

- O povo de Israel sempre foi comparado nas

Escrituras às ovelhas do pasto, guiadas por D-us. Entretanto, as ovelhas (o povo judeu) vez

ou outra se desgarrava devido ao descuido de seus pastores (líderes politicos e religiosos).

Jer 50:6 O povo de D-us como ovelhas desgarradas; seus pastores as fizeram errar.

Ez 34:6 O povo de D-us como ovelhas espalhadas por todas as nações.

“...o S-nhor o atingiu com o pecado de nós todos”

- O pecado de toda a nação [e

também dos gentios] atinge o Servo do S-nhor, ferindo e quebrantando-o.

Jer 8:21 Jeremias ferido pelo pecado de seu povo.

Jer 15:18 Dor perpétua e ferida incurável atinge o profeta.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Jesus ao contrário de buscar as ovelhas desgarradas, tentou fazer com que as que já

estavam congregadas se desgarrassem; fez isso quando insistiu em ser reconhecido como

D-us ou como parte da Divindade; fez isso também quando tentava desviar os judeus de

sua Lei ancestral, voltando-se ao culto pagão dos deuses semi-humanos. Assim, o pecado

de ninguém o atingiu, senão o dele mesmo e teve o fim merecido em conformidade com

suas más obras.

ISAÍAS 53:7

נגש והוא נענה ולא יפתח פיו כשה לטבח יובל וכרחל לפני גזזיה נאלמה ולא יפתח פיו

Nigash ve-hu naaneh ve-lô yiftach piv, ka-seh la-têvach yuval, ukhe-rachel lifnei

goz'zeiha neelamah ve-lô yiftach piv.

7 Ele foi afligido, tiranizado e ainda assim não abriu sua boca; como um

cordeiro levado ao matadouro e como ovelha muda perante seus

tosquiadores, ele não abriu sua boca.

O remanescente justo de Israel sofreria os terrores do exílio, da deportação e a morte sem

abrir sua boca; tal como o cordeiro que vai para a morte ingenuamente, o Servo sofre sem

ter culpa alguma e sem entender bem por que tudo aquilo acontece.

Isa 42:2 O Servo não clama, não se exalta e nem se ouve sua voz nas praças e ruas.

Sal 44:11 Entregues como ovelhas para o pasto.

Sal 44:22 Entregues à morte como ovelhas para o matadouro.

Isa 50:6 A resignação do Servo.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Será que ele não abriu sua boca diante de seus acusadores e na presença

daqueles que o condenaram à morte? Quando o servo do sumo-sacerdote lhe bate no rosto,

ele ao contrário do que pregava, não deu “a outra face”, mas reclamou do golpe (João

18:22-23); Em João 18:33-37 ele

 

abre sua boca novamente para apresentar sua defesa

diante de Pilatos e finalmente na cruz ele mais uma vez

 

abre sua boca, desta vez para

queixar-se do abandono que sofrera da parte do seu “deus” (Mat 23:46). Assim, Jesus

definitivamente não se enquadra à figura de uma “ovelha muda” que não abre a boca

diante de seus tosquiadores, isto é, como alguém que por estar fazendo a vontade de D-us

sofre resignadamente a opressão dos inimigos.

ISAÍAS 53:8

מעצר וממשפט לקח ואת דורו מי ישוחח כי נגזר מארץ חיים מפשע עמי נגע למו

Me-otser umi-mishpat lukach ve-et dorô mi yesocheach? Ki nigzar me-êretz chayim, mipêsha

ami nêga lamô.

8 Pela opressão e pelo juízo foi tirado e sua geração quem mencionará? Pois

ele foi cortado da terra dos viventes, pela transgressão do meu povo houve

ferimento para eles.

“Pela opressão e pelo juízo foi tirado”

- O Servo do S-nhor (os justos em Israel) foi

tirado, tomado, levado pela opressão de seus inimigos e também pelo juízo divino. A

combinação desses dois fatores fez com que o Servo passasse por todas as crises e que

pudesse assim por seu testemunho fiel, servir de meio para trazer novamente a paz ao povo

de D-us. A “opressão” na passagem refere-se aos inimigos do povo de D-us (Babilônia,

Grécia, Roma, a Igreja, etc); o “juízo” por sua vez reflete a mão de D-us que fere o Servo

atingindo-o com todo tipo de aflições e que mais tarde traz-lhe a cura (ver Ose 6:1-3).

“...e sua geração quem mencionará?”

- A penúria pela qual o Servo teria que passar

chega a impressionar o profeta levando-o a questionar se haveria alguém que pudesse fazer

menção de sua posteridade. O sofrimento que os servos de D-us passariam colocaria em

risco toda a sua geração; os seus inimigos certamente não pouparam esforços na tentativa

maquiavélica de eliminar da face da terra sua incômoda presença. Entretanto, apesar do

duro castigo imposto ao Servo, há o anúncio da redenção e do livramento: “

 

Tu não temas,

servo meu, Jacó, diz o S-nhor; porque estou contigo; pois destruirei totalmente todas as

nações para onde te arrojei; mas a ti não te destruirei de todo, mas castigar-te-ei com

justiça, e de modo algum te deixarei impune

” (Jer 46:28).

“...ele foi cortado da terra dos viventes”

- O termo “cortado” como usado por Isaías

refere-se à morte, e ao exílio por extensão. Ser cortado da terra dos viventes é o mesmo que

ser morto ou desterrado, exilado de sua terra natal, e da terra por excelência, a Terra de

Israel. O profeta Jeremias como modelo do Servo do S-nhor, sentiu-se como cordeiro

levado ao matadouro, vítima daqueles inimigos que tencionavam eliminá-lo: “

 

Mas eu era

como um manso cordeiro, que se leva à matança; não sabia que era contra mim que

maquinavam, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto, e

 

cortemo -lo da terra

dos viventes

, para que não haja mais memória do seu nome

” (Jer 11:19). Assim sentiase

o Servo do S-nhor:

Eze 37:11 “

 

Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis

que eles dizem: Os nossos ossos secaram-se, e pereceu a nossa esperança;

estamos de todo cortados

“Pela transgressão do meu povo houve ferimento para eles”

- O Servo de forma

coletiva foi atingido pela transgressão de todo o povo rebelde, e recebeu a ferida e o

quebrantamento sem embora merecê-lo. A tradução deste verso poderá surpreender

aquele que não está familizarizado com o hebraico bíblico, entretanto a expressão

encontrada no final do verso (“para eles”) traduz-se do termo

 

ל מָו [lamô]. Esta expressão

hebraica é encontrada em cerca de 20 versos nas Escrituras, especialmente em Jó 24:17 e

Sal 88:8 onde a mesma é vertida pela Almeida como “para eles” (note o plural).

No caso de nosso texto (Isa 53:8) não poderíamos esperar que as versões em português ou

em qualquer outra língua moderna vertesse o termo desta forma, no plural pois isto seria

um golpe fatal na idéia cristã de que o Servo do S-nhor retratado pelo profeta seria uma só

pessoa, no caso Jesus. Percebemos aí e em muitos outros casos, a desonestidade intelectual

dos chamados “eruditos” cristãos.

Ao usar o plural (“para eles”), Isaías demonstra cabal e insofismavelmente que o Servo do

S-nhor é um personagem coletivo – não trata-se portanto de uma só pessoa, mas sim, de

várias. Como vimos, o termo inclui todos os justos de Israel de todas as gerações, profetas,

patriarcas, reis e pessoas comuns que fizeram a vontade de D-us, chamando o restante do

povo ao arrependimento e à conversão.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Jesus não foi levado pela opressão dos inimigos do povo de D-us pois ao contrário dos

profetas das Escrituras, não denunciou o opressor estrangeiro – antes, foi conivente com

ele. Cedeu a Roma quando tacitamente concordou com o pagamento dos pesados tributos

impostos pelos dominadores (Mat 22:21), entretanto nos evangelhos não vemos jamais ele

devolvendo os dízimos no Templo; Jesus nunca criticou o poder político dominante, no

caso o Império Romano – preocupou-se mais em falar mal dos líderes e príncipes do seu

povo (Mat 23), algo condenado pela Lei bíblica (Exo 22:28). Quando inquirido sobre sua

pretensa identidade messiânica diante do potentado romano, ele acovardou-se não

assumindo publicamente o que ensinava aos seus chegados, isto é, que ele seria o Messias

enviado de D-us; ele certamente não o fez diante de Pilatos porque isto poderia acarretar

em crime de

 

lesa majestade, podendo ser acusado de insurreição política. Quanto a ser

tirado pelo juízo (divino), cristão algum concordaria com isso pois evidenciaria que Jesus

sofreu um castigo pelas mãos de D-us.

A “geração” de Jesus, isto é, sua memória não correu jamais risco de ser esquecida, uma

vez que sua doutrina prevaleceu no mundo de então, ganhando todo o orbe romano por

decreto à partir do séc. III EC. Logo, não é sobre ele que Isaías fala.

Jesus morreu (de forma prática) por aqueles que o aceitam. Logo, sua morte so pode

significar alguma coisa para as pessoas que acreditam que seus pecados afetaram-no,

causando sua sina fatídica na cruz. O profeta Isaías afirma: “

 

pela transgressão do meu

povo foi ele atingido

” - Isaías pertencia ao povo judeu, e para os judeus, a morte de Jesus

nao tem o valor que os cristãos lhe conferem. Logo, Isaías falava sobre outras pessoas, e

não sobre o deus cristão.

ISAÍAS 53:9

ויתן את רשעים קברו ואת עשיר במתיו על לא חמס עשה ולא מרמה בפיו

Va-yiten et reshayim kivrô veet ashir be-motav al lô chamás assah ve-lô mirmah be-piv.

9 E foi-lhe dada sepultura com os ímpios e com os ricos em suas mortes

apesar de não ter feito violência e de não existir engano em sua boca.

“E foi-lhe dada sepult ura com os ímpios”

- O Servo do S-nhor recebeu “sepultura”

juntamente com os que mereciam a morte, ou seja, os ímpios dentre o povo. Como

afirmamos anteriormente, a morte aqui e tudo o que se relaciona a ela não significa

necessariamente a interrupção da existência física. “Morte” nessas passagens é uma

espécie de metáfora para aludir ao exílio, à deportação (cf. Sal 107:10-14/Eze 37/Ose 13:14-

16). O Servo (os justos dentre o povo) foi ao exílio, e em certo sentido, deram-lhe sepultura

juntamente com os malévolos que não deram ouvidos às palavras dos profetas. Basta

lembrar de Daniel e seus companheiros em Babilônia; de Esdras, Neemias e Zorobabel nos

dias da Média e Pérsia e depois de todos os justos que foram dispersos depois do ano 70

EC.

“...e com os ricos em suas mortes”

- O “pobre” não necessariamente no sentido

econômico, é às vezes colocado em oposição ao “rico”, ao mais favorecido. Diz o salmista

que “o ímpio...persegue furiosamente ao pobre” (Sal 10:2). Logo,

 

os ricos aqui significam

os ímpios

– e o que temos é uma repetição da frase anterior usando outras palavras, o que

é característico da literatura hebraica. Este recurso literário é chamado de

 

paralelismo:

foi-lhe dada

 

sepultura com os ímpios = com os ricos nas suas mortes

Temos uma aparente inconsistência nesse verso. Ninguém “morre” mais de uma vez, então

como explicar nossa tradução da última parte do verso

 

“em suas mortes”? Mais uma vez,

nossas versões em língua portuguesa nos desamparam e não nos deixam perceber esta

realidade. O profeta escreveu “nas suas mortes” (note o plural) e não “na sua morte”

(singular). A palavra em hebraico para “morte” é

 

מֹת (mot), e se Isaías pretendesse dizer

“na sua morte” (singular), ele teria escrito

 

במְֹתו (be-motô); ao contrário disso, ele escreveu

במְֹת יָו

 

(be-motav), onde o sufixo יו corresponde à uma forma do possessivo plural,

traduzido como “suas”. Hoje em dia infelizmente nenhuma versão em língua portuguesa

transmite esta realidade.

Mas, voltando à questão: como explicar o uso do plural aqui visto que ninguém morre mais

do que uma vez? Bem, como já afirmamos, não estamos falando aqui de morte física como

a conhecemos. A idéia da “morte” nessa e em outras passagens refere-se ao exílio, como já

demonstramos (vide Sal 107:10-14/Eze 37:12/Ose 13:14-16). Sabendo então que houve

dois grandes exílios (O primeiro, de 586 a 515 aEC e o segundo, do ano 70 EC até 1948),

poderemos perceber por que o profeta falou de “

 

mortes” e não de uma só “morte”. Assim,

a profecia se encaixa perfeitamente ao contexto histórico da experiência do povo judeu.

“...apesar de não ter feito violência e de não existir engano em sua boca”

- O

salmista afirma que embora o Servo (o justo remanescente de Israel) não tivesse se

esquecido de D-us e jamais agido de forma falsa contra o Pacto, todo aquele mal (o exílio)

lhes sobreveio (Sal 44:18). Sofonias afirma por outro lado, que o remanescente de Israel

não comete iniqüidade e nem profere mentiras, não achando-se engano em sua boca (Sof

3:13).

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Bem, sabemos que ele morreu literalmente e que foi sepultado.

Entretanto, aprendemos de Isaías 53:9 que é impossível uma referência aqui à morte física,

uma vez que o profeta usa o plural e ninguém morre duas ou mais vezes! Temos aqui a

primeira impossibilidade da aplicação do texto a Jesus. A segunda diz respeito à sepultura

que deram ao Servo junto com os ímpios. Como sabemos, Jesus não foi sepultado

juntamente com ninguém, seja justo ou ímpio – ele esteve segundo os evangelhos, sozinho

no sepulcro de José de Arimatéia, que não era ímpio (segundo o NT), mas sim, rico. Jesus

não esteve com Arimatéia (um homem rico) em sua morte – logo, nem de longe poderemos

aplicar tal passagem a Jesus.

E será que não podemos encontrar

 

violência e mentira nas palavras e ações de Jesus? O

que dizer do destino bárbaro e cruel que ele tenciona dar àqueles que não acreditam nele?

(veja Luc 19:27) Como esquecer da violência empregada por ele ao expulsar os cambistas?

(Mat 21:12) E o que dizer da mentira que Jesus proferiu ao dizer aos seus irmãos que não

iria à festa dos tabernáculos? Sabemos que depois que seus irmãos foram, ele para lá se

dirigiu, mas em secreto (João 7:2, 8-10) E o que dizer da maior mentira de todos os

tempos, ou seja, a mentira da sua segunda vinda – visto que ele mesmo prometeu voltar

ainda naquela mesma geração? Quantas centenas de gerações se passaram desde então?

(Mat 24:34)

ISAÍAS 53:10

ויהוה חפץ דכאו החלי אם תשים אשם נפשו יראה זרע יאריך ימים וחפץ יהוה בידו יצלח

Va-Adonay chafetz dakeô hecheli. Im tassim asham nafshô yir'eh zerá yaarikh yamim

ve-chefetz Adonay be-yadô yitslach.

10 E ao S-nhor agradou ferí-lo, fazendo-o adoecer. Se ele imputar culpa à sua

alma, verá sua descendência prolongar os seus dias, e a vontade do S-nhor

prevalecerá pela sua mão.

“E ao S-nhor agradou ferí-lo”

- Sabemos pelo profeta Oséias que foi o S-nhor que feriu

Israel, Seu Servo, e é Ele mesmo quem os cura:

 

Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e nola

atará

” (Ose 6:1)

“Se ele imputar culpa à sua alma...”

- Note que a tradução da frase deixa claro que o

Servo não tem culpa, mas se ele imputar culpa à si mesmo “verá sua descendência

prolongar os seus dias”. Ao longo do texto bíblico, vemos os profetas e os justos entre os

israelitas assumindo, tomando sobre si a culpa que não tinham pelos pecados do seu povo.

Daniel é um clássico exemplo:

Eu, pois, dirigi o meu rosto ao S-nhor D-us, para o buscar com oração e súplicas, com

jejum, e saco e cinza. E orei ao S-nhor meu D-us, e

 

confessei, e disse: (...) pecamos e

cometemos iniqüidades, procedemos impiamente, e fomos rebeldes

,

apartando-nos dos teus preceitos e das tuas ordenanças.

(Dan 9:3-5)

Jeremias embora inocente assim como Daniel, assumiu a culpa do seu povo:

 

Nós transgredimos, e fomos rebeldes” (Lam 3:42)

“verá sua descendência prolongar os seus dias”

- O salmista afirma que os justos

florescerão como a palmeira (Sal 92:12), isto é, sua descendência permanecerá para

sempre; o S-nhor promete preservar os seus santos (Sal 37:28) e seus dias serão como os

dias da árvore (Isa 65:22).

“a vontade do S-nhor prevalecerá pela sua mão”

- Através do sofrimento inflingido

ao Servo, a vontade de D-us finalmente prevalecerá. Sabemos que Israel foi posto por luz

das nações (dos gentios) de acordo com Isa 42:6 e 49:6. Ao perceber a penúria e a aflição

do Servo do S-nhor, as nações serão finalmente compungidas, levadas a entender o

propósito do Eterno D-us. Assim, o véu posto sobre o entendimento dos gentios será

levantado (Isa 25:7) e os povos do mundo buscarão a D-us através do povo judeu (Zac

8:23), reconhecendo que só herdaram mentiras e ilusões (Jer 16:19-20).

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Concordariam os cristãos que D-us agradou-se com a sua execução

sobre uma cruz romana? Dificilmente...

E o que dizer da frase, “se ele imputar culpa a sua alma”? Será que em algum momento

Jesus cogitou a hipótese de ter alguma culpa? Será que algum dia imputou culpa sobre si

mesmo, pedindo a D-us pelo seu povo? Não encontramos um só verso do NT que apóie

isso – muito pelo contrário, pois ele disse: “Quem de vós me convence de pecado?” (Joa

8:46). Jesus não soa nada humilde e nem um pouco disposto a imputar culpa a si mesmo,

compartilhando do destino do povo de D-us, assim como fizeram os justos e profetas no

passado.

E quanto à “descendência” de Jesus? Onde ela está? Deixou ele alguma semente na terra?

De que forma sua semente pode ela mesma “prolongar os seus dias”?

E o que dizer da “vontade do S-nhor”? Terá ela prevalecido pela mão de Jesus? O que

vemos no mundo hoje depois de 2000 anos de existência do cristianismo? De que forma o

mundo mudou – para melhor ou para pior? E o conhecimento das leis de D-us, a que nível

está? O que as pessoas hoje em dia conhecem da Torá, da Palavra de D-us? Não há como

demonstrar que isso cumpriu-se nele, de forma alguma.

ISAÍAS 53:11

מעמל נפשו יראה ישבע בדעתו יצדיק צדיק עבדי לרבים ועונתם הוא יסבל

Me-amal nafshô yir'eh yisbá. Be-datô yatsdik tsadik avdi la-rabim va-avonotam hu

yisbol.

11 Ele verá e ficará satisfeito com o trabalho de sua alma. Através de seu

conhecimento, o meu Servo vindicará o Justo a muitos e as suas iniqüidades

ele levará;

“Ele verá e ficará satisfeito com o trabalho de sua alma”

- O Servo verá com

satisfação que a obra de conversão do seu povo será finalmente coroada de êxito e que sua

vocação para ser luz dos gentios será gratificada pelo sucesso, como vimos no verso

anterior. O povo judeu pelo testemunho do Servo servirá plenamente o seu D-us,

observando fielmente Suas leis (Eze 37:24); os gentios buscarão ao Eterno e aprenderão

sobre Ele (Zac 8:23)

“Através do seu conhecimento o meu Servo vindicará o Justo”

- D-us será

plenamente vindicado pela obra do Servo, quando a mesma for concluída.

“...e as suas iniqüidades ele levará”

- O Servo como vimos, levou a culpa pelas

iniqüidades da maioria do povo rebelde; imputou culpa a si mesmo, sem embora ser

culpado (Daniel, Jeremias, etc).

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Sua pretensa obra de redenção do povo judeu terminou em tragédia

para o povo de D-us, antes e depois do aniquilamento do estado judaico. Sua pretensa obra

de salvação dos gentios terminou em rejeição da Lei de D-us, de uma profunda fobia por

tudo que é judaico – e isso inflingiu ainda maiores sofrimentos sobre o Servo. Não

podemos ver como essa “obra” poderia satisfazer Jesus, a não ser que ele tenha inclinações

sádicas.

Não podemos de forma alguma dizer que Jesus vindicou o D-us de Israel pela sua obra.

Muito do preconceito contra os judeus que hoje existe foi semeado por distorções da

verdade sobre o judaísmo ensinadas por Jesus e seus sucessores. Jesus como dissemos,

não levou as inqüidades de ninguém, senão as dele mesmo. Aliás, ele jamais imputou culpa

sobre si mesmo e repelia todos aqueles que apontavam seus pecados.

ISAÍAS 53:12

לכן אחלק לו ברבים ואת עצומים יחלק שלל תחת אשר הערה למות נפשו ואת פשעים נמנה והוא חטא רבים נשא

ולפשעים יפגיע

Lakhen, achalek lo va-rabim, ve-et atsumim yechalek shalal tachat asher heerah lamavet

nafshô ve-et peshayim nim'nah ve-hu chet rabim nassá ve-la-posheyim yafgía.

12 Portanto, eu lhe darei parte com os grandes e ele repartirá os poderosos

como despojo, pelo que derramou sua alma na morte, e foi contado com os

transgressores e levou o pecado de muitos e pelos transgressores intercederá.

“...parte com os grandes...repartirá os poderosos como despojo”

- A

recompensa do Servo será ver com satisfação que o povo de D-us e conseqüentemente o

próprio Eterno serão finalmente vindicados e as grandes nações ao reconhecerem isso,

trarão dádivas e honras (Isa 60:6-9) e os filhos de Israel despojarão aqueles que

antigamente os despojaram (Eze 39:10).

“...derramou sua alma na morte”

- a gloriosa recompensa do Servo é proporcional ao

seu grande desprendimento e altruísmo, pois não tendo culpa alguma, é levado à morte

junto com aqueles que de fato são os culpados e nisso ele foi “contado com os

transgressores”, isto é, foi considerado como um deles.

“e pelos transgressores intercederá”

- Lembremo-nos mais uma vez da grande

oração intercessória feita por Daniel em Babilônia, confessando o pecado do seu povo e

imputando culpa também a si mesmo (Dan 9). Jeremias fez o exatamente isso ao compor o

livro de Lamentações (Lam 3:42). O verbo

 

interceder está aqui no futuro por uma razão

bem simples: a intercessão do Servo não está restrita apenas ao passado. O profeta

vislumbra por todo o caítulo 53 as penúrias e os sofrimentos pelos quais o Servo ainda

passaria (os dois exílios, pógroms, deportações, inquisições, holocausto etc) e dessa forma

usa o verbo no futuro de forma bem apropriada.

BIBLIOGRAFIA

1.

Bíblia Hebraica (Texto Massorético) – The British and Foreign Bible Society, 1958

2. Jewish Press Bible, JPB – edição on-line do site www.chabad.com

3.

Talmud da Babilônia, edição on-line do site www.mechon-mamre.com

4.

Isaías – Introdução e Comentários (J. Ridderbos) Ed. Mundo Cristão

5.

Ezequiel – Introdução e Comentário (John B. Taylor) Ed. Mundo Cristão

6.

Daniel – Introdução e Comentário (Joyce G. Baldwin) Ed. Mundo Cristão

7.

Estudos na Bíblia Hebraica (Betty Bacon) Ed. Vida Nova

8.

Dicionário Hebraico-Português/Aramaico-Português (Ed. Vozes/Sinodal)

9. Dicionário Hebraico-Português (Ed. Sefer)

Autor: João Maria Alves Correia

jew.118@hotmail.com